Muitas pessoas acreditam que alguém que tenha paralisia cerebral não pode fazer nada. Na verdade, só não conseguem fazer algo se, desde crianças, os adultos fizerem tudo por ele, para ele e no lugar. Dessa maneira, essa pessoa se sentira realmente incapaz.
A nossa tarefa como profissionais da Pedagogia: mostrar a todo momento que eles não são, nem nunca foram, o que pensavam ser, ou melhor, o que outros fizeram com que eles pensassem dessa maneira.
Então, qual o caminho para fazê-mudar seu modo de pensar a vida e de si mesmo? A resposta é simples: com ATIVIDADES ARTÍSTICAS. Mas é preciso respeitar suas dificuldades indo do simples para o complexo aos poucos e constantemente.
Mostro aqui o que tenho feito com o PC que atendo. Um jovem que possui pouca criatividade porque nunca desenhou, nem qualquer outra atividade deste tipo. Estas atividades não se destinam somente aos PCs, mas as crianças e jovens com deficiência intelectual também.
COLAGENS
As primeiras colagens foram semi-pronta, ou seja, partes coladas, pontinhos marcando os lugares onde colar. O objetivo: mostrar as possibilidades.
A partir daí, nas próximas colagens, já dizia a ele para colar onde quisesse. E ia dando sugestões quando percebia que ele colava muito separado ou colar sobre outra forma quando não havia muito espaço. E ele fez uma porção deste tipo.
Fui percebendo que ele só colocava uma peça sobre outra se eu o lembrasse. Calculei que ele não havia desenvolvido a criatividade e para que isso acontecesse, era preciso agir de outra forma. E passei a usar um apoio visual, para isso, usei formas geométricas. Assim, bastava que ele encontrasse a forma adequada para cada espaço. O resultado foi este robô, que mais tarde serviu para uma produção de texto oral.
Após trabalhar outros desenhos como as do robô, passei a usar uma espécie de legenda: pequenos círculos para as flores. O restante estava pronto. Trabalhei aqui, a percepção dos pequenos círculos devido a baixa visão.
Numa segunda etapa, a legenda contava com três etapas: linhas grandes (para os cabos), traços pequenos (folhas) e pequenos círculos (flores). Aproveitei este trabalho para mostrar a ele as diferentes texturas dos materiais utilizados. Várias outras do esmo tipo foram realizadas.
Como terceira etapa, além da legenda, procurei trabalhar a sequência de colagem num motivo mais elaborado. O objetivo mostrar que tudo o que está por baixo, deve ser feito primeiro. Por meio de questionamentos como "o que acontece se colocarmos as flores primeiro"? E a resposta foi clara: - As flores caem.
Depois disso, baseados nas atividades anteriores, ele já foi dizendo e apontado as linhas pequenas: - Aqui vão as folhas e apontando os pequenos círculos: - Aqui as flores. E assim foi feito.
Com a proximidade do natal de 2017, coloquei sobre a mesa o vaso e a árvore. Na folha havia apenas uma linha pontilhada. Mostrei a ele que a colagem deveria começar dali. Pedi que colocasse ali a figura a ser montada. O objetivo era o de avaliar os conhecimentos básicos que havia ensinado. mais que depressa ele pegou o "vaso" e depois, a "árvore" sem colar. Pronto: aprendizagem realizada.
A colagem foi realizada em seguida. E para dar um ar mais festivo, colou bolinhas de papel crepom, trabalhando mais uma vez a preensão indicador-polegar e nova textura.
Aguarde outras formas artísticas que foram
trabalhadas, na próxima postagem.
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