É o momento de observarmos
o eixo pedagógico. Enquanto a criança desenha é importante observar se ela planeja
o trabalho ou se coloca as figuras aleatoriamente. Também é de igual importância saber se ela faz antecipações, isto é, se diz o que vai fazer antes de
colocar no papel.
Muitas
crianças gostam de falar enquanto desenham, explicando o quê e porque colocaram esta ou aquela
figura. Outras, trabalham silenciosamente e só falam no final. É, portanto, no
momento em que a criança fala sobre o trabalho ou sobre um assunto qualquer, que
observamos a linguagem oral. Neste sentido, observamos:
1-
Sobre a oralidade:
-
a pronuncia e a
articulação das palavras (se correta, incorreta, se pronuncia todos os sons,
se há trocas, omissões ou acréscimos de letras ou sílabas)
-
a fluência da fala ( fàcil
ou dificultosa)
-
a tonalidade da voz
(alta normal, gritada ou muito baixa)
-
se fala corretamente ou
apresenta vícios de linguagem
-
se apresenta uma linguagem
com termos regionais, estrangeiros ou não
-
se repete constantemente
as mesmas idéias ou as mesmas palavras
-
feita uma pergunta, se a
resposta é rápida ou se pensa antes de responder
-
se as respostas são de
muitas palavras ou monossilábicas, compulsivas ou defensivas
-
se entende as ordens
orais.
Como
exemplo, uma transcrição literal da oralidade de uma criança de 10 anos, estudante de 5º ano do EF:
“Cheguei
a um mundu muitu bonitu. Lá tinha montanhas, um sol bem grandão e muitas nuvis
e avis nu céu. Eu mi senti... muitu... feliz...Era um lugar um poucu calmu... i
um poucu agitadu... purque as avis vuavam u tempu todu. Mais eu... tava
feliz”.
2- As histórias orais:
Ao contar uma história oral
sobre o desenho feito, observamos:
-
se essa historia possui
começo, meio e fim.
-
se está coerente com o
desenho feito e com o título que ela mesma escolhe.
-
se são histórias reais
ou fantasiosas.
-
se são longas ou curtas.
-
se as idéias fluem com
facilidade ou se pensa por algum tempo.
-
se encontra resposta
para uma situação criada na história.
-
se há um enredo criativo
ou se ele é econômico nos detalhes.
Outro exemplo, desta vez uma criança de 9 anos, estudante do 3º ano, sobre um desenho feito em 3 folhas, que a criança chamou de "partes":
Outro exemplo, desta vez uma criança de 9 anos, estudante do 3º ano, sobre um desenho feito em 3 folhas, que a criança chamou de "partes":
“Meu mundo tem um céu
vermelho, nuvens pretas e sol, na primeira parte. A borboleta é só uma
borboleta que voava por ali. Ela não sente nada, só voava por ali. Na segunda
parte, eu estou nadando num rio de suco de laranja. Isto ( apontando para uma gota enorme e na cor laranja) é uma enorme gota de suco de laranja.
É ela que forma o rio onde eu estou nadando. E
lá, tinha um quadro com três portas. Escolhi a menor porque sou pequeno. Na
terceira parte, cheguei a um mundo amarelo. Me senti estranho. Tudo pesava. O amarelo é
Alegria. Só alegria”.
3-
A linguagem
escrita:
Algumas crianças gostam de
escrever na folha em que desenham. Algumas fazem inscrições, nomeiam as figuras,
escrevem frases ou parágrafos inteiros. Neste sentido observamos:
a- A letra:
-
o aspecto: legível ou
ilegível
-
o tipo: se arredondada,
angulosa, regular ou irregular
-
o tamanho; normal,
grande ou muito pequena ou grande.
-
a pressão: se deixa
marcas no lado oposto da folha.
-
o traçado (correto ou
vicioso).
-
se observa o espaço
entre as palavras ou une uma com a outra
-
se faz movimentos
desnecessários
-
se resiste ou se recusa
a escrever,
-
a organização e seqüência
das letras na palavra.
-
se pedem opinião ou
tiram alguma dúvida
(A criança que escreveu esta frase tinha 9 anos, estudava o 3º ano do EF e ainda utilizava o desenho como parte da frase. Ele estava se referindo às tristezas).
b- A formação de frases:
-
se usa desenhos como
parte da frase
-
se as frases mantém a mesma estrutura, variando apenas no final
-
se há sujeito e
predicado
-
se utiliza palavras
novas na construção das frases e a que categoria gramatical elas pertencem
-
se percebem quando cometem
um erro.
-
se corrigem esse erro.
-
se apagam moderada ou
excessivamente ou se não apagam, se rabiscam e escrevem na frento ou por cima.
-
se utilizam palavras de
várias classes gramaticais
A letra é bem ruinzinha e bastante irregular. A foto também não ajudou. Mas, está escrito literalmente, conservando todas as incoerências da escrita no início do acompanhamento: "Eu me sinti muito feliz nesa ora e Eu gostei de vim na treça e eu
pençava que iríamos vicar centados na cartera mas não foi que pencei”.
3- Sobre a produção de textos escritos:
iInicialmente, observamos os
mesmos itens da história oral, para depois completarmos a observação com outros
dados, tais como:
-
se é rica ou econômica
em detalhes
-
se a linguagem é
clara ou confusa
-
se repete as idéias ou
se diversifica através de sinônimos
-
se as idèias fluem
com facilidade ou é dificultosa
-
se aparecem descrições
de personagens, lugares ou situações
- se as frases são
completas, amarradas umas às outras ou são “jogadas e fora de lugar”.
-
se há continuidade
de pensamento ou idéias truncadas.
-
se há
desvios (trocas, omissões, acréscimos, repetições) etc.
- se percebem quando cometem um erro.
- se percebem quando cometem um erro.
-
se corrigem esse erro ou não.
-
se apagam moderada ou
excessivamente ou não apagam, rabiscando por cima.
- se utilizam palavras de
várias classes gramaticais
- se há um mínimo de
organização estrutural do texto (fazem
parágrafos ou num bloco único)
- se a história é
criativa, original e interessante.
4-
Domínio das
regras gramaticais:
-
se usam letras maiúsculas
nos lugares certos.
-
se acentuam as
palavras e pontuam as frases.
-
se fazem concordância
nominal e verbal
- a limpeza e a organização do trabalho.
-
se possuem
autonomia ou se precisam de ajuda
Exemplicando, uma história contada e transcrita literalmente, conservados todos os erros que ainda restavam. A criança é a mesma do exemplo anterior, com um mês de acompanhamento:
“Um dia, vi raius muitu
brilhantis. Paricia uma notícia vinda du céu. Eu, não intendia bem o qui istava
acontecendu. Mas,
naqueli dia, minha cachorrinha deu cria pra uma purção de filhotis . Elis era lindus. Mas aí, a mãe dos cachorrinhos morreu e os
filhotis ficaram sozinhos. Como elis era muitu piquenus e não pudia ficar
sozinhus e foram dadus pra que as pessoas cuidassem. Gostu mais desse aqui (aponta o desenho). Eli foi dado pruma família cuidá. A família tratam eli bem. Dá
comida... dá carinhu... ensina coisas ... Mais... u cachorrinhu quiria qui nada
disso tivessi acontecidu. Eli gosta da família ondi istá”. Mais eli queria a
mãe deli pur pertu".
5- A expressão:
- as idéias são
claras e facilmente compreensíveis ou confusas e de difícil compreensão.
-
a fluência ao
escrever
-
cansam-se logo ou
prolonga-se com interesse.
-
rica ou pobre em
termos de linguagem.
Oi Sueli!!
ResponderExcluirbom dia!!
aproveito para parabenizá-la por seu blog. Acompanharei mais de pertinho agora! Foi bom conhecê-la e interagir antes de aprofundar no blog. Agora nos sabemos...rs
Um grande abraço e fica aqui meu blog: http://projetoportatil.blogspot.com/
(beijos na Carina), elaine