sexta-feira, 22 de novembro de 2019

Conversa de adultos 10- A FASE DA CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS

As crianças de 5 a 6 anos, após descobrirem a linha de chão, começa uma nova fase de experimentações conhecida como “fase de composição”. A característica desta fase é desenhar diversos objetos em torno de uma figura humana. 
A linha verde no final da página é a linha de chão.

Segundo Lowenfeld, enquanto as crianças estão desenhando e colocando as figuras no papel, elas vão revivendo situações reais ou imaginadas. Isto porque, quando a criança desenha, vai estabelecendo uma espécie de julgamento do que deve ou não ser colocado ali. 

Observe como todas as coisas estão sobre a linha verde (linha de chão)

A partir desta fase, as crianças já podem começar a contar histórias orais sobre seus desenhos. E nenhuma história é mais importante do que aquelas que elas criam através de seus desenhos. 

A construção de histórias das crianças de 5 anos é diferente das histórias construídas pelas crianças de 6 anos completos. As construções orais das crianças de 5 anos são mais uma “nomeação” do que foi desenhado, como por exemplo: - “Desenhei uma casa, um carro e uma árvore”. Já uma criança de 6 anos, a construção oral é mais ou menos assim: - “O dono do carro parou perto da árvore, para ficar mais perto da casa, porque estava chovendo”. Perceberam a diferença? Nesta história já se pode identificar o começo, o meio e o fim da história. Há uma construção com um encadeamento de ideias que se ligam e dão o entendimento, porque os objetos desenhados vão tendo seu lugar no tempo e no espaço de acordo com o que foi vivido ou imaginado. 

E aqui, pais e professores, vocês podem ajudar e muito. Quando perceberem a linha de chão nos desenhos infantis, comecem a conversar com as crianças. Por exemplo: Suponha que ela tenha feito este desenho: 


Faça o seguinte: 

1- Sempre elogie o trabalho realizado e não corrija os erros cometidos em seus desenhos. Isto lhe trará confiança e poderá experimentar o que quiser. 

2- Pergunte que desenhos ela fez. E ela deve dizer tudo o que fez. 

3- Aponte para a casa (por exemplo) e pergunte: Quem mora aqui? Provavelmente, a criança apontará uma das figuras humanas (ou as duas). De acordo com as respostas vá fazendo outras perguntas, como por ex: eles moram na mesma casa? Em que andar? Como é a casa deles? Porque eles estão fora da casa deles? E por aí vai. Numa outra vez, num outro desenho, escolha um outro elemento que não seja a moradia. 

4- Antes de terminarem a atividade, faça um resumo da história contada. Aos poucos, a criança vai percebendo que ela consegue contar uma história com começo, meio e fim. 

5- Agradeça e elogie a história contada. Isto é um incentivo, não custa nada e a criança se motiva a criar novas histórias e a querer conta-las para você. 

No começo, as respostas parecem serem tiradas a saca-rolha. Mas com a repetição, as coisas vão melhorando até que passam a contar suas histórias espontaneamente. 

segunda-feira, 18 de novembro de 2019

Conversa de adultos 9 – OS DESENHOS E AS CORES


Dos 5 aos 6 anos, as mãos já estão mais hábeis, inclusive no traçado dos desenhos. Mas ainda podem cometer alguns erros.

 1- PODEM ERRAR NAS CORES DOS OBJETOS: O Zezinho quer fazer um desenho “do pai e seu carro”, como um presente a ele. Zezinho quer reproduzir o pai e o carro bem bonito de forma que agrade o pai. Por isso, deposita mais atenção nessas figuras. E dá um colorido caprichado, porém, colore um “céu amarelo” para terminar de compor a cena.



Zezinho estava preocupado em fazer um desenho bonito “do pai e o carro do pai” e para o progenitor, uma coisa muito importante para a pequena criança. O pai era o foco principal, alguém a quem amava muito e queria agradar, colocando aí toda a sua atenção. O céu era apenas um complemento, um dado secundário e de menor importância. O menino usou o amarelo, como poderia ter usado outra cor qualquer. Em crianças de 5 a 6 anos, o grau de envolvimento emocional é grande e os erros cor-objeto podem ocorrer como um fato natural.

Á medida que as crianças se aproximam do 6º ano, as relações dos objetos com suas formas, tamanhos e cores vão acontecendo espontaneamente. Mas o “envolvimento emocional” entre as relações com os objetos está registrado nos seus desenhos. E outros erros podem ocorrer, como por exemplo, os “erros de proporções”.

Imaginem:-  Normalmente, Laurinha parece um furacão. Faz mil coisas o tempo todo e não para quieta um só instante. Hoje, no entanto, Laurinha acordou com uma chata e irritante dor de cabeça. Apesar de ter tomado remédio, a dor custava a passar. 


Mesmo assim, Laurinha que adora desenhar e colorir, pegou um papel e começou a desenhar uma figura humana. A figura tinha braços e pernas no lugar e um vestido cobria um corpo compatível com o tamanho dos braços. No entanto, a cabeça era o dobro do tamanho do restante do corpo.


O Juquinha desenhou uma porção de figuras: casa, árvore, bola, gato e uma figura humana feminina. Desenhou os primeiros em tamanho pequeno. A figura humana, no entanto, era muito grande. Ao falar sobre seu desenho, ele falou da casa em que vive, da árvore que havia no quintal, da bola que era seu brinquedo preferido e o gato de estimação. Ao falar da figura feminina, ele disse ser a “mãe”.

Como se vê, nos relatos de Laurinha e de Juquinha, eles tinham motivos importantes para desenharem suas figuras de “forma desproporcional”: Laurinha, por uma dor que a incomodava e Juquinha, mostrando a importância da mãe em sua vida. Há algo de anormal nisto? Não, claro que não. Se isso acontecer com os desenhos de seus filhos, procurem saber o motivo antes de fazer julgamentos e sem ficar mostrando o correto.



Gente, tem coisas que precisamos ensinar às crianças. Outras coisas, ela precisa aprender sozinha. Tem que adquirir experiências por conta própria. As cores e as proporções são assim. Não adianta influenciar. Ela precisa dessa experimentação para a formar sua futura personalidade. A experimentação estimula a capacidade inventiva e torna a criança mais flexível e ajustável aos obstáculos que a vida impõe. São condições humanas que não podem ser compradas na lojinha da esquina.