Os métodos que existem precisam de cursos e treinamentos como o Montessori, o TEACCH, o CURRICULO FUNCIONAL, o ABA dentre outros. Ou são extritamente reservados e de competência de outros profissionais como o BOBATH, por exemplo.
Portanto, para vocês, pais que querem auxiliar seus filhos na aprendizagem escolar, e para vocês, professores que se deparam com alunos com deficiência intelectual e que não é um especialista em outra área, é preciso saber que não existem receitas prontas.
Cada deficiente tem um problema que deve ser considerado, uma personalidade e um jeito próprio de ser, de sentir, de agir e de reagir, agravado ou não pelas complicações provenientes de alguma síndrome.
O que posso passar para vocês, professores, é a minha experiência pessoal. Do que aprendi nos cursos que fiz, no que tenho lido e pesquisado e no trato com pessoas deficientes.
A primeira coisa a fazer é observar o que você sente por aquela pessoa. Nojo? Medo? Indiferença? Repulsa? Estes sentimentos são de certa forma normais devido aos nossos preconceitos. Se sentir isto, passe a criança para outra turma, porque não dará conta do recado. Trabalhe de forma a perder esses preconceitos antes de trabalhar com ela ou com outro (s). Posso afirmar que é muito gratificante.
Em segundo lugar, conheça alguns mitos sobre as deficiências:
- Todos aprendem da mesma maneira - isto é mito e serve para todos, com ou sem deficiência. Cada um tem uma facilidade mais acentuada para aprender melhor e mais rápido, que pode ser a visão, a audição, realizando alguma coisa, ou duas ou tres dessas facilidades juntas. Os deficientes não são diferentes nesta questão.
- Todos tem que raciocinar da mesma forma - observando-se crianças sem deficiência resolvendo um problema prático, podemos perceber que nem todas pensam do mesmo jeito e nem seguem a mesma sequência de ação, embora cheguem a um resultado semelhante. Com os deficientes é a mesma coisa. Uns mais lentos que outros, Uns vão por um caminho, outros,vão por caminhos diferentes. mas todos encontram uma solução, viável ou não.
- Deficiente não aprende - É mito. Dependendo da gravidade da deficiência, uns podem se alfabetizar, outros, não. Para isto, precisamos mudar o conceito que temos de "aprender". Nós, professores, costumamos relacionar "aprender" com as disciplinas escolares. Mas, aprender é muito mais que isso. Uma criança não come sozinha e passa a comer, não senta e passa a sentar, ela não aprendeu? Pode ser que a criança deficiente não aprenda as lições que a escola ou você querem, mas se ela aprender a se relacionar com os amigos, já é uma vitória. com os deficientes, cada pequena conquista é um grande feito, um passo gigantesco.
- Qualquer coisa que a mantenha ocupada está bom - Mito. Nem mesmo as crianças sem deficiência admitem isso. Por que os deficientes têm que se sujeitar? Quando percebem que estão sendo tratados dessa maneira eles reagem e com razão. O essencial é planejar, estabelecer objetivos e metas a serem alcançadas a curto, médio e longo prazo de acordo com as possibilidades de cada um.
Para planejar uma atividade, levantar objetivos e metas é preciso observar a criança deficiente e saber do que ela é capaz. Muitos professores colocam os deficientes longe de si. Faça o contrário, coloque-o perto de você, Assim, será mais fácil observar.
Nessa observação, verifique o que ele pode ou não pode fazer. Ex. Se ele não mexe um braço, estimule o outro. Se ele não consegue segurar o lápis porque é fino demais, engrosse-o com EVA ou com outro material maleável. Se ele não enxerga por ter baixa visão, estimule a audição. Se ele não escreve mais fala, trabalhe a oralidade. E assim por diante, aproveitando o que ele sabe fazer melhor.
Todo deficiente intelectual necessita de muita repetição até que consiga fazer sozinho. Mas, essa repetição não pode cair na mesmice, porque ele não sente que está progredindo. Varie de tempos em tempos. Ex; o treino de traçado do "A" de forma. Se você der a ela 500 folhas de A sempre da mesma forma, ela se cansará e desistirá. Escrever o A em tracinhos, quadradinhos, florzinhas, bichinhos, em palavras, etc, acrescidos de um desafio como "Vamos agora para um mais difícil" fará com que perceba que pode progredir.
Se a criança memorizou o som da letra A (por ex) mas, não sabe ou não consegue escrever, pode apontar, pintar, recortar, colar, separar. Atividades não faltam. desse jeito, podem trabalhar até mesmo a gramática, pondo juntas ou separadas figuras masculinas e femininas, o pequeno e o grande, o singular e o plural.
Os deficientes intelectuais ou os que tem outros problemas cognitivos possuem dificuldade de compreensão. Portanto, use um vocabulário simplificado com eles. Use materiais concretos o mais que puder. O mesmo se dá com Matemática, História, Geografia, Ciências. Com relação a estas disciplinas, não adianta dar muitas explicações. Eles se confundem e não compreendem. Mostre concretamente o que quer, seja ao vivo (quando é possível) ou por meio de figuras. Ex: partes da planta. Trabalhe só isso. Ajude no início. Aos poucos, vá soltando, até que ela consiga realizar a tarefa sozinho. Passe, então, para outro assunto.
Numa classe lotada e com um ou mais deficientes, atenda-os primeiro. Levarão mais tempo para realizar as tarefas. enquanto isso, você cuidará dos outros. E quando tiver um tempinho, ajude-o ou mude de tarefa.
Testar e tentar são as palavras chave. Nunca espere perfeição e tenha muita paciência. Muitas vezes, depois de tanto trabalho, de tudo parecer que não dá certo, e aí, vem uma hora em que você vê os progressos surgindo.
Quem lida com deficientes jamais pode perder 3 coisas: a paciência, a perseverança e a crença de que um dia seu trabalho aparecerá.
Muitas pessoas me perguntam qual o método de ensino que uso. E respondo: Todos e nenhum. Isto porque depende de como a criança aprende, daquale que ela consegue aprender mais rápido e melhor. Essa questão de decidir entre este e aquele, deixo para a escola e para os professores.
Quem tiver dúvidas, problemas com alunos deficientes e quiser ajuda, basta me mandar um e-mail para o contato no cabeçalho do blog, informar a idade, o sexo e a série ou ano que está cursando e que ajudarei com todo o prazer.