quinta-feira, 8 de novembro de 2018

HISTÓRIA DO AUTISMO - parte 1


O autismo sempre esteve presente em todas as eras anteriores. Portanto, não é uma condição que seja considerada como uma novidade. O que ocorre é que nas eras primitivas os autistas mais severos, os deficientes (de todos os tipos), os doentes mentais e os idosos eram deixados para morrer à míngua ou jogados de precipícios por uma questão de sobrevivência. Na Idade antiga eram, simplesmente, mortos.


Nas Idades Média e Moderna eram colocados nas rodas dos enjeitados ou viviam em cárceres privados dentro de suas próprias casas e em condições humilhantes. As famílias sentiam-se envergonhadas por terem um ou mais filhos deficientes ou loucos.

Nestas épocas, era uma crença comum de que a família havia cometido um pecado contra Deus e o filho (deficiente ou louco) era o castigo que devia redimi-los desse pedado. Daí a “vergonha”, que ninguém queria assumir ou aceitar. Portanto, o melhor a ser feito era escondê-los de todos.

Em 1908, portanto no século XX, o psiquiatra suíço EUGEN BLEULER estuda pela primeira vez o autismo e descreve os sintomas associando-o a esquizofrenia, termo grego cujas raízes são de “autos” que significava “eu”.

Em 1943, um psiquiatra austríaco que morava nos EUA, chamado LEO KANNER, diretor da psiquiatria infantil do Hospital Johns Hopkins, fez vários estudos sobre o caso de 11 pacientes autistas e publica os resultados num livro denominado “DISTÚRBIOS AUTÍSTICOS DO CONTATO AFETIVO”. Em seu livro, Kranner informa que seus pacientes tinham isolamento extremo desde o início da vida, como uma característica comum.  Afirmava também que todos gostavam de uma coisa de forma obsessiva (mesmice) e as conservavam por longo tempo. Kranner chamou esse comportamento de “AUTISMO INFANTIL PRECOCE”, já que essa “obsessão” começava na primeira infância.

Observou ainda que seus pacientes reagiam de forma incomum ao ambiente. A maioria tinha: movimentos motores estereotipados (maneirismos incomuns), resistência à mudanças, uma insistência na monotipia (uma só cor) e habilidades incomuns na comunicação com uma tendência ao eco na linguagem (a ecolalia). Enfatiza em suas observações, a predominância de um déficit de relacionamento social e dos comportamentos incomuns.

Apesar de conhecido no meio científico, o autismo não era conhecido no meio social, ou seja, não era um conhecimento que atingia a todas as pessoas da sociedade.

Na mesma época de Kranner, o psiquiatra e pesquisador austríaco HANS ASPERGER, também estudava o autismo. E, em 1945, publica o artigo “A PSICOPATIA AUTISTA NA INFÂNCIA”. Nesse artigo, Asperger afirma que observou padrões de comportamentos e habilidades diferentes dos descritos por Kranner, apesar de que os meninos eram os mais afetados e apresentavam deficiências sociais graves como: falta de empatia (colocar-se no lugar do outro), baixa capacidade de fazer amizades, conversação unilateral (só uma pessoa falava) e movimentos motores descoordenados. Mas que tinham intenso foco em assuntos de interesses especiais (números, palavras, animais, flores etc) e uma aparente desenvoltura no falar desses assuntos de seus interesses (que ele chamou de precocidade verbal). Asperger os comparou com “pequenos professores”, devido a habilidade de falar com detalhes sobre o tema escolhido.

Esse artigo foi pouco lido na época devido a problemas políticos ligados à Segunda Guerra Mundial. Porém, a partir de 1980, foi encontrado, reconhecido o seu valor como um dos pioneiros no estudo do autismo. Por isso, pessoas autistas com grandes habilidades são diagnosticadas com “Síndrome de Asperger” como reconhecimento a este estudioso do assunto.

continua

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