RESPONDENDO A UM LEITOR
Antes de se ensinar o deficiente intelectual a não fazer determinadas coisas, é preciso conscientizar o "grupo " ou classe onde esse deficiente está incluído. Falar abertamente a problemática dele para que saibam com quem estão lidando, das dificuldades que ele (deficiente) vai encontrar e, principalmente, como devem lidar com ele. Dizer isso, não é segregar, mas ajudar a compreender. E sempre fazendo com que se coloquem no lugar do deficiente.
Verificando os bastidores deste blog, encontrei uma pesquisa bastante interessante: "COMO ENSINAR A UM DEFICIENTE INTELECTUAL QUE ELE NÃO PODE FAZER TUDO O QUE LHE MANDAM"?
Vivenciei esse problema durante quatro dos seis anos que cuidei de uma adolescente com atrofia do cerebelo e dois dos três anos que cuidei de um garoto com paralisia cerebral. Portanto, sei muito bem como é este problema.
As reclamações de que aprontavam eram muitas. Para falar a verdade, quase todos os dias. Muitas vezes, fui buscá-los na diretoria do Colégio onde trabalhava. Além disso, os pais eram chamados e depois da conversa com o Diretor ou Coordenadora, onde ouviam a série de reclamações, corriam desesperados para minha sala querendo saber o que fariam com o filho ou filha.
Na verdade, essas ordens são dadas por colegas. E fazem isso por que querem se divertir às custas dos deficientes intelectuais, ao mesmo tempo que revelam uma atitude preconceituosa e desrespeitosa pelos sentimentos dos colegas mais inocentes. Isso quando não praticam o bullyng. E a razão é simples:
Ao chegarem ao 5º ano, todas as crianças começam a se "enturmar". E passam a formar grupinhos. Primeiro, do mesmo sexo e, um pouco mais tarde, esses grupos passam a ser mistos. Isto porque é uma necessidade do desenvolvimento humano. Com os deficientes intelectuais não é diferente. Eles também necessitam de amigos da mesma idade para conversar, trabalhar junto, obter informações etc.
Porém, os "amigos" não estão muito afim deles: por julgá-los esquisitos ou feios, por vergonha de tê-los por perto, por medo do que os "paqueras" podem achar ou por preconceito mesmo. Por isso, ou por tudo isso junto, os isolam.
Mas, os deficientes querem (como qualquer outra pessoa) ser aceitos numa roda ou grupo de amigos. Porém, quando nessa roda ou grupo existem alguns "espertinhos", esses propõem uma condição: "Só se você fizer X coisa". E os deficientes aceitam e fazem o que mandam porque não conseguem prever as consequências desse ato.
Antes de se ensinar o deficiente intelectual a não fazer determinadas coisas, é preciso conscientizar o "grupo " ou classe onde esse deficiente está incluído. Falar abertamente a problemática dele para que saibam com quem estão lidando, das dificuldades que ele (deficiente) vai encontrar e, principalmente, como devem lidar com ele. Dizer isso, não é segregar, mas ajudar a compreender. E sempre fazendo com que se coloquem no lugar do deficiente.
O projeto de inclusão é lindo. Mas, infelizmente nossas escolas ainda não estão adaptadas para isso. Acreditam que basta colocar o deficiente numa classe, que a inclusão está feita. Esse é apenas o primeiro passo. O segundo, o de inseri-lo nesse grupo, é bem mais difícil e trabalhoso.
Inserir é fazer o deficiente intelectual se sentir parte da classe ou do grupo como outro aluno qualquer, e fazer com que a turma sinta que ele é membro desse grupo ou classe. Inserir é respeitar a sua condição com programação, conteúdos, exercícios e materiais que sejam capazes de fazê-los evoluir, apesar de suas dificuldades.
Inserir é compreender e fazer com que os colegas de turma compreendam que o cérebro dos deficientes intelectuais é mais lento e, portanto, requer mais repetições, trabalhos diferenciados e concretos, provas específicas que avaliem suas conquistas dentro do que foi proposto e não do que foi trabalhado com a turma. E esta é uma atividade que engloba a todos: direção, coordenação, professores, auxiliares escolares (inspetores, faxineiros, porteiros etc) e dos alunos da escola como um todo. Isto servirá como exemplo de respeito aos demais alunos.
Muitos pais pedem aos filhos que se afastem dos deficientes intelectuais por medo que contraiam a "doença". Isto é desconhecimento. Deficiência intelectual não "pega" porque não é transmitida por contato, nem por um vírus que se espalha pelo ar. E cabe à Escola promover palestras, conversas e reuniões sobre o assunto para pais, professores e alunos para que esta atitude (preconceituosa ou não) melhore e beneficie a comunidade em seu entorno.
Só então podemos pensar em ensinar os deficientes a não fazer o que os amigos mandam. E será que vai ser preciso?
Só então podemos pensar em ensinar os deficientes a não fazer o que os amigos mandam. E será que vai ser preciso?
Agora, se nada disso for feito, não culpe ou puna o deficiente. Ele é o menos culpado nessa história. Converse com ele, diga que não pode (repita um milhão de vezes se for necessário). Um dia, ele entenderá.
Muito bom esse post!! Adorei!
ResponderExcluirobrigada! Saudades!
ExcluirOlá, Sueli, parei para ler esta matéria e desejo duas considerações importantes. Primeiro, é que a inclusão quem faz somos nós. O fato de termos uma política oriunda de muitas discussões ao longo do tempo, significa a existência de respaldo legal, mas em cada espaço nós somos responsáveis em construir esta inclusão. Então, o que você falou quanto a conversar com os alunos, está correto, mas vai além, professores, todos os funcionários da escola, gestão, pais. Segundo, eu diria que inserir não corresponde ao teor da inclusão em si, mas fazer este aluno deficiente encontrar este espaço interagindo com os demais.No meu entender é preciso estabelecer vínculos de modo a responsabilizar a todos de educar este aluno.
ResponderExcluirO que você acha? Até mais.
Concordo plenamente com você.
ResponderExcluirQue bom que concordas comigo. Penso que por aí. As pessoas costumam reclamar de tudo, mas não veem que elas são responsáveis pelo fazer acontecer.
ResponderExcluirAh! Obrigada por está seguindo o meu blog. Ele é novo, mas foi idealizado e concretizado com amor. Não tenho experiência com blog., mas aos poucos irei aprimorá-lo. Quando possível o visite deixe algum comentário até para me estimular (rss). Será como uma espécie de portfólio. Trabalho com Educação Especial desde 1999. Acho que é casamento, ou seja, é para toda vida. Atualmente curso uma especialização em Atendimento Educacional Especializado pela UFC e uma formação nesta área pela prefeitura de Fortaleza. Bem é só um pouco de mim, depois de conto mais.
Até mais!