Quando
se fala de dificuldades matemáticas falamos especificamente das habilidades, ou
seja, de ”saber ou não” fazer algo relacionado a essa disciplina. Contar,
calcular, resolver problemas, nomear quantidades e registrar por meio de
símbolos numéricos são habilidades fundamentais para a escolarização, porque
são elas que definem o sucesso ou fracasso do educando na disciplina e na
escola.
Sabemos
que as habilidades matemáticas começam a ser aprendidas desde os primeiros anos
de vida, quando os pais insistem para que mostrem a sua idade com os dedinhos.
Mais adiante, pela comparação da quantidade de brinquedos entre elas e os
irmãos, por ouvir os outros contarem vão formando seus próprios conceitos e
desenvolvendo suas experiências com as questões matemáticas. Por serem muito
pequenas, certas dificuldades passam despercebidas, pois são encaradas como
“gracinhas” ou como desconhecimento aritmético. Mas ao chegarem ao ensino
fundamental, as “coisas mudas de figura”, pois logo pensamos em falta de
atenção, desinteresse, pressa de acabar a tarefa dentre outros.
Sabemos
que a escola sempre esteve e continua preocupada em valorizar os acertos e a quantidade
deles define o sucesso ou o fracasso. No entanto, são nos erros que os graus
das dificuldades são revelados, revelam dependendo da frequência com que
ocorrem. Para detectá-los é preciso que se observe como a criança age ao
realizar uma contagem.
Diante
de um grupo de objetos ou figuras a serem contados de um em um, as crianças
podem: - pular um ou mais elementos; - contar corretamente e colocar um símbolo
numérico em desacordo (a mais ou a menos) com essa quantidade; - nas contagens
em série (famílias numéricas do 10, 20, 30...) podem pular ou repetir uma ou
mais dessas famílias, como por exemplo, indo do 19 para o 30, assim: 50, 60,
70,60, ou encontrar dificuldades nas contagens de 2 em 2, de 3 em 3 ... de 10
em 10, de 100 em 100 etc. Já na representação escrita das centenas escrevendo
da seguinte forma:1001, 1002...1009 em vez de 101, 102 .... 109.
Sabemos
que as habilidades matemáticas requerem e dependem de um complexo e intrincado
trabalho cerebral. Para uma contagem perfeita, seja ela oral ou por escrito, é
preciso que a criança compreenda que os símbolos numéricos representam as
quantidades e vice-versa.
A
compreensão matemática é o resultado de um trabalho cerebral entrelaçado e
complexo chamado “processamento da informação” e que esse trabalho inclui
outras habilidades tais como: - articular os conhecimentos matemáticos, linguísticos,
factuais e relacioná-los uns aos outros; - possuir uma memória eficiente para
serem lembrados sempre que necessário; - possuir um sistema de automatização
dos procedimentos eficiente, ou seja, dizer ou escrever os números na ordem e
na sequência correta. Qualquer coisa que atrapalhe essa compreensão pode se
transformar numa dificuldade em diferentes graus: leves, moderadas ou
persistentes.
Se
após algumas explicações a criança melhorar, é porque era uma dificuldade
passageira ou de grau leve. No entanto, se persistir, então é dificuldade
maior.
Uma
dificuldade de origem cognitiva (portanto, neurológica) é sempre persistente.
Mas pode ser mascarada por algumas atitudes dos adultos, como por exemplo, quando
se antecipam ao erro da criança, ou seja, lembram ou dizem a forma correta no
momento em que sabemos que ela costuma errar. Embora faça a contagem oral ou
por escrito de forma correta por algum tempo, mais cedo ou mais tarde, a
dificuldade e se apresenta tal e qual no início da escolarização.