Muitos pais e professores costumam dizer que as crianças são imaturas quando não conseguem fazer algo como queremos que ela faça. Será que eles estão com a razão? Vejamos então:
O cérebro é formado por milhões de neurônios. Sua função é formar o cérebro e fazê-lo realizar suas funções através da formação de uma rede extensa e complexa cuja finalidade é a de fazer a comunicação entre os neurônios. É dessa maneira que uma informação chega até a área de processamento. Um neurônio é formado pelos dendritos, corpo celular, axônio e terminais axônicos.
São os dendritos quem tece a teia comunicativa para receber a informações a ele ligadas e desenvolver-se. As outras informações vão para o corpo celular. Toda informação que chega ao corpo celular é transformada em impulso elétrico e encaminhada para o axônio. Lá, a informação caminha rapidamente para chegar levada aos terminais axônicos. Para que possa caminhar com eficiência, o axônio precisa ser protegido por um tipo de gordura produzida pelo cérebro, a MIELINA. Os terminais axônicos transformam o impulso elétrico em impulso químico para realizar as sinapses ou seja, a troca de informações..
A produção da mielina está ligada com a maturidade das funções cerebrais. Maturidade quer dizer “estar pronta”. Por isso, a criança anda quando está pronta para andar, fala quando está pronta para falar etc. A falta ou a produção escassa da mielina causa a imaturidade, ou seja, a criança “ainda não está pronta” para realizar determinadas tarefas. Essa falta pode ser momentânea ou indefinida (se o cérebro produzir pouca ou nenhuma mielina)
Quando aprendemos algo novo, um novo dendrito desponta no corpo celular. Se utilizarmos esse novo conhecimento, são agregadas a ele novas informações e ele cresce e se desenvolve buscando se conectar com outros neurônios. Se a aprendizagem ficou só naquele momento, o dendrito atrofia. Por isso mesmo, quanto mais uma criança for capaz de realizar as tarefas sem a ajuda do adulto, mais experiências e mais vivências adquirirá. O corpo celular de seus neurônios ficará repleto de dendritos e, portanto, será mais inteligente, terá raciocínio mais rápido, terá mais iniciativas e solucionará mais facilmente os problemas que a vida impõe. Mas, quando a criança está pronta e não recebe estímulos para que se desenvolva, é erro da educação dada pela família.
Por isso, não se deve confundir a pouca produção de mielina, que é um fato neurológico, com a falta de experiências e vivências da criança, ou seja, o resultado de erro educacional, como no caso da superproteção.
Crianças “mimadas e superprotegidas” não são imaturas, são privadas de desenvolvimento.
Fonte
FIORI, Nicole, As Neurociências Cognitivas. Trad. de Sonia M. S. Fuhrmann. Petrópolis: RJ, Vozes, 2008
KANDEL, Eric (org); SCHWARTZ, James H e JESSEL, Thomas M, Fundamentos da Neurociência e do Comportamento”. Trad de ESBÉRARD, Charles A e ENGELHARDT, Mira de C. Rio de Janeiro; ed Prentice-Hall do Brasil Ltda, 1995,.
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