Ensinar os números para deficientes não é o mais difícil. O complicado é fazê-las entender que os números seguem uma sequência, que é lógica. Muitos deficientes intelectuais conseguem memorizar essa sequência. Mas, no fundo, não entendem o porque o 9 vem depois do 8 e antes do 10.
Costumamos dizer que é porque a quantidade aumenta. Embora percebam, elas não fazem esta relação. E como recitam a sequencia oralmente feito papagaios , acreditamos que sabem. Mas, na hora de fazer o exercício....
Costumamos dizer que é porque a quantidade aumenta. Embora percebam, elas não fazem esta relação. E como recitam a sequencia oralmente feito papagaios , acreditamos que sabem. Mas, na hora de fazer o exercício....
Mesmo trabalhada com materiais concretos se transforma em dúvida quando o trabalho é feito no caderno.
Como ensinar esta noção?
Enquanto trabalhamos a relação número/quantidade, já podemos iniciar esta noção. Começamos com brincadeiras, como a montagem de torres, por exemplo. E para isto, podemos utilizar caixas de todos os tamanhos e formatos que as crianças empilham como torre.
Enquanto montam, ensaiam várias posições e possibilidades, intuindo que há uma sequência que deve ser obedecida, porque senão a torre desaba. Por fim, a montam corretamente.
Feito isto, passo para o trabalho no caderno ou em folhas. Trabalho com muitas figuras coloridas e o mais próximas possíveis do gosto de cada um. Figuras e o colorido atuam como apoio visual. Os deficientes intelectuais necessitam muito desse apoio para ajudar na memorização. Com as figuras, tentam descobrir o que está "antes" e o que está "depois" ou o que está na frente e atrás. Eu uso posições e elementos diferenciados para que precisem pensar. Como estas, por exemplo:
Uso uma porção delas até que as crianças já os descubram com alguma facilidade. Depois, parto para outras, como estas:
Da mesma forma, trabalha-se bastante ou até que sejam capazes de descobrir o antes (o que vem na frente) e o depois (o que vem atrás).
Esta etapa é importante para que o conceito se fixe na memória. Faço cartões com a mesma figura e os numero na sequência que quero trabalhar. Peço que a criança me ajude a colocar os pregadores nos cartões (para mantê-los em pé) e, enquanto isso, o exercício vai fortalecendo os músculos dos dedos e da mão. Feito isso, colocamos em ordem. E a criança visualiza que um está atrás do outro.
Com essa sequência fica bem mais fácil para a criança visualizar o que vem "antes" e o que vem "depois". Numa folha à parte, escrevo um número sobre o outro. A própria criança chega a conclusão de que não dá para visualizar nenhum número.
Se não concluir sozinha, faça perguntas como: Onde está o número X? Você o vê perfeitamente? Com isto, digo a elas que, no caderno, os números ficam lado a lado. E para não ficarem misturados, são separados por tracinhos.
Trabalho primeiro, tudo oralmente. E depois, voltamos ao caderno. Por um tempo, mantenho a sequência como apoio e aproveito para trabalhar alguns jogos. Uso poucos números de cada vez.
Neste caso, trabalho o 11, 12 e 13. Mostro que é a mesma ordem da sequência mostrada nos cartões e a criança visualiza. Então, começo o exercício. Com o apoio visual, fica fácil no início. Feito isso, e aos poucos, vou aumentando a quantidade de números e introduzindo outros exercícios.
O primeiro, trabalha outros números da sequência. Depois, a sequência inteira para completar ou completando com alguns números faltantes e com questionamentos orais. E, para fixar tudo, trabalho os "caminhos", onde os números são colocados numa certa posição que permite que a criança ligue com traços todos os números na sequência. Como variação, utilizo também os liga-pontos, labirintos e os pinta-pontos, cujos pontos são substituídos por números.
Minha gente, sei que é trabalhoso. Mas, o resultado é muito bom.
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