Em primeiro
lugar, é preciso esclarecer que alfabetizar um deficiente intelectual é uma
questão de paciência. E, portanto, pressa e deficiência não combinam. Tudo deve
ser muito bem trabalhado de forma variada tendo em mente a necessidade da repetição do que esta ensinando. Não se incomode em voltar atrás e repetir o
que acreditamos que eles sabem. Eles precisam fixar na memória o que sabem, pois encontram uma dificuldade neste item.
PREPARANDO A ESCRITA
Após mostrar
a letra e o som e, enquanto trabalho os exercícios sobre isso, incluo devagar
exercícios que vão prepará-las para a escrita. São exercícios sensoriais e com
dificuldades progressivas e trabalhadas passo a passo.
O primeiro passo é fazê-los entrar em contato com as letras sensoriais. E consigo
isto com um alfabeto móvel que pode ser de
madeira ou plástico (encontrados no comércio) ou com EVA (de espessura mediana
ou grossa) ou de papelão,papel cartão ou de collor set duplo, que você mesma
pode fazer. O objetivo é reconhecer a letra trabalhada no meio das outras e a
manipulação dela para perceber a forma.
O segundo passo, também sensorial, são os exercícios táteis dos movimentos que serão utilizados
na escrita da letra, por ex: linhas retas, oblíquas e curvas. Esse material
pode ser feito com lixa d’água media, barbante ou areia colado sobre um papel
cartão ou papelão. O trabalho consiste em fazer a criança passar o dedo
indicador do lado de sua preferência lateral sobre essa linha várias vezes.
Mas, um movimento de cada vez. Depois de um tempo, apresente este material na
sequência do movimento.
... entre outros e os específicos para a escrita, como os de areia colada em papel.
Depois, é só ir novamente para as folhas...
O terceiro passo, a letra
sensorial que da mesma forma pode ser feita com lixa, barbante ou areia.
Gosto das letras de barbante porque a criança sente quando tem que voltar sobre
a linha já traçada. As outras, ela deve intuir isso. Da mesma forma, ela deve
passar o dedo indicador sobre a linha. Aos poucos, introduza o som da letra.
Feito isso, passo para
uma nova etapa: a caixa de areia. Essa areia
é aquela que se coloca em vasos, colorida e bem baratinha. Coloco numa forma
plástica e média, de forma a cobrir o fundo. E aí trabalha-se a escrita das
letras. É nesse momento que se corrige qualquer falha no traçado. Para apagar,
basta chacoalhar a forma, o que para as crianças é muito divertido.
Quando o traçado estiver perfeito, passamos para outra etapa: a folha de papel. Nesta outra fase do trabalho, as crianças fazem o que chamamos de “rastreamento”. O material necessário é uma folha de
sulfite com a letra grande e larga tendo em seu centro um pontilhado, e um lápis
comum. A criança deverá unir os pontos varias vezes. A variação do rastreamento
pode ser feita com lápis de cor ou caneta “hidrocor”.
Comece com 5 vezes, pedindo que ela escolha 5 lápis ou “canetinhas” de cores diferentes e que una os pontos com cada cor. Aos poucos, peça 4, 3,2 vezes e, por fim, 1 vez. Se a dificuldade for grande, permaneça por mais tempo em cada etapa.
A Johanna, que é terapeuta ocupacional e seguidora deste blog, mostra também que os rastreamentos não precisam ser, necessariamente, feitos com lápis. Para ficar mais divertido podem ser utilizados outros brinquedos, como carrinhos, bonecos, motos, bicicletinhas e tudo o que a nossa imaginação permitir.
foto da Johanna
foto da Johanna
A nova etapa é o traçado da letra no papel. Material: folha de sulfite e lápis
comum. A folha pode conter o desenho pequeno da letra (para que ela possa se
lembrar). E deixe-a tentar sozinha. Corrija eventuais esquecimentos, falhas ou
erros de traçado que sobreviverem. Para variar, deixe-as escolher uma ou várias cores para
realizar o trabalho.
Se estiver tudo correto,
verificamos memorização da forma da letra. Primeiro, por meio da imitação. Você de
frente para a criança, traça no ar, com o dedo indicador a letra no sentido contrário,
de forma que a criança veja de modo correto. Repita algumas vezes com ela
acompanhando o seu dedo e, depois, ela continua sozinha. Se conseguir, uma nova etapa será
iniciada.
Os mesmos passos e a mesma sequència é feita com os números.
Bom dia, Sueli. Excelente trabalho hein este sobre a escrita para deficiente. Além de informar os pontos importantes para auxilia-lo você ainda apresentou algumas formas de escrita. Muito legal! Parabéns. Flávia.
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