segunda-feira, 26 de setembro de 2011

O ESQUEMA CORPORAL




O esquema corporal é outro pré-requisito para a aprendizagem da leitura, da escrita e dos cálculos. Não se trata apenas de nomear as partes do corpo ou de saber e apontar essas partes. Mas, de um conceito aprendido ao longo do desenvolvimento do corpo. Por isso, é um conceito que a criança aprende sem que ninguém possa ensinar.

Ao nascer, as crianças trazem consigo uma predisposição para sensações e percepção internas do próprio corpo (proprioceptivas). Predisposição porque ainda não se desenvolveram. Á medida que a criança cresce, aprende a manipular os objetos e, um pouco mais tarde aprende a brincar. Em ambos os casos, as crianças fazem movimentos e são esses movimentos que vão criando e organizando a imagem de corpo.

 Como tudo no desenvolvimento da criança, a imagem de corpo é adquirida através de um processo. E como tal, passa por 3 fases de longa duração.

1ª fase: O CORPO VIVIDO
Esta fase vai de 0 a 3 anos. A criança vive o corpo intensamente e adquire as primeiras experiências corporais. É a fase em que a criança vive em constante movimentação e faz com que as experiências motoras se ampliem através da investigação e exploração do ambiente. Mas, esses movimentos ainda não são automáticos, nem pensados. Os benefícios que eles trazem é uma certa autonomia, a formação da memória de corpo e o inicio da formação da imagem de corpo no final desta etapa.

2ª fase: O CORPO PERCEBIDO OU DESCOBERTO.

Esta fase vai dos 3 aos 7 anos. É uma fase de ajustamento, de maturação das funções interiorizadas e de tomada de  consciência do corpo. Ela já nomeia e aponta suas partes. Mas, o crescimento físico e o desenvolvimento da inteligência promovem novos ajustes. Os movimentos transformam-se em automáticos e há um certo controle e determinação, promovidos pela vontade da criança. A prática os aperfeiçoa,  tornando-se capaz de se movimentar de acordo com o tipo de espaço que encontra. Também percebe que pode posicionar o corpo de outras formas e as associa com os objetos do cotidiano.

Nesta fase, a criança descobre a lateralidade e o eixo corporal. O corpo passa a ser seu ponto de referência no espaço, ou seja, o ponto que ela leva em consideração para estabelecer uma relação com os objetos. Com estas descobertas aprende  uma série de conceitos espaciais (como os de longe, perto, na frente, atrás, entre etc) e de conceitos temporais (como os de ontem, hoje e amanhã, antes e depois). Estes conceitos preparam  para o comportamento pré-operatório.

3ª fase:  O CORPO REPRESENTADO

Vai dos 7 aos 12 anos. O movimentos estão cada vez mais automáticos, controlados pela vontade e por interesses particulares. A imagem de corpo se amplia com a noção do todo e das partes. podendo verbalizar ou desenhar um corpo completo, porém estáticos. Com isto, o esquema corporal se amplia e sua atenção se volta para os detalhes. A partir dos 10 anos, atinge o auge do desenvolvimento do esquema corporal para essa idade. Logo mais, novas alterações físicas farão a criança rever esse esquema corporal devido a entrada da puberdade e da adolescência.

(continua)
Fontes:
BRIKMANN. A Linguagem Do Movimento Corporal. Summus, 2003
MEUR E STAES.Psicomotricidade: Educação e Reeducação, Manole, 1991
RAPPAPORT AT COL, A Idade Pré-escolar, EPU, 2000

Um comentário:

  1. Olá, Sueli! Tudo bem?
    Seu texto é muito válido, principalmente porque aponta para o valor das atividades motoras dirigidas na educação infantil no desenvolvimento do conceito corporal. Infelizmente, essas atividades ricas e prazerosas estão sendo substituídas, cada vez mais, por "atividades na folhinha" de letras e números. Não que estas não sejam importantes, mas, como você bem relata, tudo tem seu tempo. Um abraço!

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