O
atraso de fala é um dos tipos de distúrbios que ocorre no processo de aquisição
da linguagem e merece atenção especial. Várias
são as causas desses atrasos.
Chamamos
de atraso ou retardo da fala quando a criança leva um tempo maior para começar
a dizer as primeiras palavras ou para pedir o que necessita. Sabe-se que até os
2 anos e meio as crianças devem expressar seus desejos e necessidade por meio
da produção de palavras, mesmo que não as pronunciem completamente.
Os
primeiros anos de vida são importantíssimos para a aquisição e o
desenvolvimento de várias competências. Dentre elas, as competências
linguísticas. Os primeiros anos constituem um período em que o cérebro se
desenvolve com maior rapidez e se torna mais sensível e receptivo aos estímulos
e experimentações.
Quando
um recém-nascido está sujo e incomodado, ele chora. A mãe vai até ele e o
troca. Com isso, o bebê aprende que chorar é a forma que deve proceder sempre
que necessitar. Mas, o bebê cresce e experimenta novas formas de comunicação
com os adultos. Uma delas é o olhar.
Quando
ele olha na direção do adulto e este o afaga, brinca com ele ou diz alguma
coisa, reforça novamente na criança, a ideia de mensagem recebida e entendida. Esta
nova descoberta a mantém motivada, passando a experimentar outros modos
comunicativos como: o sorriso, o gesto, o som, as palavras e as frases. Neste
sentido, a participação dos adultos é fundamental. No entanto, se o adulto não ligar
para a esses sinais, a criança entenderá que esta forma não servem para a
comunicação, pois a resposta não veio. Esta é, portanto, uma causa ambiental.
Tomemos
como exemplo, uma criança que mostra ter uma boa e adequada compreensão para a
idade, parece inteligente e esperta. Ela brinca, olha, interage, sorri, imita.
No entanto, fala pouco quando comparada a outras de sua idade.
Observando
o comportamento dos adultos, nota-se que são muito rígidos e repreendem a
criança constantemente e em tudo o que faz. Também é comum ouvir-se expressões
como estas: “cala a boca”; “Aqui quem fala sou eu”; “Você não sabe nada”. Esses
adultos impedem que a criança exercite a comunicação. A criança trava e não adquire
o repertório vocabular necessário. Neste caso, a causa é psicológica.
Uma
terceira causa é mais grave. Em muitos casos, distúrbios neurológicos são a
causa principal dos atrasos de linguagem. Esses distúrbios estão associados a vários
tipos da deficiência intelectual e na paralisia cerebral.
São
distúrbios associados: os “MOTORES”, que atingem a articulação do maxilar
inferior e prejudica a mastigação, a deglutição e, consequentemente, a fala. A
HIPOTONIA (flacidez) do músculo da língua, quando esse órgão parece não caber
na cavidade bucal, como ocorre na Síndrome de Down e na paralisia cerebral.
Mas, também podem ocorrer em crianças que chupam a chupeta ou dedo por longo
tempo.
Os de RECEPÇÃO DAS INFORMAÇÕES AUDITIVAS, como ocorre nas pessoas
surdas. Os de PROCESSAMENTO AUDITIVO, em que as pessoas afetadas ouvem
normalmente, mas o cérebro não consegue distinguir os sons semelhantes, como c/g,
p/b, m/n, f/v, t/d. A fala destas
pessoas apresenta trocas sonoras significativas como a troca do “j por ch” e
vice-versa, dizendo “chanela” ou “jinelo” querendo referir-se a “janela e chinelo”
respectivamente. A ANOMIA, que é a dificuldade em aprender e memorizar o nome
de pessoas e objetos do cotidiano.
Os
pais devem estar sempre atentos a fala das crianças. Embora algumas omissões e
trocas de sons sejam normais por conta do desenvolvimento infantil, alguns indícios
podem identificar problemas. Se a criança pular a fase do balbucio, não esboça
nenhum gesto quando é chamada pelo nome ou não reage diante de um ruído intenso
pode ser um problema de recepção auditiva ou apresente sinais de surdez. Neste
caso, o especialista mais indicado é o otorrinolaringologista.
Nos
demais casos, se até os 4 anos, não houver progressos, os pais devem consultar:
o neurologista (se apresentam dificuldades motoras, hipotonia ou anomia); o fonoaudiólogo
(se as trocas e omissões de letras persistentes), o psicólogo (se há medo ou
recusa na exposição de pensamentos).
As
consequências do atraso geralmente são danosas. Podem afetar as aprendizagens
de modo geral, o rendimento escolar e perdurar até a idade adulta. Portanto,
quanto mais cedo a causa do atraso for detectada, diagnosticada e mais precoces
forem as intervenções, menos danos causarão.
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