Você
já reparou no jeito das pessoas andarem? Umas andam dando “pulinhos” enquanto
outras parecem deslizar. Umas arrastam os pés, outras, andam com as pontas
abertas (do tipo dez para as duas). Tem aquelas que batem forte os calcares, ou
andam apoiadas nas pontas dos pés. Tem aquelas que andam curvadas para a frente
enquanto outras, parecem engessadas de tão durinhas. E você, como anda?
Andar
é uma das mais fantásticas habilidades conquistadas pelos seres humanos. Mas
para consegui-la foram necessárias muitas modificações na estrutura de nossos
corpos.
Estudos
recentes, feitos em fósseis e análises de DNA, comprovam que os seres humanos
são descendentes de primatas. Não de qualquer macaco, mas de um muito especial
que viveu na África há mais de 7 milhões de anos. Para que isso acontecesse foi
necessário uma série de modificações nas estruturas do corpo desse primata. Uma
de cada vez. E quando ela se espalhava geneticamente, outra tinha início. Essas
modificações incluíram o aumento do crânio e do cérebro, as curvaturas da
coluna vertebral, no formato de pés, mãos e dedos, alargamento da bacia,
alongamento das pernas e braços entre outras, tudo para que pudéssemos ficar em
pé.
E
o que ganhamos com essa posição? Ganhamos o levantamento da face, soltamos
nossos braços e liberamos as mãos para dominarmos qualquer objeto,
desenvolvemos novos centros e circuitos neurológicos e ficamos mais
inteligentes, desenvolvemos a linguagem e podemos nos locomover.
Mas
a postura vertical tem lá suas exigências. Necessitamos de controle da postura
e de equilíbrio. E com isto, necessitamos de um bom funcionamento do cerebelo e
dos ouvidos (sistema vascular) para controlar a pressão interna exercida pela
atmosfera.
Uma
das grandes diferenças que nos distingue dos primatas é o formato dos nossos
pés e dos seus dedos. O calcanhar é mais fino que a base de onde saem os dedos.
E por falar neles, os dedos maior e menor são mais robustos e fortes que os
demais. A lateral externa da sola do pé também é bastante resistente para suportar
o peso do corpo e manter a posição vertical. facilitando o controle
neuromuscular. E não é só isso.
Durante
a locomoção, quando damos um passo, um dos pés suporta sozinho todo o peso
corporal, além de mantê-lo na posição vertical. Enquanto isso, o outro pé é
propulsionado para a frente e repetir o processo. Andar, portanto, é o
movimento alternado de pernas e pés.
Um
andar perfeito é aquele que mantém os pés voltados para a frente, com joelhos o
mais próximo possível e as pernas alinhadas com a bacia e com a 5ª vértebra
lombar formando um triângulo invertido. Para uma propulsão perfeita, o
calcanhar deve tocar o chão antes que as pontas e sem grandes choques.
Todas
as outras formas são erradas e podem causar sérios problemas posturais,
lesionar os músculos das pernas e provocar dores na coluna. Enganam-se as
pessoas que pensam que andar com as pontas abertas dá mais estabilidade e
equilíbrio. Ao contrário, o desequilíbrio é maior, podem sofrer mais quedas e
lesionar os joelhos porque as articulações ficam desalinhadas e voltadas para
fora.
Há
uns 30 anos atrás surgiu no comércio os “andadores”. Foi uma febre. Toda
criança que ficava em pé ia parar nos tais andadores para aprenderem a andar mais
rápido. E ficavam lá o dia todo. E que “sossego” era para os pais! Só que os
pais deixavam de perceber o recurso usado pela criança para dar o impulso e se
movimentar. O resultado desse “sossego” foram muitas crianças problemas
posturais, pernas desalinhadas e curvadas, com pés tortos, joelhos voltados
para fora e andando com as pontas abertas.
Sei
que as crianças que estão iniciando a marcha dão trabalho e sei que é
cansativo. Claro que os pais precisam de um tempo de “sossego”. Não sou contra
o uso do andador desde que haja bom-senso.
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