Normalmente, chamamos
qualquer dificuldade matemática de DISCALCULIA. Mas não é bem assim, diz a
literatura especializada. Quando as dificuldades atingem somente as questões
matemáticas, aí sim, podemos nos referir a elas como “discalculia”.
A DISCALCULIA não
é falta de atenção ou de concentração. É um problema neuropsicológico, um
distúrbio do desenvolvimento, que faz com que alguns conhecimentos não sejam
observados e memorizados, impedindo
que o portador faça as contagens e a realização das operações fundamentais
(adição, subtração, multiplicação e divisão) e dos cálculos mais avançados como
álgebra, trigonometria e geometria, de forma adequada, coerente e numa
determinada ordem ou sequência.
A discalculia pode ou não vir associada a uma determinadas
comorbidades, como por exemplo: a dislexia, o TDAH, epilepsia, afasias,
Sindrome de Turner e crianças com diagnóstico de limítrofes.
As causas da
discalculia são inúmeras e variadas. E podem ser:
a) causas
físicas: lesões
cerebrais; alterações
neurológicas; aparecimento
tardio da linguagem; deficiência nas habilidades verbais; alterações
psicomotoras, falhas de
estratégias; imaturidade do lobo frontal, afasias, dificuldades viso-espaciais
ou, entre outras.
b) causas genéticas: alterações no desenvolvimento intelectual,
principalmente, no raciocínio lógico-abstrato; atraso de maturação da atenção, memória imaginação,
psicomotricidade, lateralidade, ritmo, automatização problemática da memória para realizar as combinações numéricas.
c) causas
ambientais: falta de
consciência dos passos a seguir; dificuldades
no pensamento abstrato; falta de
motivação; dificuldades socio-ambientais; escassez de conhecimentos prévios; falta de automatização dos procedimentos simples do
cálculo; utilização
de uma linguagem inadequada para as crianças.
d) perturbações emocionais: estados hiperemotivos, absentismo escolar (recusa
em fazer uma atividade). As crenças a respeito da Matemática é um domínio
subjetivo, mas que podem prejudicar ou impedir a criança de aprender essa
disciplina. Nas crenças há fatores conscientes e inconscientes que atuam nos
sujeitos. Porém, os fatores inconscientes são os que mais afetam os pequenos e
são, também, os mais complexos e marcantes na vida deles.
Mas há as crenças dos próprios sujeito formando uma
crença a seu próprio respeito como estudante. O mesmo também ocorre sobre a
forma como o estudante vê o professor, e de como os familiares enxergam a
Matemática.
Esses fatores perturbam o modo como os
discalcúlicos vêm os objetos se agrupam, sobre acontece o ensino dessa
disciplina, sobre o ambiente escolar ou sobre a visão de si mesmo em relação aos
números, contas, problemas e as tabuadas. As crenças também estão relacionadas
à metacognição e autoconsciência.
e) transtorno de conduta; lentidão nas respostas, timidez excessiva, fala
monossilábica, pouca criatividade, enxerga um exercício já aprendido como se
fosse a primeira vez. Tudo que se trata de números é para os discalcúlicos
um grande bicho de sete cabeças.
A discalculia apresenta vários tipos:
Discalculia
léxica: que
apresenta dificuldades no reconhecimento e na leitura de símbolos matemáticos.
São crianças que saltam números, que contam de forma desordenada, se contam na
sequência nunca contam certo para mais ou para menos. São causadas por lesões do lobo
temporal-occipital-parietal, que causa a perda do conceito do número.
Discalculia verbal: que apresenta
dificuldade em nomear corretamente quantidades, números, termos e símbolos matemáticos.
Geralmente, são causadas por afasias dos tipos:
a) sensorial: que causa alterações acústico-gnósicas por lesões do temporal
esquerdo
b) motora: que causa alteração
da linguagem interna por lesões do frontal esquerdo. E por isso, não conseguem
compreender os números como símbolos de representação das quantidades.
Discalculia
gráfica: dificuldade na escrita dos números e dos símbolos
matemáticos (+, _ , X, :, > e <, = e ≠ e tabuadas) e não entendem seu
significado e quando e onde usá-los.
Discalculia
operacional: dificuldade na montagem das operações e nos
cálculos numéricos por lesões da área
frontal esquerda e que interferem na planificação da resolução de problemas
numéricos ou por lesões da área frontal direita, encontrando dificuldade para
planejar a resolução de problemas espaciais.
Discalculia practognóstica: a dificuldade está na enumeração,
manipulação de objetos reais ou em forma de imagens. Ou seja, não relacionam
uma certa quantidade com o número que a representa. Isto geralmente acontece
por lesões do lobo temporal parietal,
o que causa alterações dos gestos motores.
Discalculia ideognóstica: são dificuldades nas operações mentais
e no entendimento dos conceitos matemáticos. Ou seja, não apresentam cálculos
mentais.
Discalculia adquirida: são crianças que, mesmo sem lesões, mostram dificuldades matemáticas por outros fatores, como a falta de estímulo familiar e de oportunidade de praticar (pais super-protetores ou simbóticos) ou por fator emocional (medo da disciplina por ouvir dizer que é difícil e complicado).
O DIAGNÓSTICO
O diagnóstico é fácil. Na primeira infância,
normalmente, as crianças erram ao mostrarem dois ou três dedinhos
correspondente á sua idade. Após essa idade, se errar é bom procurar um psicopedagogo.
Outro modo de se perceber, é quando a criança, em idade escolar, começa a
trabalhar com números e contas. Os professores são os primeiros a perceberem
quando há algo de errado e, quando isto acontecer, devem encaminhar a um
psicopedagogo.
PRINCIPAIS SINTOMAS NO COMPORTAMENTO
Além das dificuldades matemáticas, outros sintomas
se observam no comportamento da criança. Os disléxicos têm uma aparência normal,
brinca e age como uma criança qualquer. Já depois que entram em contato com a
matemática podem mudar o comportamento.
1- São muito caladas
e tendem ao isolamento
2- Falam por
monossílabos e o diálogo não fluem.
3- Não procuram o
professor para resolver suas dúvidas ou pedir novas explicações.
4- São extremamente
lentas na realização de uma tarefa.
5- Podem chorar,
arregalar os olhos ou empalidecer diante de um exercício, mesmo que seja
conhecido, porque ela os vê como se fosse a primeira vez.
6- Baixa autoestima,
baixa autoconfiança e muita frustração devido aos constantes fracassos. Insegurança, medo de errar são frequentes.
7- Timidez excessiva
TRATAMENTO DA DISCALCULIA
Infelizmente, nenhum tratamento medicamentoso ou não se mostrou eficaz
por ser causado por lesões na área cerebral. Mas, os terapeutas podem ajudar
encontrando maneiras para compensar a desordem, valendo-se de técnicas de
aprendizagem apropriadas a cada caso.