sábado, 22 de outubro de 2011

ESTRUTURAÇÃO ESPACIAL



Este é outro pré-requisito para a leitura e para a escrita e diz respeito á possibilidade que o homem tem de se movimentar e agir nos diferentes espaços existentes. È, portanto, essencial para a vida em sociedade.

Essa estruturação é um trabalho cerebral que nos permite lidar com os espaços e nor relacionarmos com os objetos. Por meio dessa estruturação podemos selecionar, comparar, extrair e agrupar, classificar e categorizar os objetos. Como diz Kephart (1980) é a estruturação espacial quem nos leva a abstrair e a generalizar.

Assim como a imagem corporal, a estruturação espacial é aprendida, mas não pode ser ensinada. E essa aprendizagem ocorre quando a criança se movimenta e experimenta as várias posições do corpo nos vários tipos de espaço. Mais tarde, a criança percebe a relação entre seu corpo e entre os próprios objetos. Por isso, é importante que os adultos permitam o movimento e a experimentação da criança, para que ela perceba e se organize espacialmente.

São condições essenciais para a estruturação:
  • uma boa visão – permitindo que o cérebro aprenda a calcular e fazer estimativas rapidamente e de forma precisa com relação aos movimentos que o corpo executa no espaço.
  • movimentos cinestésicos – que permite identificar os objetos mais lentos
  • uma boa percepção auditiva – que estão ligadas á certos direcionamentos e ao tempo
  • uma boa percepção tátil – que nos permite captar as manifestações afetivas ou agressivas dos objetos ao nosso redor.

Essa estruturação tem início logo após o nascimento. No recém-nascido, a boca é o ponto mais próximo dos braços e mãos. As sensações percebidas com a boca e os movimentos reflexos que realiza com os braços, percebem e criam sensações de bem ou de mal-estares, ligando-se à afetividade.

Por volta dos 3 meses tem início a imagem corporal e dos 6 aos 9 meses, inicia-se a separação do corpo em relação ao ambiente.

Aos 3 anos, a criança já deve ter conseguido uma boa vivência corporal e, com isso, pode se locomover em diferentes lugares e pegar os objetos que desejar. A verbalização permite que ela expresse o que quer e o que sente. Os gestos diferenciados já ordenam suas atividades valendo-se da “classificação”. Também já é possível perceber a posição dos objetos e de se movimentar entre eles. Aprende as  noções e conceitos de “frente, atrás e no meio” devido a definição da lateralização, passando a utilizá-los verbalmente.

Aos 6 anos, aprende outros conceitos, como os de “situação” (dentro, fora, alto e baixo, longe e perto), de “posição” (em pé, deitado e sentado, ajoelhado e agachado e o de inclinado); de “movimento”(levantar, abaixar, empurrar, estender, girar, etc), de “qualidade” (cheio e vazio, pouco e muito, inteiro e metade, etc); de “superfície” (liso, plano, inclinado); de “volume” (leve, pesado, vazio).

Dos 6 aos 7 anos, a criança já é capaz de assimilar a orientação do espaço no papel, podendo organizar em uma folha suas escritas e desenhos. Na leitura, é capaz de se orientar graficamente, utilizando corretamente a posição das letras (p,b,q,d).

Na próxima postagem veremos as implicações da falta desta estruturação.


Fonte

OLIVEIRA, Gislene de Campos. Psicomotricidade: educação e reeducação num enfoque psicopedagógico, Petrópolis, RJ, Ed. Vozes, 1991

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