terça-feira, 18 de dezembro de 2018

ESMIUÇANDO OS NÍVEIS DOS GRAUS

Dentro dos diferentes graus existem o que os estudiosos chamam de NÍVEIS. Esses níveis nada mais são do que uma escala progressiva de dificuldades, partindo de um espectro autista fraquíssimo (no limiar da normalidade) até os casos mais grave ou severo.


Assim, entre um grau e outro existem vários níveis do espectro autista que vai de um extremo ao outro. De um lado os menos afetados e do outro, muita afetação do espectro. Seguindo esse raciocínio, podemos observar que uns não falam nada, mas ouvem; outros que falam com mais dificuldade e os que falam bem e fluente. Há os que não conseguem ler, os que decodificam os sinais e os que leem, compreendem parcialmente o que leram. Há ainda outras questões envolvidas como os que têm e os que não apresentam estereotipias, os mais pacíficos e os mais agressivos etc.

PARA QUE SERVEM OS NÍVEIS?

Além de nos mostrar como agem os autistas em cada grau e na variação que ocorre em cada um, os níveis nos mostram também a quantidade de “apoio” os autistas devem receber em cada grau. Desse modo, os autistas severos precisam de maior apoio que os moderados e, estes, mais apoio que os autistas leves. O mesmo ocorre com os níveis dentro de cada grau.

Diante do exposto podemos imaginar como é difícil e demorado para diagnosticar uma pessoa com autismo. Porém, é muito mais difícil quando se trata dos autistas que estão muito próximos da linha de “normalidade”. Isto porque muitos comportamentos podem ser confundidos com excentricidade, como timidez, desatenção ou outras explicações. Nesses casos, os movimentos repetitivos e estranhos não aparecem, mas a fixação a um objeto, sim e pode ser qualquer coisa: não largam o videogame, o celular, um objeto de estimação, um livro ou um cobertor. Esses objetos, conhecidos como objetos de apego, ajudam a acalmar e a tranquilizar os autistas. Podemos afirmar que:

GRAU SEVERO

Os autistas de grau severo são os mais afetados por haver grande prejuízo na verbal e não-verbal (gestos, desenhos), com grandes limitações na interação com as pessoas e quase nenhuma resposta em relação com os outros. Vivem numa espécie de estado catatônico, uma espécie de perturbação psicomotora psicológica ou neurológica, que deixa o indivíduo passivo (que perde a capacidade de manter a rotina que tinha antes) e com uma imobilidade prolongada, fica mudo (perdendo a capacidade de falar embora não seja surdo) e com rigidez corporal ou com grande agitação. É resistente a mudanças no ambiente e na rotina ou as que interferem diretamente em vários contextos de suas vidas. As mudanças de foco causam resistências e aumentam o nível de estresse. Os movimentos motores são repetitivos e restritivos.

Em outras palavras, o indivíduo fica alheio ao mundo, não reage a nenhum tipo de estímulo e seu olhar é vago, parecendo olhar para o nada. Não se conecta com ninguém, nem mesmo as pessoas mais próximas que são os pais. Essa extrema dificuldade que é involuntária e sem controle do indivíduo. 

Podem aprender a ler, escrever e contar? Não. No entanto, os que estão mais próximos do extremo moderado, podem aprender habilidades como comer sozinho, vestir-se, calçar sapatos etc.

GRAU MODERADO



Já os de grau moderado encontramos indivíduos com um déficit considerável nas comunicações verbais e não-verbais. Embora as palavras não podem ser fluentes, eles conseguem repetir o que ouvem dito por outra (s) pessoa(s). Essa repetição funciona como um eco, daí receber o nome de “ecolalia”. Ex: Pode-se perceber ainda que em outros casos, as respostas são mais simples. Usando o mesmo exemplo para que se vislumbre uma diferenciação, alguém diz: - “Você tomou o leite”? E o autista responde: - “Leite”.

Como se pode perceber por esses exemplos, o prejuízo dessa comunicação é inquestionável. No entanto, existe um avanço na quantidade de palavras retidas no primeiro exemplo do que no segundo caso. Mas, ainda assim, a comunicação é reduzida e atípica.

No comportamento social, ainda apresente uma certa dificuldade com relação a interação e mudanças na rotina e em lidar com isso. Ocorrem os movimentos repetitivos e também podem ocorrer as “ecopaxias”, ou seja, a imitação dos gestos dos outros. É ainda verificada a dificuldade na manutenção do foco em tarefas simples e a facilidade que tem de estressar-se. Podem aprender a ler, escrever e contar? Sim. Mas apenas como decodificação dos símbolos (letras e números). Melhora quando se aproxima do extremo na direção do grau leve.

GRAU LEVE

Todos os autistas do grau leve são considerados inteligentes. E quanto mais próximos do limiar da “normalidade” mais inteligentes serão, sendo o contrário, também verdadeiro. Estes autistas conseguem aprender a ler, escrever e calcular. Mas, em alguns casos, a interpretação e compreensão da leitura fica comprometida.

impressionante neste grau é que muitos autistas se destacam pelo aprofundamento sob um tema, lendo e gravando muitas informações sobre o tema escolhido. Nesse sentido, os temas são os mais variados. 

Outros se encantam pela música, pelos esportes ou artes. Gostam de falar sobre esses assuntos e dão verdadeiras aulas usando as informações que possuem e pela facilidade em memorizá-las. E entre eles, se encaixam os Asperger, que veremos em breve.

domingo, 16 de dezembro de 2018

ESMIUÇANDO OS GRAUS DO AUTISMO

Em primeiro lugar, é preciso informar que o autismo não tem cura. Ou seja, uma vez autista, continuará sendo pelo resto da vida. Geralmente, os autistas são observados pelas famílias, familiares e professores, possibilitando serem diagnosticados entre os 3 a 5 anos. No entanto, esta não é uma regra fixa, pois muitos outros são diagnosticados bem mais tarde como na puberdade, adolescência ou na idade adulta, já que esse transtorno está em todas as fases da vida. O que ocorre é que, quanto mais precoce for o diagnóstico, melhor será a qualidade de vida desse sujeito.

Os sujeitos diagnosticados como autistas possuem características comuns a todos os graus e níveis pelos quais o diagnóstico é realizado. As principais características do autismo são: dificuldades na interação social, na comunicação e no comportamento. Mas como saber isso para observar?
1) DIFICULDADES NA INTERAÇÃO SOCIAL



Entende-se por interação social todas as formas como as pessoas se relacionam umas com as outras e como elas agem entre si. Lembrando sempre que é uma condição do espectro e não como um ato voluntário, os autistas encontram dificuldades nesse relacionamento e na interação. Uns encontram mais dificuldades que outros e não se encontra dois autistas que ajam da mesma maneira. Portanto, afirmar que cada autista é único em sua forma de ser e agir, é verdadeiro.


As características mais gerais são:

a) mostram-se indiferentes às pessoas, mesmo estando em meio a elas. É como se ignorassem a presença das pessoas ao seu redor. Os autistas, na maioria das vezes, parecem não perceber que existem pessoas à sua volta. Obs: os de grau leve são mais sociáveis, se relacionam e interagem com os outros de forma mais adequada.

b) parecem não perceber ou não se incomodar com os sentimentos das pessoas, como por exemplo: se estão tristes, alegres, bravos, doentes etc.

c) evitam o contato visual com as pessoas, porque quando as pessoas forçam este tipo de olhar, os autistas se sentem ameaçados e invadidos. 

d) passam muito tempo sozinhos (isolamento) como se estivessem absorvidos por algum pensamento. Ou se afastam quando estão em um grupo. Um bom jeito de contornar esta situação é olhar para a ponta do nariz deles.

e) brincam sós e sempre com as mesmas coisas, sejam elas brinquedos ou um objeto qualquer (coisas que giram, espelhos, animais etc). E com eles passam muitas horas (hiperfoco). Um fato interessante é que, quando um objeto sai do seu campo visual, os autistas não os procuram. É como se deixassem de existir.


2) DIFICULDADES NO COMPORTAMENTO

Além do isolamento que também é um tipo de comportamento, os autistas podem:

a) se batem ou esbarram em alguém acidentalmente, não pedem desculpas, porque não conseguem perceber as regras sociais.

b) rirem ou repetem palavras e frases inadequadas e/ou improprias em momentos inoportunos, como por exemplo, gargalhar num velório ou xingar e/ou ofender pessoas desconhecidas.

c) demonstram não sentir dor, nem sentir frio, fome/sede e saciedade, por não saber identificá-los. Por isso, tiram a roupa e andam descalços, mesmo em dias muito frios. Ex: fazem isso em qualquer lugar e em público.

d) demonstram não terem medo de situações perigosas. Como exemplos, pulam de escadas altas, sobem e descem com agilidade em lugares altos, enfrentam animais perigosos e peçonhentos. Em contrapartida, a maioria teme coisas que são inofensivas, como folhas de uma planta, de um bibelô que enfeita sua casa ou um objeto de uma determinada cor.

e) apesar do “hiperfoco” (capacidade de se manter concentrado por longos períodos de tempo), os autistas encontram dificuldade em manter a concentração em tarefas simples. E, em geral, essas tarefas não são terminadas.

f) agem como surdos quando chamados pelo nome.

g) na maioria dos casos são calmos, mas teimosos. Porém, diante de algumas situações (sensibilidade a ruídos, luzes fortes e a mudanças inesperadas na sua rotina) podem ter acessos de raiva e se tornarem agressivos.

h) a maioria dos autistas apresentam movimentos motores estereotipados (estranhos). Esses movimentos são reflexos, inconscientes, involuntários e repetidos com uma certa frequência. Portanto, impossível de ser controlado. Estes movimentos diferem de um autista para o outro e não importa o grau.

São movimentos que nada tem a ver com expressões de alegria, tristeza, raiva ou outro sentimento qualquer, mas que chamam a atenção de qualquer observador.


3) DIFICULDADES NA COMUNICAÇÂO



a) Os de grau severo não falam, embora ouçam. Os de grau médio falam com dificuldade, geralmente com uma palavra e frase com duas ou três palavras. Os de grau leve falam com certa fluência, fazem uso de frases inteiras e com sentido. Mas todos encontram grande dificuldade em expressarem seus sentimentos por gestos ou pela própria fala. Pouco falam de si mesmos.




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