Crianças dos 4 anos até a puberdade precisam lidar com simbolismos. Os heróis são personagens que mais atraem essa turminha. O grande atrativo é que os heróis desses contos se parecem com as próprias crianças. Ao contrário dos heróis dos desenhos animados, eles não possuem superpoderes, são alegres ou tristes e passam por várias dificuldades. Alguns são medrosos, covardes e, a maioria deles, fica impotente diante da força, do autoritarismo e da opressão. Outros saõ vaidosos, preguiçosos, solitários. Outros, ainda, são valentes, destemidos, trabalhadores e amados por todos.
Os heróis dos contos de fadas são seres humanos que possuem qualidades e defeitos como toda e qualquer criança. Vivem e morrem como todo mundo. vivenciam problemas semelhantes, lutam pelas mesmas coisas, enfrentam certas situações, medos, passam pelas mesmas angústias e possuem a mesma esperança.
Seus nomes são bastante sugestivos e as crianças, se quiserem, podem emprestar-lhes seus próprios nomes. Os heróis dos contos de fadas vivem neste mesmo planeta, a Terra. E, é aqui mesmo que recebem a recompensa por seus feitos. Não precisam morrer, ir para outra galáxia, para o céu ou transcender a qualquer outro lugar para ver seus esforços sejam reconhecidos, porque o mundo desses heróis é o mesmo mundo da criança. É essa humanidade que encanta as crianças de todas as idades. E é por isto, que as crianças gostam e se identificam com eles
Esses personagens permitem que as crianças se projetem neles e os escolham como guias. A humanidade desses heróis as ensina que é preciso lutar, se esforçar, fazer escolhas para conseguirem o que desejam muito. Também ensinam que, nessa luta toda, é preciso trilhar o bom caminho, ter ética, ser respeitoso, não supervalorizar em menosprezar os "inimigos", mas compreendê-los e aceitá-los como são. E desta forma, ensinam a todas as crianças os valores morais mais importantes, como a bondade, a honestidade e o respeito aos outros.
Ensinam também que, para que as grandes conquistas ocorram é preciso ter um objetivo e perseverar nele, pois nem tudo pode acontecer do jeito, no tempo e da forma que a criança quer. Ensina que muitas vezes, é preciso ceder em alguns pontos, retrocreder em outros, buscar novos caminhos e, para isso, não podem perder a autoconfiança e a coragem. E, se nada der certo em certa vez, devem recomeçar tudo outra vez, sem esmorecer.
fonte:
BETTELHEIM, Bruno. "A Psicanálise dos Contos de Fadas". R.Janeiro, Ed Paz e Terra, 1980.
BETTELHEIM, Bruno. "A Psicanálise dos Contos de Fadas". R.Janeiro, Ed Paz e Terra, 1980.
Nenhum comentário:
Postar um comentário