Nas últimas décadas, os
pais e os professores têm evitado falar, ler e contar os Contos de Fadas. As
emissoras televisivas também deixaram de apresentar desenhos e flimes que falam
sobre eles. Alguns autores infantis têm tentado mostrar o lado inverso desses
contos e os novos autores desse tipo de literatura têm tratado de temas do
cotidiano e dos problemas sociais. E há uma razão para isso.
Vivemos
num mundo complexo. O corre-corre diário para ganhar o sustento da família, na
conquista das novas tecnologias e a mídia, mais consumista que nunca, nos
ínsita ao consumos dos novos produtos anunciados. É, portanto, em meio a esse complexo contexto de preocupações reais
que desejamos que nossas crianças estejam, cada vez mais, envolvidas com a
realidade. E esse desejo nos faz temer que, fascinadas pelas fantasias, não
sejam capazes de compreender e lidar com o mundo real. Por isto, deixamos de
contar os antigos Contos de Fadas.
O
temor dos adultos acentua quando a criança pergunta se o conto é verdade ou se
acontece realmente. Pais e professores vêem nessa pergunta um sinal de que a
criança está preocupada em saber se os Contos de Fadas são verdadeiros ou
falsos.
Segundo
Bethelheim, não é essa a verdadeira preocupação infantil. Mas, a de saber se os
contos podem ajudá-las a resolver suas dúvidas e anseios. Mas, tomados de
surpresa, os adultos ficam em dúvida sobre como devem responder a essa questão. E tomam a decisão: o
melhor é evitar falar sobre eles.
É
preciso saber que os Contos que começam com “Era uma vez”, “Há muito tempo
atrás”, “Numa terra muito distante”, “Na Terra da Fantasia” e muitas outras,
deixam claro, para a criança, que a história não trata de assuntos atuais.
Quanto
ao medo de que possam se tornar pessoas fantasiosas, é preciso estar consciente de que á medida que crescem e amadurecem, deixam de lado as fantasias e se preocupam com a realidade de uma forma mais saudável. Agora me respondam: como é possível impedir que uma
criança fantasie se isso faz parte da vida e do desenvolvimento infantil?
Fonte:
BETHELHEIM,
Bruno. A psicanálise dos Contos de Fadas. Ed. Paz e Terra
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