quarta-feira, 9 de novembro de 2016

A PARALISIA CEREBRAL E OS REGISTROS POSSÍVEIS

Quando se tenta alfabetizar uma criança ou jovem com Paralisia Cerebral achamos que é impossível que ele aprenda a ler e a escrever. Mas é possível sim. Basta um pouco de paciência, observação e dar um pouco de atenção a eles, que descobrimos um meio de alfabetizar e receber respostas a ela. E já que a escrita é impossível no momento, precisamos encontrar alternativas diferentes para se trabalhar com esses alunos.


Começo com exercícios específicos de Coordenação Motora para estimular a mão ativa. Depois disso, passamos para o caderno, com exercício de cobrir pontilhado na horizontal e na vertical. 

 

Estes exercícios mostram a capacidade para ligar um termo ao outro e esta é uma das formas de resposta que os alunos podem dar no início da alfabetização, mesmo que os traços não sejam perfeitos.

O grande problema para os que tem baixa visão é saber se conseguem observar detalhes, item importante para a alfabetização. Ao pedir que circule a figura diferente, podem ou não mostrar uma outra forma de respostas para o trabalho alfabetizador. E no caso do garoto em atendimento, isso ainda não é possível, pois suas dificuldades motoras são grandes. Então, eu peço que marque, do jeito que souber ou quiser, como uma saída para que comunique o que sabe. Outro recurso é apontar.


Lembrando que no atendimento anterior, trabalhávamos os monossílabos formados pelas vogais. Agora amplio um pouco mais seu conhecimento.

  

O garoto saiu-se bem, identificando logo e com firmeza cada uma das vogais. Por isso, parto para a primeira a apresentação da primeira consoante. A preocupação é a baixa visão, por isso, são grandes e em preto.


Voltando ao caderno, mostro o contorno da letra. Passo cola na parte reta, entrego a ele e ele cola no lugar adequado. Faço o mesmo com a parte que contém os semicírculos e ele cola no lugar. Repito a operação com o “b” minúsculo. Ao terminar a colagem, eu passo o dedo sobre a letra no sentido da escrita e ele repete algumas vezes. Faço o mesmo com a minúscula.


Explico o significado de consoante que é “soar com”, ou seja, fazer um barulho com a boca onde o “B” sai junto com cada uma das vogais. 

 

Logo em seguida, apresento a família silábica. Faço ele repetir várias vezes as combinações possíveis com o alfabeto móvel e pronunciar o som de cada uma. Daqui para a frente, as letras são impressas no maior tamanho possível e na cor preta para maior visibilidade.

Voltando ao caderno, ele faz a leitura da família silábica. Em seguida, peço que aponte aleatoriamente cada uma das sílabas formadas, tanto com as letras maiúsculas que ele conhece, como com as minúsculas que conheceu a pouco.

Na página seguinte, um exercício de ligar as sílabas maiúsculas com suas correspondentes minúsculas. E entretido e concentrado no ligar as sílabas, nem percebe que continua treinando a coordenação motora fina. E vejam como fez direitinho.

Chega o momento de trabalharmos algumas palavras e seu significado, no caso, figuras. Optei por figuras tiradas da internet e impressas porque é um garoto que sai pouco de casa e não sei ainda o que ele conhece. Por outro lado, os desenhos coloridos com lápis ficam claros e poderia ser difícil visualizar e poderia não surtir o efeito desejado.

Começo com uma figura ou duas por página (de preferência), com letras impressas em tamanho grande, em maiúsculas (que ele já conhecia) e a minúscula (que começa a conhecer). Como o caderno é grande, couberam três. Para evitar a má observação da palavra trabalhada, cobri as outras com uma folha em branco.

Ele observou a figura e não sabia o nome. Eu disse que era um boi, e ao lado estava escrito o nome da figura. Rapidamente, ele leu “boi” nas duas formas. E assim foi sucessivamente. Antes de virar a página, ele formou várias vezes cada palavra com o alfabeto móvel. Na página seguinte, mais duas palavras.  Na última figura,  outras palavras com o mesmo significado.

 

TRABALHANDO A SÍLABA INICIAL

E já que ele conseguia deixar marcas, trabalhei a sílaba inicial da seguinte forma. Uma figura maior, com algumas sílabas embaixo, desta vez, só com minúsculas.

 Percebem o risco no "bo"?


Perguntei o nome da figura, ao que ele respondeu “boné”. Então disse-lhe: - Boné começa com “bo”. Onde está o “bo”? e mostro com o dedo as sílabas sob a figura. E com um canetinha, ele marcou a sílaba “bo”. Aproveitei e trabalhei a palavra “aba”, do mesmo modo que boi, baú e babá, usando o alfabeto móvel.

Aproveito também para trabalhar outras palavras que comecem com a família silábica do "B" e fixando outras formas de iniciar uma palavra com essa letra. E sempre trabalhando com o Alfabeto Móvel, montando e separando as letras e as sílabas.

Outro exercício de ligar. Desta vez, para encontrar o nome de duas figuras para três nomes possíveis. E veja como ele acertou direto.


ALFABETIZAÇÃO MATEMÁTICA

CONHECENDO O SISTEMA DE NUMERAÇÃO

Sei que ele sabe contar até 10 na ordem e na sequência. No entanto, será que ouviu falar sobre o Sistema de Numeração? É isso que verificarei neste momento.

Usando o Material Dourado e a Visão de Conjunto, ambos são materiais montessorianos.  Coloquei sobre a mesa um cubinho, uma barra e uma placa. Propositadamente, deixei de fora o cubo (que vale 1000 unidades). E nomeei cada um como: unidade (que vale 1), a dezena (que vale 10 cubinhos) e a centena (que vale 100 cubinhos ou 10 barrinhas). E ao dizer o valor de cada peça, ia colocando a visão de conjunto. 

Depois de um tempo de observação, contagem (que se atrapalhou todo ao contar as unidades da centena), perguntas e respostas coerentes, coloquei sobre cada quantidade o material numérico (Visão de Conjunto). Disse que aprenderíamos muito mais que essa quantidade, que ele achava que a centena era muita unidade. E mostro no caderno como fica o material desenhado. E novo exercício de ligar no caderno, desta vez, com quantidades do Sistema Numérico.


quarta-feira, 26 de outubro de 2016

AVALIAÇÃO DO CONTEÚDO ESCOLAR DE ALUNOS COM PARALISIA CEREBRAL (parte 2)

Ler e escrever é uma tarefa complicada para os alunos com Paralisia Cerebral Moderada, porque eles apresentam graves problemas motores e, a maioria deles apresenta baixa visão. E para iniciar um trabalho com esses alunos é necessário conhecer o que eles sabem e de que maneira conseguem a escrita.

Na avaliação pedagógica ou dos conteúdos escolares que conhecem, a primeira coisa que peço é que retirem da caixa do Alfabeto Móvel somente as letras que conhecem bem.


Para quem não possui um alfabeto móvel fica a dica: vocês podem cortar cartões e escrever as letras (bem grandes e escuras) ou colá-las de jornal ou revista. O garoto com quem trabalho retirou apenas estas letras. 


O que me leva a acreditar que não sabe todas.

Aproveito a ocasião para saber se eles conhecem mesmo ou se tiraram aleatoriamente. Se ele disser o nome correto das letras retiradas me dá a certeza de que ele sabe. O contrário também é verdadeiro.

Pergunto também se eles sabem escrever o nome deles. O garoto escreveu seu nome assim:

Como se pode verificar, é quase irreconhecível a forma como ele escreveu o próprio nome. Essa forma mostra a gravidade do problema motor, me mostra se é destro ou canhoto, a mão ativa e a inativa, a forma como segura o lápis, giz de cera ou canetinha. Verifico se ele usa a mão oposta para segurar a folha ou o caderno ou se eu tenho que suprir a falta de uso da mão inativa. Observo também se ele abaixa muito a cabeça ou se leva o caderno até o rosto para poder enxergar melhor. E isto nos dá a noção da baixa visão.

A partir de então, começo o trabalho de alfabetização apresentando as vogais maiúsculas e minúsculas para que ele vá se habituando com a forma e ir fixando essas letras.
 

 


Com o alfabeto móvel vamos montando pares com as vogais. Primeiro me diz o nome da vogal mostrada ( A) e da outra (I) e depois “deixando bem pertinho uma da outra, fica  “AI”, o que dizemos quando machucamos o dedo (e mostro a figura).

E assim, brincando de juntar letrinhas, vou apresentando alguns monissílabos mais comuns e ligando sempre com as vivências da criança ou jovem. E faço isso da seguinte forma: o que você diz quando fala de você mesmo? E + U fica EU. E quando você vê um amigo, o que você diz? O + I fica OI. E quando você se machuca, o que você diz? A + I fica AI. E assim por diante. 


Depois mostro como ficam essas palavrinhas com as letras minúsculas. Aproveito também para ilustrar e tornar mais concreto o aprendizado, a colagem dessas palavrinhas. Espalho sobre a mesa ou caderno os monossílabos e repito as perguntas mostrando as figuras. Ou então leio os monossílabos e ele mostra perto de qual figura ele deve colar as palavrinhas.

FIXANDO AS VOGAIS

Com o desenho de um vidro, lata ou cofre fazemos uma colagem para “guardar” as vogais.  E a criança cola como ela quiser. O vidro simboliza a mente ou a intelectualidade onde tudo deve ser "guardado", ou seja, memorizado.



AVALIANDO OS CONHECIMENTOS MATEMÁTICOS

Peço também que me mostre que números conhecem. E para isso, espalho sobre a cartões com números de 1 a 10 e peço que eles retirem os que conhecem. O garoto tirou todos os cartões. Então, coloco todos de volta na mesa e peço que aponte os eu pedir. Por exemplo: 3, 9, 5, 1, 8, 2, 6 etc. Assim eu sei se ele realmente sabe ou não. E se errarem ou confundirem também fico sabendo por onde começo a trabalhar com eles.

Depois mostro um desenho com uma parte numerada de 1 a 10. E peço para unir os pontos, com uma condição: falar o nome do número que estiver perto de cada bolinha.

Depois disso, e com a certeza que ele sabe e reconhece cada nºde 1 a 10, vamos verificar a contagem. Estas vão com maiores quantidades porque tinha certeza que ele sabia. Caso não saibam, comece com quantidades menores. O garoto contou sozinho e não errou na contagem. Ele também apontou o número correto. depois foi só colar.

 

Como ainda sobra tempo, aproveito para observar outras coisas que ele sabe e pode fazer, como por exemplo, montar um quebra cabeça com apoio visual.

 


O objetivo deste jogo era saber se consegue perceber as posições e os lugares das peças. Percebo que a criança em questão consegue pegar materiais finos como o papel usando os dedos, polegar e indicador, em pinça. No entanto, encontra dificuldade em retirar as peças da mesa e precisa de ajuda.

Posso também pedir que monte uma torre de encaixes para observar como ele a faz (aleatoriamente ou com uma sequência de cor ou de forma). Como esta, por exemplo:
 


O objetivo desta atividade foi observar a mobilidade do braço ativo. O garoto em questão consegue erguer o braço direito até uma altura de uns 30 cm com facilidade. A torre foi erguida sem qualquer critério de forma ou de cor, portanto, colocando as peças aleatoriamente.

Eu quis saber se ele consegue ligar um elemento com outro a uma distância regular.
O exercício mostra também que ele é capaz de observar alguns detalhes, fato que amplia as chances de trabalho com ele.

Diante de algumas possibilidades de trabalho mostradas neste momento de avaliação, já posso dar início à alfabetização da Lingua Portuguesa e da matemática. Dá para trabalhar a leitura e o conhecimento das letras e suas junções enquanto nos preparamos para a forma  escrita, que será da forma como ele puder  fazer. Neste primeiro momento, será realizada por meio da colagem das palavras e ligamentos quando necessário. 

quarta-feira, 19 de outubro de 2016

AVALIAÇÃO ESCOLAR DE ALUNOS COM PARALISIA CEREBRAL

PRIMEIRO DIA DE AVALIAÇÃO

Supondo que você receba na sala de aula uma criança (ou um jovem) com Paralisia Cerebral (PC) de moderada à grave. Você não a conhece, nem sabe de suas possibilidades, porém sabe que essa pessoa tem: biplegia dos membros inferiores (portanto não anda e é cadeirante), deficiência intelectual, baixa visão, fala dificultada, fortes problemas motores sendo lado direito mais funcional e o esquerdo nada eficiente. Sabe que já esteve na escola, mas não está alfabetizada. O que se pode fazer neste caso?

A primeira coisa a fazer é procurar saber o que ele pode realizar. A isto chamamos avaliar e seu objetivo é conhecer as possibilidades que ele tem de ler, escrever, contar e fazer alguns cálculos. É preciso saber que esta avaliação não é feita num único dia, mas ao longo de todo o processo alfabetizador. no entanto, este primeiro dia de avaliação já nos dá uma ideia de "como" e "por onde começar" nosso trabalho com essa criança ou jovem.Para isso, prepare algumas atividades que ele possa fazer.

OBS:

É preciso que o leitor saiba também que, nesta avaliação começamos uma sequência de atividades, mas que por sua extensão fica difícil colocá-la toda de uma vez. Mas que ao final, leva no máximo uma hora de trabalho, divididos em trabalhos de coordenação motora fina, trabalho de alfabetização em Lingua Portuguesa, leitura e escrita e alfabetização matemática.



PRIMEIRAS ATIVIDADES AVALIATIVAS

A primeira atividade é perceber a capacidade de “RABISCAR”. Nestas atividades é preciso que você ou alguém esteja do lado dele para instruir, observar e anotar os resultados.

1- VERIFICANDO A COORDENAÇÃO MOTORA

Entregue uma folha a ele e giz de cera (que são mais grossos e facilita a pegada). Mostre a ele (a) como você quer que ele faça e deixe que trabalhe sem interferências.
Nesta atividade observe: como ele encaixa o lápis na mão (pega com facilidade? Usa a outra mão para ajudar a encaixar o lápis?) É destro ou canhoto? A resposta a estas questões já dá uma orientação de qual lado do corpo é mais fácil ou mais difícil de trabalhar.

Observe os rabiscos. São longos ou curtos? São juntos ou apresentam espaços entre um risco e outro?  Levanta o cotovelo e trabalha com o braço no ar ou apoia o braço todo na mesa e na folha? Aparecem formas diferentes das que você pediu, como traços verticais, círculos, quadrados?
Como se vê, há rabiscos juntos e distantes, aparecem letras e um traço vertical. Apesar da PC e rigidez muscular, seus traços são leves e fracos (claros).

Observando como ele rabisca você tem uma noção de partida para o trabalho com ele. Se os traços forem curtos e juntos é sinal que os nervos e músculos estão muito enrijecidos ou ele apoia o braço e pulso sobre o papel e na mesa. Se forem mais longos e espaçados, há maior mobilidade. Se aparecerem traços verticais ou outra forma qualquer é sinal que ele avançou nas fases de desenvolvimento do desenho. É sinal que ele consegue erguer o braço.

Como uma segunda atividade é perceber se ele já desenvolveu a “TRAVA MUSCULAR”, ou seja, se ele tem noção de começar um traço e parar logo depois. Este é um exercício importante para a escrita. Escrever é começar e terminar uma palavra, deixar um espaço em branco e começar outra.

Para isso, em uma outra folha, passe na primeira metade traços horizontais (de 3 a 4 cm mais ou menos) e interrompidos por um espaço. Na segunda metade da folha, passe traços verticais também interrompidos. Lembrando que a baixa visão necessita de traços fortes, largos e de preferência escuros. Mostre primeiro os traços horizontais e mostre a ele como deve fazer. E deixe que trabalhar sozinho e sem interferências.
Vemos aqui, traços horizontais contínuos e ao final, tentativa de interrupção.E muito claros, sem pressão forte. Já os verticais, são mais fortes e interrompidos

Se ele traçar horizontal e verticalmente e parar mais ou menos onde você parou, é sinal que ele já possui a trava muscular bem desenvolvida. Caso tenha traçado até o final da folha, ainda não desenvolveu.

Mas também pode ser que realizou bem as linhas verticais e traçou a horizontal linhas retas contínuas ou vice-versa. É sinal que desenvolveu a trava apenas na direção em que deixou o espaço e não na outra. E você pode começar seu trabalho por aqui.


Um terceiro exercício, caso tenha aparecido formas diferentes nos rabiscos, é saber se essas formas foram ocasionais ou se ele sabe mesmo. Como no exercício anterior, em outra folha, passe metade da folha com círculos e a segunda metade com quadrados. Mostre como fazer (um de cada vez, e deixe que ele trabalhe sozinho sem interferência.

Vemos que encontra dificuldade nos dois. Os círculos ficam quadrados e os quadrados são abertos.

Caso não consiga realizar nenhum dos dois, é sinal de que foram ocasionais. Caso resolva os dois, com ou sem dificuldade é sinal de que ambos devem ser explorados no trabalho. E ambos podem ser trabalhados em momentos oportunos. Caso resolva um e o outro não, pode ser trabalhado o que encontrou mais dificuldade. 



Até a próxima postagem e segunda parte do trabalho do primeiro dia: AVALIAÇÃO DO CONHECIMENTO DAS VOGAIS.

quarta-feira, 12 de outubro de 2016

ALUNOS COM PARALISIA CEREBRAL NA ESCOLA


As pessoas com paralisia cerebral podem ter efeitos leves, moderados ou graves. Os que têm Paralisia Cerebral (PC) leve, muitas vezes, não parecem que possuem paralisia cerebral. Isto porque sua aparência nos impede de observar, à primeira vista, os seus efeitos. Podem ser mais lentos que seus pares escolares de mesma idade, e porque apresentam capacidade para aprender. Basta repetir mais vezes o assunto e os exercícios. De quando em quando, devem esses conteúdos devem ser retomados para evitar esquecimentos.

Você seria capaz de dizer qual destes 
jogadores tem Paralisia Cerebral?

Já as pessoas com PC moderado podem apresentar uma dificuldade motora mais ou menos acentuada. Mesmo assim, há os moderados leves e os moderados mais graves com ou sem deficiência intelectual, e que podem aprender a ler e a escrever. Para estes últimos, quando as mãos apresentam mais dificuldade, suas letras geralmente são mais irregulares e podem ficar tremidas por causa do esforço que fazem. Para isso, existem no mercado adaptadores baratos que se encaixam em lápis e canetas e os tornam mais grossos para facilitar a pegada. Caso não encontrem, uma solução simples é grudar várias voltas de fita crepe com a mesma finalidade. 

Rapaz com PC e sua mãe formando-se  em Direito

Para alfabetizá-los, é melhor que sejam apresentadas letras em bastão (de imprensa) por terem formato mais simplificado. As letras cursivas apresentam muitas curvaturas e se tornam mais difíceis para eles. Estas pessoas também podem e devem aprender a ler e a escrever, desde que suas dificuldades motoras sejam respeitadas.  O mesmo acontece com as dificuldades visuais.

Os problemas visuais também variam de uma pessoa para outra. Há pessoas com PC leve que apresentam problemas visuais de vários graus e pessoas com PC mais severo que podem apresentar uma visão razoável.  Para os que apresentam baixa acuidade visual (ou baixa visão), o melhor é escrever com canetas hidrocores grossa ou digitar os exercícios em cor preta e com um tamanho de fonte bem alta (48 ou 72) para que não forcem a visão.


Há ainda pessoas com PC que andam, correm, saltam e outros que nem podem mexer as pernas, os braços ou ambos. Há PCs que apresentam biplegia (ambos os braços) nos membros superiores ou nos membros inferiores (ambas as pernas).

Na PC, geralmente, um lado é mais afetado que o outro. Assim, um lado é mais eficiente enquanto o outro é pouco funcional. Quem determina o lado funcional, a bi ou a tetraplegia é a localização da lesão cerebral. Nestes casos, o uso da tecnologia é o mais eficiente.

Há ainda os muito severos que os impede de movimentar os membros superiores e os inferiores (tetraplegia). Normalmente, pessoas com alto grau de severidade pouco aprendem o convencional da escola.

quarta-feira, 5 de outubro de 2016

PARALISIA CEREBRAL (PC)


Imagine um tear trabalhando normalmente e entrelaçando os fios para produzir um lindo tecido. De repente, apresenta um desarranjo qualquer e passa a produzir um tecido com uma série de defeitos e o que era belo já não é tão belo assim. 



Ás vezes,  quase não se percebe o defeito. Outras vezes, o defeito é bem grande que fica impossível não reparar.

Assim é a Paralisia Cerebral. Um distúrbio provocado por uma lesão cerebral que acontece quando o cérebro ainda está em formação e cujas consequências atingem os movimentos e a postura. Porém, a paralisia cerebral após o nascimento é muito rara. Mas, não é impossível. 

Em países desenvolvidos, em que a mãe recebe todo um cuidado durante a gestação a paralisia cerebral ocorre de 1 a 5 crianças atingidas para cada 1000 nascimentos vivos. Já em países subdesenvolvidos, os casos são de 7 ou 8 para cada 1000 nascimentos vivos. O Brasil, infelizmente, não tem estatística.

Embora frequentemente a paralisia cerebral seja anterior ao nascimento, ela só é detectada algum tempo depois dele. A família percebe que o bebê não faz alguns movimentos comuns a maioria dos bebês, como virar a cabeça sozinho, manter a cabeça firme sobre o pescoço, mudar de posição no berço, dificuldade na deglutição etc. É quando procuram o pediatra para saber o que há com a criança. Outras famílias só notam bem mais tarde, quando a criança não consegue permanecer sentada ou quando passam da época de aprender a andar. Só então, procuram o médico.

As causas são variadas, tais como infecções da mãe no período de gravidez, trauma físico ou ocorre um erro metabólico durante o parto, falta de oxigenação cerebral ou trauma craniano durante o trabalho de parto, o fator Rh do bebê incompatível com o da mãe ou o bebê com icterícia grave.

As consequências da paralisia cerebral podem ser: dificuldade para falar, mastigar  e deglutir os alimentos, paralisia de um lado do corpo ou de ambos, impedir de andar, deficiência intelectual, afeta o equilíbrio do corpo, provocar cegueira, surdez ou epilepsia.


 
O ator RJ Mitte, nem parece ter paralisia cerebral

Outros, no entanto, os efeitos são bem visíveis.

Os efeitos da paralisia cerebral não se dão do mesmo jeito para todos que a possuem. Uns podem andar, outros não. Uns apresentam impossibilidade de movimentos no corpo inteiro, outros só nas pernas ou braços. Uns apresentam uma deficiência intelectual mais severa, outros mais moderada e ainda outros, uma pequena lentidão. Essas diferenças acontecem devido à localização da lesão e as áreas cerebrais que são afetadas e que formam os tipos de paralisia cerebral e que podem ser: espástica, discinética e atáxica.

A Paralisia Cerebral Espástica é quando a pessoa apresenta uma dificuldade nos movimentos causados por uma rigidez muscular, que por sua vez, é causada por uma lesão cerebral, mais precisamente no sistema piramidal. Outra consequência é a do nascimento de bebês prematuros.

A Paralisia Cerebral Discinética é aquela em que a pessoa apresenta movimentos atípicos (incomuns) e involuntários.

A Paralisia Cerebral Atáxica é aquela em que a pessoa apresenta sensação de desequilíbrio e de percepção de profundidade, causadas por uma disfunção do cerebelo.

Seja qual tipo a pessoa tiver, quanto mais rápido e precoce for o diagnóstico melhor será para o bebê. Isto porque ele precisa de atendimento precoce com vários especialistas para minorar os efeitos da paralisia cerebral e ter uma melhor qualidade de vida.

sexta-feira, 16 de setembro de 2016

ATIVIDADES ARTÍSTICAS E A DISGRAFIA

Como prometi, vamos a mais algumas atividades artísticas que ajudam a melhorar a letra de quem possui disgrafia.

ALINHAVOS - os alinhavos além de serem exercícios perceptivos, ajudam na coordenação motora e na preensão. São exercícios que as crianças gostam de fazer.


 

ROLINHOS DE PAPEL E COLAGENS - fazer rolinhos de qualquer tipo de papel e depois colar em forma de flor, outro motivo qualquer ou contornando uma figura tem o mesmo efeito dos alinhavos, pois trabalham as mesmas coisas.


COLAGEM DE PALITOS - podemos usar esta colagem em forma de exercícios com linhas em ziguezague ou para contornar uma figura grande ou de forma irregular. Trabalha a percepção, a preensão, a lidar com objetos finos e com texturas diferentes.


 MODELAGEM COM PAPEL - para este trabalho escolha um desenho e recorte as peças individualmente. Monte também um modelo. Ao trabalhar com a criança deixe que ele olhe o modelo por 1 minuto e depois guarde-o. A criança deve usar as peças soltas para montar o seu o mais parecido com o modelo observado. Este trabalho além de trabalhar a coordenação motora e a preensão, trabalha também a percepção, a observação, a ordenação das peças e a memória visual.

Para crianças menores é melhor entregar junto com as peças, uma folha com o contorno do trabalho. Caberá a criança colocar as peças no lugar certo. Neste caso use um desenho com no máximo 4 peças. E aos poucos, pode ir aumentando o número delas.



ORIGAMIS - As dobras são bons exercícios para melhorar a caligrafia.  Comece com origamis fáceis. Aos poucos, vá aumentando a dificuldade. Os origamis trabalham a atenção e a concentração, memoria visual, a habilidade manual e as destrezas anteriores.



Após trabalhar bastante estes exercícios, pode-se introduzír os cadernos e o traçado das letras. Visto todas, aí sim, podemos começar com os cadernos de caligrafia para dar uma uniformizada no tamanho das letras.