Todo mundo acha que ler é a tarefa mais difícil para o sujeito. Isto é um engano, pois para escrever exigimos muito mais do nosso cérebro do que para ler. Por isso, a escrita leva mais tempo para ser adquirida.
Como processo, a escrita é o último estágio da aquisição da linguagem e, como tal, é resultado. E como resultado necessita que todo o processo tenha sido bem realizado. Escrever exige não só a identificação dos sons auditivos relacionados aos símbolos correspondentes, mas a transposição desses símbolos em elementos visuosimbólicos (letras)
Escrever supõe inúmeras operações cognitivas. E, para isto, depende da intgridade da percepção auditiva, da discriminação e identificação, da memória seqüencial auditiva e das lembranças. E, enquanto a leitura trabalha com a síntese, a escrita trabalha com a análise.
Como todo processo passa por fases.
Escrever não depende somente da motricidade fina, como muitos professores acreditam. Mas, da coordenação visuomotora (olhar para o que está escrevendo) e da memória auditiva, visual e tatilquinestésica (tato e todo o sistema motor), que compreende a fase de execução ou fase gráfica. Identifica-se esta fase quando as crianças iniciam a escrita, quando ela copia.
Mas, a escrita não vive de cópias. Aos poucos, as crianças querem escrever o que pensam. É quando passam para outra fase: a da planificação ou fase ortográfica. Nesta fase, a criança converte pensamentos, sentimentos e idéias em símbolos gráficos. E para isso ela precisa da integração visuomotora, da revisualização (reconhecimento das palavras lida ou ouvida), formulação e síntaxe (forma correta de se escrever de acordo com as regras ortográficas), da psicomotricidade (maturidade para a escrita), da lembrança da forma correta de se traçar as letras e colocá-las na seqüência exata, colocar as palavras na ordem exata nas frases (de acordo com as regras gramaticais), codificar essa seqüência numa relação de todo mais as partes componentes, utilizar todo o sistema motor para grafar (escrever as letras), além da habilidade em segurar o lápis .
Qualquer falha em qualquer parte do processo pode se traduzir em dificuldades de aprendizagem.
Por isso, toda ajuda de pais e professores é sempre bem vinda.
fonte
FONSECA, Vitor. Introdução às dificuldades de aprendizagem. Porto Alegre, RS, artes Médicas, 1995
FONSECA, Vitor. Introdução às dificuldades de aprendizagem. Porto Alegre, RS, artes Médicas, 1995
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