Dificuldades de aprendizagem
Pais
e professores reclamam que filhos e alunos não se lembram do que aprenderam no
dia anterior. Muitas vezes, nem se lembram do que foi dito poucos minutos
atrás. E, por causa dessa falta de lembranças dizemos que são dispersos ou
desatentos.
A
função da memória é a de identificar, selecionar e arquivar as informações, conhecimentos,
conceitos, sensações e pensamentos em espaços próprios para lembrar em outra
ocasião. Por exemplo: imagens vão para a memória visual (localizada no lobo
occipital); o que se ouve para a memória auditiva (localizadas nos lobos
temporais); o que fazemos com as mãos e com o corpo para a memória sensório-motora
(localizada no córtex sensório-motor) e assim por diante. E isto exige um gasto
de energia mental.
Imaginemos
um álbum de fotografias. Cada foto nos remete a uma situação ou fato vivido.
Podemos lembrar: do lugar, dos odores, das pessoas e dos fatos que aconteceram
em certo lugar e certa época como se fosse há uns instantes atrás. A foto é um
fragmento da situação, do fato ou do evento, mas não é a realidade completa. E
quanto mais fotos, mais lembranças. Porém, à medida que o tempo passa as fotos vão
ficando amareladas e apagadas, tornando-se difícil de reconhecê-las. Então, já
não nos serve mais e as jogamos fora. Para que as fotos não se percam é preciso
que as restauremos de tempos em tempos.
A
memória funciona como esse álbum. As percepções e as aprendizagens são arquivadas
em forma de pequenos “flashes” que nos permitem lembrar. Mas, se não usados,
com o tempo ficam turvos e se apagam. E para que isso não aconteça ou que dure
por mais tempo é preciso saber que existe uma memória de curta duração e outra
de longa duração.
Imagine
que alguém está querendo trocar uma torneira e não sabe como fazer. Para
executá-la pede a explicação para alguém. Essa explicação é gravada
rapidamente, o suficiente para realizar a troca da torneira. Depois, é
esquecida.
Para
que ela dure mais tempo ou passe para outro nível, ao nível da memória de longa
duração é preciso repetir essa ação várias vezes.
Assim
acontece com as tarefas escolares. Dizer ou mostrar um conceito apenas uma,
duas ou três vezes para um aluno, não adianta nada, pois logo esquecerá. É
preciso repetir várias vezes para que um conhecimento se torne permanente. E o
segredo está na repetição.
Mas,
nos dias de hoje, há um conceito em moda: o de que as repetições são
desnecessárias e as escolas ou professores que as usam são tradicionalistas.
Mas, conte isso para nossa memória. Ela não sabe o que é modernidade ou
tradicionalismo educativo. Sabe apenas que para que ela desempenhe sua função
adequadamente precisa das tais repetições.
E,
por falar em repetições, somos diferentes uns dos outros. Portanto, o número de
repetições que uma pessoa necessita não é comum a todos. Uns precisam de mais repetições que
outros. Isto independe da vontade dos alunos. E isto também não
quer dizer que sejam dispersos, desatentos ou preguiçosos. O fato é simples:
eles não tiveram tempo de “repetir” a quantidade de vezes que fosse suficiente
para transformarem uma aprendizagem em algo mais duradouro.
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