Vários estudos têm sido realizados para que se descubra quais as áreas
cerebrais que entram em ação na resolução de problemas. Sabe-se, porém, que a
dificuldade em resolver problemas tem a ver com a compreensão dos enunciados.
Sabe-se que a leitura dos enunciados dos problemas tem a ver com as
estratégias de compreensão dos mesmos. Por meio da codificação, combinação e
comparação seletiva são fundamentais para que se tenha uma “representação mental” do enunciado do
problema. Essa representação sofre modificações de acordo com o ambiente externo
e do ambiente interno do educando.
Vitor da Fonseca (1995) afirma que atuamos em quatro níveis de
atividades cerebrais para a formação da representação mental: percepção,
imagem, simbolização e conceitualização.
As percepções dependem dos sentidos.
Reconhecemos e decodificamos a informação por meio da “percepção”. Neste momento, os sentidos e
a atenção seletiva entram em ação. A formação das “imagens” é essencial para dar significado à uma situação descrita
no enunciado e para buscar na memória de longo prazo as informações
necessárias. É, portanto, na memória de longo prazo que estão arquivadas as
representações das nossas experiências, vivências e aprendizagens. E elas são
necessárias para a “simbolização”.
A simbolização é uma função cerebral nobre e denominada de “cognitiva
superior”. Essa função se vale das representações
da realidade e das experiências contidas na memória de longo prazo e
possibilita “conceitualização”. A
conceitualização, por sua vez, é a aprendizagem abstrata que os problemas
matemáticos tanto exigem. Mas ainda é pouco.
Para a resolução
de problemas matemáticos também é necessário a utilização de “habilidades
especiais”, conhecidas como “habilidades
metacognitivas”.
METACOGNIÇÃO é uma função especial e que cada
pessoa possui. Por meio dela, as pessoas conhecem seus processos e produtos
cognitivos e generalizam para outras atividades relacionados a eles. Só para
exemplicar, quando uma pessoa consegue imaginar o enunciado de um problema de
adição, todos os outros se tornam fáceis.
A metacognição envolve também um sistema de
monitoramento ativo e regulado para que um objetivo concreto seja alcançado.
Isto porque recebemos constantes informações proveniente do ambiente externo
(exterior ao corpo) e as unimos a outras provenientes da memória de longo prazo
e que contém soluções já utilizadas. Dentre essas soluções encontramos uma que
seja mais adequada na resolução de um determinado problema matemático. Após
isto, julgamos a nossa escolha e elaboramos mentalmente uma justificativa para
sua utilização caso alguém nos questione de acordo com nosso desempenho. Dessa
forma a metacognição exerce as funções de planejamento, execução, estratégias
utilizadas, tomadas de decisões, avaliação e organização em cada etapa da
resolução de problemas.
Mas a metacognição precisa de monitoramento. E este
monitoramento só é conquistado quando o sujeito se conscientiza de que é capaz
de aprender e entender como se resolvem os problemas matemáticos. Assim, de forma racional, um
educando pode saber quais são os seus pontos fortes ou fracos do aprendizado e
será capaz de gerenciar seus procedimentos.
Em suma. o córtex cerebral (camada externa do cérebro) assegura o
relacionamento das informações com o ambiente. Com as informações recebidas
constrói representações e constantemente as atualiza. Graças ao trabalho do córtex
cerebral que permite aos sujeitos planejar ações habituais e não habituais,
elaborar antecipações e selecionar esquemas adequados para cada
situação-problema a ser resolvida.
As dificuldades na resolução de problemas têm
inúmeras causas. Sabemos que as funções
cognitivas, as chamadas superiores, fazem inúmeras conexões com outras áreas
cerebrais. Assim, qualquer problema numa função superior pode afetar essas
áreas como a atenção, a impulsividade, perseverança, linguagem, leitura,
escrita, memória, autoestima e as habilidades sociais. Da mesma forma, as
funções metacognitivas também podem ser afetadas por incoerências vindas de
outras áreas.
E quando os professores das séries iniciais do Ensino Fundamental
afirmam que as crianças que leem mal não conseguem resolver problemas, eles têm
uma certa razão.
Mas não é a única justificativa. Precisamos procurar e entender o que causa a
má leitura.
A percepção, por exemplo, pode não funcionar como deveria e causar
deformações de processamento que, em consequência, construirão representarão
mentais equivocadas.
Educandos com déficits seletivos ou de preservação
de sistemas particulares no tratamento da informação por problemas
neuropsicológicos também ficam impedidos de analisar as estratégias de
compreensão para a resolução de problemas já que são bem mais complexas.
As dificuldades na metacognição prejudicam as
associações com representações errôneas ou que não são adequadas para a solução
de um determinado problema matemático. A falta de vivência e de experiências
reais também podem prejudicar ou impedir as funções cognitivas superiores, as
habilidades metacognitivas e o automonitoramento trabalhem com eficiência.
Deve-se deixar claro que, problemas
neuropsicológicos nada têm a ver com lesões cerebrais ou com deficiência
intelectual, mas que se trata de uma dificuldade em estabelecer estratégias de
compreensão quando se deparam com um problema matemático. Segundo os
pesquisadores, o mau funcionamento dessa região cerebral pode ocasionar diferentes
tipos de dificuldades na resolução de problemas matemáticos.
COMO AJUDAR
Esta é uma pergunta que sempre me fazem. O primeiro
passo é observar o que a criança é ou não capaz de fazer. E quando não é capaz,
procurar o motivo dessa incapacidade e proporcionar a ela, por meio de
orientações, ajudando o aprendiz a tomar
consciência de sua dificuldade e a superar este problema.
O segundo passo, o aprendiz precisa de uma
avaliação e acompanhamento terapêutico para que fortaleçam suas estratégias de
monitoramento e reconheça suas qualidades de aprendiz. Neste caso, colaborar
com o terapeuta em suas solicitações. E por fim, ter muita paciência e
dedicação a ele, sempre com a certeza de tudo vai melhorar