sábado, 13 de agosto de 2011

O DESENHO E O EIXO COGNITIVO



O eixo cognitivo envolve processos complexos que incluem a recepção, a transdução e a integração das informações. sejam eles visuais, auditivas ou táteis. Observar este eixo não é simples, nem rápido. Há muitos detalhes a verificar.

1) A ATENÇÃO E A CONCENTRAÇÃO
Para  realizar as atividades artísticas e escolares, a criança precisa prestar atenção ao que lhe é dito, compreender o que foi pedido e manter-se atento durante toda a atividade. Por isso, observar como age enquanto trabalha é muito importante.

2) A PERCEPÇÃO VISUAL
São os olhos os grandes responsáveis por captar os estímulos visuais. E para vermos, nossos olhos executam uma série de movimentos. È preciso verificar se a criança realiza todos eles.  Observar:
·         se fixa o olhar em um determinado ponto- indica se a criança consegue captar um estímulo.
·         se  ela acompanha com o olhar a mudança de um objeto de lugar para outro.
·         se os olhos se alinham ou divergem durante o trabalho, ou seja, se manifesta ou não o estrabismo.
·         se acompanha com o olhar um objeto, sem mover a cabeça.
·         O nistgmo optocinético é um movimento reflexo importante, e ocorre quando observamos uma cena. Esse movimento é importantíssimo para a leitura.
·         Por ultimo, se é capaz de relaxar e contrair os músculos oculares em frações de segundo. É o famoso piscar.

Enquanto a criança vai colocando os elementos do seu desenho no papel, podemos observar ainda:
a)     Coordenação óculo-manual - se olha (ou não) para o que está fazendo 
b)     Se as figuras que ela coloca no papel são semelhantes aos objetos reais. –indica como ela observas as formas, as  posições e a relação dos objetos no espaço. Isto é importante porque indica como se formam seus pensamentos.
c)     Ao mesmo tempo, as formas, os tamanhos e as posições dos objetos desenhados nos contam como essas imagens foram retidas na memória.
d)     Se conseguem distinguir e diferenciar um objeto de outro parecido.
e)     A constância da forma – se ao desenhar uma casa ou uma figura humana se faz sempre do mesmo jeito, ou se cada vez as faz, é de modo diferente. – Importante para a escrita.
f)        Associação e integração visual – se ao nomear as figuras desenhas eles correspondem.
g)     Rotação de figura – Se desenha figuras invertidas – importante para o reconhecimento das letras na leitura e escrita.
h)     Figura e fundo - consiste em focar e perceber um objeto em meio a outros. Importante para a cópia de tarefas da lousa.

3) PERCEPÇÃO AUDITIVA

Durante a construção do desenho muitas crianças falam para si mesmas ou conversam com um amigo ou com um adulto que esteja por perto. É através desse falar que podemos saber se ela relaciona os sons que ouve com os símbolos que utiliza nos desenhos. Uma das observações importantes é se a criança antecipa o que vai fazer, ou seja, ela pode dizer: “- Vou desenhar um carro agora”. E faz. Ou através das produções orais.

4- MEMÓRIA
Durante o desenho, a criança já deu varias pistas de como funciona sua memória. Quanto mais parecidas forem as formas e a quantidade de detalhes nelas contidas, melhor seu poder de memorização. (memória geral). A forma como executa os desenhos informa como anda sua memória de curto prazo. Se há esquecimentos ou se começa uma figura, desiste dela e começa novamente.


O eixo afetivo emocional mostra como as crianças se sentem sobre diversas coisas.  Mas antes, é preciso explicar certas coisas que nos fazem compreender como tudo funciona.

Violet Oaklander(1980) diz que as crianças colocam em suas produções a sua maneira de ver e de sentir as coisas. Carl Gustav Jung (2001) afirma que as produções gráficas (desenhos ou outro recurso artístico qualquer) vêm carregado de imagens mentais originadas nas manipulações e explorações dos objetos e do ambiente que, ao serem assimiladas, estavam carregadas de sensações e emoções que se fixaram nas estruturas cognitivas.

Os dois autores ainda afirmam que as crianças só produzirão, se estiverem envolvidas emocionalmente. A surpresa, o humor, a novidade de um assunto são desencadeadores de emoções, portanto, facilitadores da aprendizagem e da armazenagem das informações.

O medo de constantes repreensões mexe com suas fantasias, faz com que se sintam numa situação de perigo (real ou imaginado) onde aumentando o stress, o que atrapalha a atenção e a concentração provocando uma armazenagem de informações fragmentadas. E em sua produção, a criança sempre expressará esse estado emocional. Portanto, o equilíbrio emocional depende da maneira como a criança lida com suas emoções: se as controla, se as inibe ou se deixa se conduzir por elas.

Muito do que a criança sente, deseja ou necessita pode ser transmitido a alguém por meio de palavras, gestos, escritos etc. Mas, há certos pensamentos, sentimentos, fantasias e conflitos que afetam o equilíbrio infantil e não podem ser ditos com palavras. As palavras, muitas vezes, tornam-se limitadas, apesar de todas as possibilidades que a linguagem possui.
Para Arno Stern a expressão gráfica é a única forma capaz de trazer à tona as questões inconscientes, transformando-as em símbolos, cuja representação, cor, tamanho e localização espacial transmitem uma mensagem ditada por essas inquietações e com regras próprias.
Segundo Arno Stern, os símbolos são imagens de significado convencional e evidente, às quais se dá uma conotação especial. Através dos símbolos contidos nas artes, a expressão constitui uma segunda linguagem, onde a fala do inconsciente completa a linguagem da razão.  Esses símbolos devem ser compreendidos dentro da faixa etária, do estágio de desenvolvimento em que se encontra e dentro de sua capacidade operatória

As fantasias buscam uma organização formal recorrendo, sempre que necessário, à memória ou à imaginação. Ao reviver ou relembrar essas sensações e percepções no “fazer artístico”, o espírito criativo do sujeito pode se aventurar por outros caminhos, expressando um mundo de sentimentos que é só seu, retratando prazeres, dores, instintos, conflitos, pensamentos e emoções que povoam seu mundo interior.
Dessa maneira, as fantasias, os contrastes e as oposições funcionam como “um escudo protetor” permitindo que a criança expresse seus sentimentos e pensamentos sem correr riscos. Por isso, ocultam alguns detalhes ou colocam suas próprias vivências em outro personagem. Portanto, fantasiar é essencial no processo de vida das crianças.
Dizemos que a produção artística fica impregnada “da jeito de ser” do seu criador. Ao produzir artisticamente, a única preocupação da criança é a necessidade de expressar. Lowenfeld (1970) noS lembra que “cada uma das produções artísticas das crianças está repleta de subjetividade, de conhecimentos e de experiências que são lembradas ou recriadas”.

Arno Stern  declara ainda que “cada produção da criança é um espelho”. Espelho que não reflete apenas as aparências, mas que “filtra das aparências, a face interior da criança”, ou seja, a face do seu psiquismo”. Por isso, não há erros numa composição artística infantil. Simplesmente há comunicação.

Por todas estas razões, não basta olharmos apenas um único desenho. Mas, uma série deles. Além disto, há também as histórias orais ou por escrito que as crianças contam e que são levadas em conta no momento da análise dos dados. Só então podemos ter uma idéia do que se passa com a criança.

Os trabalhos que mostro nesta postagem foram o resultado de alguns meses de trabalho, fazendo com que a criança tivesse confiança de se abrir e conseguir falar sobre os problemas que estavam enfrentando.a outra, etc.

5 -  Fazendo um gráfico dos movimentos  durante a construção do desenho tem-se a idéia de como organiza seus pensamentos.

6 – Além disso, observa-se a organização da cena, a coerência entre as figuras colocadas. Há uma estrutura básica na colocação das figuras, Existem três faixas: céu, terra e ar.

7- TITULAÇÃO DO DESENHO
Se a criança é capaz de sintetizar o que foi feito no desenho

8- A PRODUÇÃO ORAL

Observa-se:
a)       Se a criança é capaz de contar uma história sobre o desenho feito (análise do desenho)
b)       Se essa história tem uma estrutura básica (começo, meio e fim)
c)       A fluência de idéias
d)       A coerência da história com o desenho apresentado ou com o tema
e)       Se ela se refere a fantasias ou a realidade
f)         A criatividade do tema, do desenho e da história contada.

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