O autismo sempre esteve
presente em todas as eras anteriores. Portanto, não é uma condição que seja
considerada como uma novidade. O que ocorre é que nas eras primitivas os
autistas mais severos, os deficientes (de todos os tipos), os doentes mentais e
os idosos eram deixados para morrer à míngua ou jogados de precipícios por uma
questão de sobrevivência. Na Idade antiga eram, simplesmente, mortos.
Nas Idades Média e
Moderna eram colocados nas rodas dos enjeitados ou viviam em cárceres privados
dentro de suas próprias casas e em condições humilhantes. As famílias
sentiam-se envergonhadas por terem um ou mais filhos deficientes ou loucos.
Nestas épocas, era uma
crença comum de que a família havia cometido um pecado contra Deus e o filho (deficiente
ou louco) era o castigo que devia redimi-los desse pedado. Daí a “vergonha”,
que ninguém queria assumir ou aceitar. Portanto, o melhor a ser feito era
escondê-los de todos.
Em 1908, portanto no
século XX, o psiquiatra suíço EUGEN BLEULER estuda pela primeira vez o autismo
e descreve os sintomas associando-o a esquizofrenia, termo grego cujas raízes
são de “autos” que significava “eu”.
Em 1943, um psiquiatra
austríaco que morava nos EUA, chamado LEO KANNER, diretor da psiquiatria
infantil do Hospital Johns Hopkins, fez vários estudos sobre o caso de 11
pacientes autistas e publica os resultados num livro denominado “DISTÚRBIOS
AUTÍSTICOS DO CONTATO AFETIVO”. Em seu livro, Kranner informa que seus
pacientes tinham isolamento extremo desde o início da vida, como uma
característica comum. Afirmava também
que todos gostavam de uma coisa de forma obsessiva (mesmice) e as conservavam
por longo tempo. Kranner chamou esse comportamento de “AUTISMO INFANTIL PRECOCE”, já que essa “obsessão” começava na primeira
infância.
Observou ainda que seus
pacientes reagiam de forma incomum ao ambiente. A maioria tinha: movimentos
motores estereotipados (maneirismos incomuns), resistência à mudanças, uma
insistência na monotipia (uma só cor) e habilidades incomuns na comunicação com
uma tendência ao eco na linguagem (a ecolalia). Enfatiza em suas observações, a
predominância de um déficit de relacionamento social e dos comportamentos
incomuns.
Apesar de conhecido no
meio científico, o autismo não era conhecido no meio social, ou seja, não era
um conhecimento que atingia a todas as pessoas da sociedade.
Na mesma época de Kranner,
o psiquiatra e pesquisador austríaco HANS ASPERGER, também estudava o autismo. E,
em 1945, publica o artigo “A PSICOPATIA AUTISTA NA INFÂNCIA”. Nesse artigo,
Asperger afirma que observou padrões de comportamentos e habilidades diferentes
dos descritos por Kranner, apesar de que os meninos eram os mais afetados e apresentavam
deficiências sociais graves como: falta de empatia (colocar-se no lugar
do outro), baixa capacidade de fazer amizades, conversação unilateral
(só uma pessoa falava) e movimentos motores descoordenados. Mas que tinham intenso
foco em assuntos de interesses especiais (números, palavras, animais,
flores etc) e uma aparente desenvoltura no falar desses assuntos de seus
interesses (que ele chamou de precocidade verbal). Asperger os comparou com “pequenos
professores”, devido a habilidade de falar com detalhes sobre o tema escolhido.
Esse artigo foi pouco
lido na época devido a problemas políticos ligados à Segunda Guerra Mundial.
Porém, a partir de 1980, foi encontrado, reconhecido o seu valor como um dos
pioneiros no estudo do autismo. Por isso, pessoas autistas com grandes
habilidades são diagnosticadas com “Síndrome de Asperger” como reconhecimento a
este estudioso do assunto.
continua
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