Em
primeiro lugar, é preciso entender que o aluno que não vai mal em matemática
não é porque ele quer ou porque gosta tirar notas baixas. Os discalcúlicos e
acalcúlicos agem dessa forma por uma condição inata ou adquirida.
Uma
condição é inata quando há uma lesão cerebral ou uma disfunção de alguma área
cerebral. Ou seja, as crianças já nascem com essa dificuldade. Nas condições adquiridas,
as causas são mais variadas e podem ser por um ensino superficial e com poucas
repetições; porque as dificuldades das crianças não foram percebidas em tempo e
se cristalizaram; problemas de atenção ou de ansiedade entre outras.
Na
recuperação das dificuldades matemáticas em crianças ou jovens a família, o
psicopedagogo e os professores possuem um papel fundamental.
A
família pode identificar as dificuldades do filho precocemente, ou seja, antes
do início da escolarização. E para isso, deve estar sempre atento á forma como
a criança conta ou lida com as questões matemáticas na vida prática. Pode
ajudar a a criança a lidar com os fracassos, a aceitar os resultados negativos
obtidos na disciplina, não deixar que que esses resultados interfiram na sua
adaptação na vida e procurando um psicopedagogo para ajuda-las a lidar com
essas tarefas. E pode fazer isso através de brincadeiras de contar, de juntar e
tirar, trabalhando com formas, posições e detalhes. Segundo Piaget, brincar é
uma forma de se adaptar, compreender, assimilar e se adaptar no mundo. Brincar
é uma atividade lúdica e séria.
O
professor também deve estar preparado para trabalhar com as crianças e jovens
discalcúlicos e acalcúlicos proporcionando a esses aprendizes o envolvimento, a
participação, o prazer, a ação reflexiva, ação mental reflexiva, a imaginação, a
fantasia, a representação, a magia e a criatividade por meio das atividades
lúdicas, pois são elas que se transformam em experiências significativas e permitem
vivenciar situações em etapas que, possivelmente no cotidiano, passariam
despercebidas.
As
ações pedagógicas visam a construção do conhecimento. E, por causa disso, as
crianças precisam compreender e enfrentar várias situações abstratas, seja em
forma de resolução de problemas, nas operações fundamentais, no uso de fórmulas
de área e perímetro, nos sistemas de medida, peso e capacidade, e mais adiante,
no ensino dos conjuntos e suas representações, frações e estudos de álgebra. E
são essas situações abstratas que dificultam a compreensão das crianças e
jovens que apresentam dificuldade de aprendizagem em matemática. Mas, se essas
mesmas situações forem transformadas em jogos ou brincadeiras as crianças podem
vivenciá-las de forma significativa por meio da simulação, e vivenciar passo a
passo os conteúdos, gradativamente serão compreendidas devido a repetição das
brincadeiras ou dos jogos.
A
Associação Brasileira de Discalculia (ABD) afirma que os professores também
podem se valer de outras estratégias, como por exemplo:
a)
permitindo a utilização de calculadora, tabuada e o caderno quadriculado para
resolver as tarefas;
b)
elaborando provas com questões claras e diretas;
c)
sugerindo que os alunos visualizem os problemas por meio de desenhos;
d)
prestando atenção em como ele desenvolve suas atividades;
e)
tendo sempre em mente que os alunos com discalculia ou acalculia aprendam de uma
forma diferente das outras crianças e que nada é óbvio para eles.
f) usar materiais concretos.
g) permitir o uso de tabuadas ou da calculadora.
Os
professores também podem explorar a percepção de figuras e formas a partir das
figuras geométricas e suas representações, iniciando pelas mais simples e incentivar
a observação dos detalhes, semelhanças e diferenças para que os aprendizes
tenham uma experiência graduada, Podem ainda explorar as representações
espaciais e a localização dos objetos, tais como: em cima, embaixo, no meio,
entre, primeiro e último. Essa experimentação também pode ser realizada ao
formar a fila na hora da entrada.
Já
os conceitos de ordem e de sequência dos numerais podem ser trabalhados a
partir dos dias da semana, dos meses, das estações do ano, dos números ordinais
(primeiro, segundo, etc).
A
representação mental é favorecida por meio de atividades simples e usando as
mãos dos aprendizes para indicar as quantidades com os dedos ou o tamanho e o
comprimento dos objetos. Jogos de quebra-cabeça são bem-vindos. A criança preenche
espaços com figuras de determinado tamanho, escolhido entre outras da mesma
forma e de tamanhos diferentes.
Com
relação ao conceito de número, o professor pode trabalhar com as
correspondências biunívocas (pareamento), seja construindo fileiras de objetos
idênticos. Pode-se ainda associar os símbolos matemáticos e compreensão
auditiva relativas a quantidades por meio da dança ou de atividades rítmadas.
Nas
operações aritméticas, é preciso inicialmente que os aprendizes entendam os
conceitos de cada operação, como por exemplo: a adição indica um acréscimo; a
subtração indica uma diminuição; a multiplicação é a repetição de parcelas iguais
e a divisão é repartir em partes iguais.
A
educação motora também pode ser explorada. Brincadeiras de : localizar, planejar,
reconhecer, observar, acompanhar, corresponder, movimentar, coordenar e cumprir
regras, assim como a prática da capoeira.
Paralelo
a tudo isto, podemos ainda contar com os jogos pedagógicos. Eles trabalham a atenção,
a concentração, a ação mental, o desafio, a rapidez e o planejamento.
Como
já dissemos no início deste texto, a ludicidade é indispensável ao aprendizado
principalmente para quem tem dificuldade na matemática. Por meio de atividades
lúdicas os aprendizes exploram o mundo e os ambientes, mostram onde estão suas
dificuldades e, ao mesmo tempo, desenvolvem a memória, a imitação, a imaginação
e a socialização que são aspectos importantíssimos para as aprendizagens.
Os
jogos e as brincadeiras são mecanismos psicológicos e pedagógicos e contribuem
tanto para o desenvolvimento mental quanto para a aprendizagem da linguagem. Ao
brincar ou jogar damos a oportunidade para que os aprendizes dicalcúlicos e
acalcúlícos lidem com seus medos, inseguranças, ansiedade e as frustrações que
enfrentam com a matemática. Ao mesmo tempo, redimensionam a sua relação com as
aprendizagens, restabelecem o desejo de aprender e adquirem a confiança em si
mesmos e na sua capacidade de aprender. Por isso, o prazer contido nas
atividades lúdicas é tão fundamental.
Ao
psicopedagogo cabe o trabalho de ajudar o aprendiz a ter uma imagem melhor de
si mesmo, propondo atividades que valorizem suas qualidades, suas capacidades
para que possam se adaptar á escola. Não se deve fixar apenas as dificuldades
que apresenta. É preciso ir além. Por isso é preciso que o profissional conheça
as potencialidades dos alunos.
O
terapeuta terá sucesso nas intervenções se trabalhar a habilidade léxica (as
noções de números elementares de 0 a 9); as habilidades sintáxicas (a produção
de novos números elementares); e quando noções de quantidade, ordem, tamanho,
espaço, distância, hierarquia, cálculos com as quatro operações e raciocínio
matemático forem trabalhados como experiências não verbais significativas.
O
terapeuta também trabalha as percepções viso-espaciais de figuras e formas, observar
detalhes, semelhanças, diferenças e relacionar as experiências significativas do
cotidiano, com fotos, imagens, tipo, tamanho, largura, espessura e somente
depois passam para números, letras e figuras geométricas.
Assim, chegamos ao final deste estudo, que foi muito importante para mim. Espero que também tenha sido para vocês.