DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM
Costumamos comentar que certas
pessoas têm ou não têm boa lembrança de fatos e situações. Algumas vezes, os
comentários são pejorativos. Algumas crianças, alguns adolescentes e a maioria
dos idosos são chamados de burros, “gagás”, loucos ou desmemoriados
simplesmente porque as lembranças custam para acontecer ou já não acontecem com
a mesma rapidez de épocas anteriores.
Lembrar é uma capacidade humana
importante não só para as aprendizagens escolares, mas para a vida. Somos o que
somos por que construímos lembranças, ou seja, adquirimos, conservamos
informações e as evocamos quando se faz necessário. A essa capacidade dá-se o
nome de MEMÓRIA.
Que a memória é uma atividade
cerebral todo mundo já sabe. Mas, onde se localiza? Está no cérebro todo ou
numa área específica? Como construímos nossa memória? Ela tem um só tipo ou
vários? Estas e outras questões tornaram (e ainda tornam) o estudo da memória
instigante e desafiador para todo e qualquer pesquisador.
Assim, até a metade do século
passado, os estudiosos acreditavam que a memória estava espalhada por todo o
cérebro e sua construção dependia apenas da atenção, da linguagem e das
percepções. Hoje, sabe-se que a memória está localizada em áreas específicas do
cérebro e sua construção se deve a tudo o que o ser humano aprende no contato
com as pessoas e com os objetos.
estímulos visceroceptivos
Segundo o pesquisador brasileiro Antônio
Branco Lefrèvre (professor titular da Faculdade de Medicina da USP de São Paulo
e considerado o “pai da neurologia brasileira”), os seres humanos estão
expostos a todos os tipos de estímulos. Ele não se refere apenas aos estímulos
internos (VISCEROCEPTIVOS) provenientes do organismo humano em
funcionamento, nem tampouco aos estímulos motores e sensoriais (PROPRIOCEPTIVOS), aos
estímulos externos do ambiente (EXTERIOCEPTIVOS) ou aos estímulos intelectuais
(COGNITIVOS). Mas, principalmente, a toda sorte de estímulos emocionais
(PSICOLÓGICOS) como os afetos, interesses, necessidades e desejos das pessoas.
Afirma também que todos esses estímulos podem facilitar ou atrapalhar as
aprendizagens e a memorização das informações.
estímulos psicológicos
Os estímulos visceroceptivos, proprioceptivos, exterioceptivos e cognitivos fazem parte de uma forma de memória mais realista e objetiva
chamada de “memória explícita” por
estarem ligados às experiências e vivências no relacionamento com as pessoas,
com os objetos e com o mundo. Já os estímulos psicológicos são uma forma de
memória mais subjetiva chamada de “memória
implícita”, por estarem ligados ao prazer ou desprazer sentido em cada
experiência ou vivência.
Assim, aprendemos e lembramos com
mais facilidade do que nos causou prazer, o que é do nosso interesse, da nossa
necessidade ou desejo e tendemos a esquecer o que nos desagrada, o que nos é
imposto ou que não necessitamos. Por outro lado, o que nos causa dor,
sofrimento ou repulsa nem sempre é esquecido, pois foram experiências ou
vivências que não desejamos repetir.
Apesar de termos várias áreas
destinadas a guardar às milhares lembranças pessoais e bilhões (ou mais) de
informações do mundo, é preciso esquecer para "desocupar lugar" e caber as mais
recentes. E é aí que a atenção e a concentração são importantes.
Em cada experiência colocamos
maior ou menor quantidade de atenção e, consequentemente, de concentração.
Durante o sono, o cérebro trabalha no arquivamento dessas informações na
memória. Portanto, as experiências e atividades em que depositamos pouca
atenção são descartadas por serem consideradas pelo cérebro como informações de
pouco valor. É por isso que os estudantes reclamam dos famosos “brancos” na
hora da prova. Por isso, estudantes, se quiserem
tirar boas notas, estudem bastante e com muita atenção e concentração.
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