sexta-feira, 19 de janeiro de 2018

A AVALIAÇÃO, O DIAGNÓSTICO e TRATAMENTO DA PARALISIA CEREBRAL

Nenhum bebê que nasce com Paralisia Cerebral apresenta estigma, ou seja, sinais de que possui uma lesão cerebral. Mesmo os pés equinovaros (voltados para dentro e joelhos abertos para fora) podem ser facilmente confundidos com outras causas. Isto significa que não há como saber.


Durante os três primeiros meses de vida também não apresentam qualquer indicio de que há algo de errado. Esta é uma fase de reflexos e todos os bebês passam por ela. Já no 4º mês, alguns sinais podem ser observados. As mamadas que eram fartas nos meses anteriores, parecem não esvaziar completamente os seios. Engasgos e golfadas tornam-se mais frequentes a cada semana.

A partir do 4º mês, os movimentos de pernas e braços diminuem naturalmente para todos os bebês, incluindo quem tem Paralisia Cerebral. É nesta época que os movimentos reflexos vão cedendo espaço para os movimentos voluntários. Erguer os braços, estirar as pernas de quando em quando, mudar a cabeça de posição são ações normais para a maioria dos bebês. Mas isto não acontece com quem tem Paralisia Cerebral. Embora queiram, não conseguem fazê-lo.

Durante o final do 4º e meados do 5º mês podem surgir movimentos exagerado, semelhantes a sobressalto em que braços e pernas estiram e a musculatura ficar tensa e endurecida ou aparecer movimentos muito rápidos. Estes movimentos são facilmente percebidos pelas mães porque são bastante estranhos porque são frequentes e repetitivos. E se aparecerem, é o momento em que a família deve procurar ajuda profissional, porque há algo de errado. Bebês normais não apresentam esses movimentos.


Infelizmente, diante destes sintomas, as mães procuram se aconselhar com pessoas “mais experientes”. Costumeiramente, essas pessoas costumam dizer afirmar “que está tudo bem, todos os bebês agem dessa maneira, que é melhor esperar mais um pouco porque pode ser algo passageiro”. E assim, o tempo vai passando.

Mãe, lembre-se:
·        Siga a sua intuição ao se deparar com movimentos estranhos de seu filho e procure rapidamente o pediatra e insista numa pesquisa neurológica.

Além do tempo gasto com os tais “conselhos”, marcar as consultas, fazer os exames e esperar pelos resultados leva mais outro tempo. E se fizermos as contas o diagnóstico acaba acontecendo quando o bebê terá pouco mais de um ano. E aí pode ser tarde demais.

A Paralisia Cerebral se instala aos poucos. Aparece um efeito aqui, outro ali. E quando os efeitos acontecem, a lesão já fez um bom estrago, minando e emperrando a musculatura e as articulações nos movimentos voluntários. E esse estrago é devastador. Por isso, quanto mais depressa for diagnosticado e tratado, menos efeitos devastadores a Paralisia Cerebral produzirá porque esses efeitos serão monitorados e haverá maior controle sobre eles.

Lembre-se:
·        Pense sempre que a rapidez ou a demora na procura do profissional pode definir a gravidade que seu bebê terá no futuro.


O DIAGNÓSTICO

O pediatra deve encaminhar ao neurologista pediátrico. Este, por sua vez, precisa avaliar as condições físicas do bebê, ou seja:
·    - Verificar a presença de atrasos no desenvolvimento motor, se são ou não persistentes, se são anormais ou não, e se os reflexos defensivos (se existe ou não o apoio do corpo sobre os braços, como se fizesse uma flexão);

·      -  Entrevistar os pais para obter detalhes do quando e como foram percebidos os efeitos nos movimentos e se há outros casos na família.

·        - Realizar exames físicos minuciosos para eliminar a possibilidade de degeneração do SNC, de tumores espinhais ou distrofia muscular (doença ataca e atrofia os músculos levando à morte prematura).

·        -   Encaminhar para exames com outros profissionais, tais como: eletroencefalograma (EEG), tomografia computadorizada (TC), tomografia de Emissão de Positrons (PEC-TC) – para a localização da lesão no espaço cerebral com mais precisão, para detectar problemas no ramo central dos neurónios (desmielinização), coágulos sanguíneos ou células cancerígenas no cérebro, detectar doenças desmielinizantes e processos infiltrativos (infecções). É um exame caro e os planos de saúde que muitas vezes não os fazem. Exames adicionais podem incluir testes das funções auditiva e visual. De posse de todas estas informações, é encaminhado para o tratamento.

O TRATAMENTO

O tratamento também é multidisciplinar, ou seja, realizado por um grupo de profissionais de diferentes setores e que trabalham em conjunto, tais como: otorrinolaringologista, oftalmologista, ortodontistas, ortopedistas e cirurgiões ortopédicos e outros (se for preciso), que cuidarão do controle físico. Além destes, o psicólogo (ajudar e orientar a família), o terapeuta ocupacional (ensinar a trabalhar os movimentos necessários como mastigar, engolir, movimentar o corpo e os membros), fonoaudiologistas (ensinar os movimentos da fala), e mais tarde, o psicopedagogo (para acompanhar as questões escolares).

Todos esses profissionais possuem abordagens e objetivos específicos a serem cumpridos no tratamento e um objetivo comum: a reabilitação da pessoa com Paralisia Cerebral. São tratamentos demorados, ou seja, levam alguns anos dependendo de cada caso. No entanto, é um trabalho benéfico, sendo que nenhum deles pode ser desprezado ou substituído.

Embora cada profissional faça a sua parte individualmente, todos colaboram para um único fim: a reabilitação física, mental e emocional do paciente. Reabilitar significa torná-lo capaz de realizar coisas com autonomia (por ele mesmo) que são comuns no cotidiano. É a autonomia que nos traz o bem-estar e nos prepara para o futuro.

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