Nenhum bebê que nasce com Paralisia Cerebral apresenta
estigma, ou seja, sinais de que possui uma lesão cerebral. Mesmo os pés
equinovaros (voltados para dentro e joelhos abertos para fora) podem ser
facilmente confundidos com outras causas. Isto significa que não há como saber.
Durante os três primeiros meses de vida também não
apresentam qualquer indicio de que há algo de errado. Esta é uma fase de
reflexos e todos os bebês passam por ela. Já no 4º mês, alguns sinais podem ser
observados. As mamadas que eram fartas nos meses anteriores, parecem não
esvaziar completamente os seios. Engasgos e golfadas tornam-se mais frequentes
a cada semana.
A partir do 4º mês, os movimentos de pernas e braços
diminuem naturalmente para todos os bebês, incluindo quem tem Paralisia Cerebral.
É nesta época que os movimentos reflexos vão cedendo espaço para os movimentos
voluntários. Erguer os braços, estirar as pernas de quando em quando, mudar a
cabeça de posição são ações normais para a maioria dos bebês. Mas isto não
acontece com quem tem Paralisia Cerebral. Embora queiram, não conseguem
fazê-lo.
Durante o final do 4º e meados do 5º mês podem surgir movimentos
exagerado, semelhantes a sobressalto em que braços e pernas estiram e a
musculatura ficar tensa e endurecida ou aparecer movimentos muito rápidos. Estes
movimentos são facilmente percebidos pelas mães porque são bastante estranhos porque são frequentes e repetitivos. E
se aparecerem, é o momento em que a família deve procurar ajuda profissional,
porque há algo de errado. Bebês normais não apresentam esses movimentos.
Infelizmente, diante destes sintomas, as mães procuram se aconselhar
com pessoas “mais experientes”. Costumeiramente, essas pessoas costumam dizer afirmar
“que está tudo bem, todos os bebês agem
dessa maneira, que é melhor esperar mais um pouco porque pode ser algo
passageiro”. E assim, o tempo vai passando.
Mãe, lembre-se:
·
Siga a sua intuição ao
se deparar com movimentos estranhos de seu filho e procure rapidamente o
pediatra e insista numa pesquisa neurológica.
Além do tempo gasto com os tais “conselhos”, marcar as consultas,
fazer os exames e esperar pelos resultados leva mais outro tempo. E se fizermos
as contas o diagnóstico acaba acontecendo quando o bebê terá pouco mais de um
ano. E aí pode ser tarde demais.
A Paralisia Cerebral se instala aos poucos. Aparece um
efeito aqui, outro ali. E quando os efeitos acontecem, a lesão já fez um bom
estrago, minando e emperrando a musculatura e as articulações nos movimentos
voluntários. E esse estrago é devastador. Por isso, quanto mais depressa for
diagnosticado e tratado, menos efeitos devastadores a Paralisia Cerebral produzirá
porque esses efeitos serão monitorados e haverá maior controle sobre eles.
Lembre-se:
·
Pense sempre que a
rapidez ou a demora na procura do profissional pode definir a gravidade que seu
bebê terá no futuro.
O DIAGNÓSTICO
O pediatra deve encaminhar ao neurologista pediátrico. Este, por sua vez, precisa avaliar as
condições físicas do bebê, ou seja:
· - Verificar a presença de
atrasos no desenvolvimento motor, se são ou não persistentes, se são anormais
ou não, e se os reflexos defensivos (se existe ou não o apoio do corpo sobre os
braços, como se fizesse uma flexão);
· - Entrevistar os pais
para obter detalhes do quando e como foram percebidos os efeitos nos movimentos
e se há outros casos na família.
· - Realizar exames físicos
minuciosos para eliminar a possibilidade de degeneração do SNC, de tumores
espinhais ou distrofia muscular (doença ataca e atrofia os músculos levando à
morte prematura).
· - Encaminhar para exames
com outros profissionais, tais como: eletroencefalograma (EEG), tomografia
computadorizada (TC), tomografia de Emissão de Positrons (PEC-TC) – para a
localização da lesão no espaço cerebral com mais precisão, para detectar
problemas no ramo central dos neurónios (desmielinização), coágulos sanguíneos
ou células cancerígenas no cérebro, detectar doenças
desmielinizantes e processos infiltrativos (infecções). É um exame caro e os
planos de saúde que muitas vezes não os fazem. Exames
adicionais podem incluir testes das funções auditiva e visual. De posse de todas estas informações, é encaminhado para o
tratamento.
O TRATAMENTO
O tratamento também é multidisciplinar, ou seja, realizado por
um grupo de profissionais de diferentes setores e que trabalham em conjunto, tais
como: otorrinolaringologista, oftalmologista, ortodontistas, ortopedistas e
cirurgiões ortopédicos e outros (se for preciso), que cuidarão do controle
físico. Além destes, o psicólogo (ajudar e orientar a família), o terapeuta
ocupacional (ensinar a trabalhar os movimentos necessários como mastigar,
engolir, movimentar o corpo e os membros), fonoaudiologistas (ensinar os
movimentos da fala), e mais tarde, o psicopedagogo (para acompanhar as questões
escolares).
Todos esses profissionais possuem abordagens e objetivos específicos
a serem cumpridos no tratamento e um objetivo comum: a reabilitação da pessoa com
Paralisia Cerebral. São tratamentos demorados, ou seja, levam alguns anos
dependendo de cada caso. No entanto, é um trabalho benéfico, sendo que nenhum
deles pode ser desprezado ou substituído.
Embora cada profissional faça a sua parte individualmente,
todos colaboram para um único fim: a reabilitação física, mental e emocional do
paciente. Reabilitar significa torná-lo capaz de realizar coisas com autonomia (por
ele mesmo) que são comuns no cotidiano. É a autonomia que nos traz o bem-estar
e nos prepara para o futuro.
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