Assim,
você detectou que seu filho tem um medo. E o que fazer?
1-
Qualquer medo imaginário que seu filho possa vir a ter, nunca diga que é “bobagem”. Isso não resolve porque as
crianças misturam realidade e imaginação e não compreendem o que você está
dizendo.
Se
seu filho disse que tem medo de algo, abrace-o
e deixe-o falar sobre o medo que sente. Diga que vai ajudá-lo a mandar embora esse
“monstro, fantasma ou outro qualquer”. Mas, que para isso você precisa saber
como ele é, como vê-lo numa fotografia. Para isso, peça que ele desenhe para
que você o conheça. Segundo Violet Oaklander, “enquanto a criança desenha o que o aterroriza, a figura sai do
imaginário e se torna concreta, ou seja, uma figura observável todos”.
Nesse momento, a figura imaginada perde força e não se torna tão ameaçadora.
E
enquanto a criança desenha, procure um envelope e durex (ou outra fita colante)
e reserve. Se não tiver, ou não encontrar de imediato faça um com uma folha de
sulfite ou qualquer papel que tenha a mão. É sobrar e colar as laterais,
deixando uma parte em cima para virar e fechar. Nada complicado.
Quando
tiver terminado (e não devemos apressá-la) pergunte se ela tem mais alguma coisa
a dizer sobre a figura desenhada. Se tiver, ouça com atenção. Se não tiver,
observe a imagem desenhada e diga que: “agora
ele (a figura) terá que se haver com você”. Dobre o papel desenhado, coloque-o
dentro do envelope, feche com cola ou fita adesiva à vista da criança. Mostre a
ela que aquela figura está presa dentro do envelope e que você a domina e,
portanto, não mais a incomodará. Segundo Oaklander, quando o adulto entra no
mundo imaginário da criança, esta passa a confiar e acreditar mais nesse
adulto. A criança se sente mais acolhida, protegida e em segurança. E perde o
medo daquela figura. Mas a imaginação da criança é fértil, e dependendo da
situação, imaginará outro algum tempo depois. Repita a operação.
Caso
queira, arranje uma caixa de sapato e guarde todos os medos da criança lá
dentro. Se quiser, faça uma decoração agradável, mas a criança não precisa
saber disso. Eu fiz isso com alguns pimpolhos que eu atendia e deu muito certo.
2-
Não “ridicularize” seu filho por
sentir medo. Não faça piadas, nem o chame de medroso e guarde “segredo” deles. Jamais
o chame de “covarde” ou algo do tipo, e não permita que outros o façam. Não se
esqueça que os sentimentos da criança são intensos e legítimos. Devem ser
aceitos, compreendidos e respeitados. Se fizer piadinhas ou espalhar seus “segredinhos”
se sentirá enganada e perderá a confiança.
3-
Medos reais são tão comuns quanto os imaginários. Muitos pais decidem “mudar de
casa” ou “transferir os filhos de escola” sem preparar as crianças com antecedência.
E o maior medo da criança é o de perder os amigos da vizinhança ou da classe. E
os pais podem ajudar muito.
O
que leva uma família a tomar a decisão de mudar de residência? Os motivos são
variados: compra de uma nova casa ou apartamento, fim do contrato de locação,
condições financeiras, mudança do local de trabalho, segurança do bairro e
muitos outros. Por isso, antes mesmo de tomarem a decisão a decisão final devem
expor aos filhos, os motivos reais e pedir a opinião dos filhos. E deixar claro
que poderão (ou não) terem que deixar a escola que frequentam. Isto dará tempo
para que as crianças se adaptem com a ideia e se preparem para quando
acontecer.
Nestas
circunstâncias, normalmente os maiores de 10 anos e adolescentes entendem melhor
a situação e já possuem estratégias para manterem contato com os amigos. Os de
2 a 6 anos não tem ainda compreensão do que acontece e as amizades ainda não
exercem tanta importância. O problema do medo reside entre os que estão entre
os de 6 aos 8-9 anos, porque já vivem em grupo e fazem amigos na vizinhança e
na escola.
Conhecer
e visitar o novo local de moradia é uma boa. Mostre as redondezas, a escola
onde (todos ou cada um) devem estudar. Mostre o que há de interessante nas
proximidades como parques, museus, shopping, praças, biblioteca, cinema,
teatro, etc. Se há filhos adolescentes, mostre os locais onde os jovens
costumam se encontrar. Isso favorecerá a melhor aceitação do novo local e dará
mais segurança a eles.
4-
Há pais que, por qualquer motivo, “transferem
o filho de escola”. E muitas vezes fazem e só comunicam depois da atitude
tomada. O filho e suas relações não importam embora usem isso como justificativa.
Mas quem perde, é sempre o filho. Perde matéria, explicações e atividades pois
o andamento dos conteúdos dependem dos alunos de cada turma, do professor e da
escola que prioriza isto ou aquilo. Perde na relação afetiva com os amigos,
porque está sempre se adaptando. E, geralmente, por temer fazer amizades e perdê-las,
preferem o isolamento, ficam mais sujeitos a depressão, a terem dificuldades de
relacionamento entre outras coisas negativas.
5-
Casos como “separação dos pais, morte de familiares, exposição da criança a assaltos,
sequestros e guerras” são situações perturbadoras e o melhor a fazer é procurar
de um profissional adequado: o psicólogo.
Fonte
de Pesquisa:
OAKLANDER
Violet. Descobrindo Crianças – abordagem gestáltica com crianças e
adolescentes. Ed. Summus, SP, 1980
Imagens - Google
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