sexta-feira, 7 de outubro de 2011

A IMPORTÂNCIA DO ESPELHO NA FORMAÇÃO DO ESQUEMA CORPORAL



Toda criança gosta de ver sua imagem refletida no espelho.

Até os 6 meses de vida, os bebês possuem uma imagem fragmentada de seu corpo. E ao verem sua imagem refletida no espelho ficam surpresos, sorriem, brincam, outros choram. Isto porque não reconhecem aquela imagem como sua. E só se dará conta disto, mais tarde, por uma associação bastante complexa.

Casualmente, diante de um espelho com um adulto, a criança percebe as duas imagens refletidas. O adulto fala com ela e sorri para ela. É, neste momento, que as imagens e percepções anteriores se juntam com as atuais e a criança tem, pela primeira vez, a consciência que a figura do espelho é ela mesma. Então, ela passa a brincar mais com esta imagem, beijando-a, fazendo caretas, pulando etc.

Por volta do 20º mês de vida, a criança já é capaz de compreender que o reflexo  de sua imagem pode aparecer num espelho, num vidro ou noutro objeto qualquer. E é assim que, pouco a pouco, a criança vai percebendo que “ela está onde se sente, e não onde ela se vê” (Wallon),

Wallon nos diz também que, por volta dos 2-3 anos, as crianças entendem que “o espaço  em que vivem e sentem é o mesmo que ela vê no espelho”. Isto significa que a criança deixa um pouco de perceber a si mesma e passa a observar o reflexo dos mòveis e objetos do ambiente. Ao perceber isto, a imagem especular se integra como um todo e a criança passa a perceber que aquela imagem é apenas uma representação. Essa percepção é quem organiza a imagem corporal e orienta a criança para se perceber como um ser completo. 

É a época em que as crianças mostram grande interesse por desenhar figuras humanas. Portanto, a fase do espelho é de grande importância para o desenvolvimento da criança. Por meio dele, ela se conhece, raciocina, descobre seu eu, desenvolve o esquema corporal e se distingue das coisas e das outras pessoas. Ela passa a ser ela mesma.Mas, a fase do espelho não termina por aqui. Ela reaparece de tempos em tempos para reajustar a imagem corporal devido ao crescimento físico. 


Com maior impacto,  a imagem especular reaparece por volta dos 7 anos, quando há o estirão do crescimento. Retorna aos aos 11 ou 12 anos, quando novas mudanças ocorrem no corpo dos púberes e adolescentes; aos 40 anos, quando entramos na maturidade e, depois dos 60, quando entramos na velhice. Essa imagem atua com um reforçador da auto-imagem.

O espelho é importante em todas as fases da vida. Mas, na adolescência, o espelho pode vir a ser um amigo ou um inimigo. O adolescente se questiona sobre suas mudanças corporais e demora para aceitar-se com uma nova aparência. Por isso, passa horas diante do espelho estudando olhares, sorrisos, posturas e perfis. Faz poses, e estuda cada um de seus gestos e posturas corporais. O grande interesse dos adolescentes pelo espelho é porque eles querem saber como os outros o vêem.

Fonte
OLIVEIRA, Gislene de Campos. Psicomotricidade: educação e reeducação num enfoque psicopedagógico, Petrópolis, RJ, Ed. Vozes, 199

terça-feira, 4 de outubro de 2011

ARTES + CÉREBRO = APRENDIZAGEM MELHOR

pintura com lápis de cor comum

Pesquisas sobre neuropsicologia revelam que grande parte das pessoas usa o hemisfério esquerdo para pensar e agir. O significado disto é que a maioria das pessoas pensa e age de forma racional, utilizando o raciocínio lógico, que por sua vez, é linear e seqüencial. Com este tipo de raciocínio, essas pessoas deixam em segundo plano as emoções, a intuição, a criatividade e a capacidade de resolver problemas de um jeito próprio. Ou seja, agem de acordo com a razão.

A parcela menor da população usa o hemisfério direito. Agem e pensam de uma maneira diferenciada dos primeiros. Deixam-se levar por paixões e emoções, lidam bem com questões intuitivas e criativas e resolvem seus problemas mais com o “coração” do que com a razão. A maioria dos astistas é assim e valem-se da música, dança, pintura, escultura, poesia etc.

Por que isso acontece?  O cérebro humano funciona e regula suas atividades por meio de ondas elétricas, emitindo impulsos eletroquímicos em várias freqüências. Esses impulsos, conhecidos como “ondas cerebrais”, podem ser percebidos, medidos e registrados por meio do eletroencéfalograma (EEG). As principais as ondas são: beta, alfa, teta e delta.

As ondas tetas e betas indicam patologias. São emitidas com origem em estados de sonolência superficial ou profunda (como a catalepsia), pois a consciência torna-se bastante reduzida.

As ondas betas são emitidas quando estamos em vigìlia, agitados, tensos ou com medo e nossa consciência está em alerta. As ondas alfas são emitidas em momentos de descontração física e mental, isto é, mais relaxados. Ambas são mais comuns, porque estão presentes em tudo o que fazemos.

pintura com lápis de cor comum

Para que as aprendizagens se realizem e possam ser memorizadas é preciso que estejamos relaxados. Para isso, o cérebro deve reduzir seu ritmo, passando de ondas betas para ondas alfas. Assim, mais relaxados e calmos, mas atentos e alertas, aprendemos mais e melhor. O cérebro, então, libera algumas substâncias que se ligam a um sentimento de prazer que, por sua vez, leva à clareza mental. E, se mantivermos esse estado por longo tempo, a clareza se amplia permitindo que as lembranças se formem.

O hemisfério direito lida com imagens, criatividade e com as emoções, além do uso do bom humor e do pensamento sintético que permite que possamos visualizar as imagens memorizadas e fazer associações com mais facilidade. Por isso, é sempre muito bom trabalhar com qualquer forma artística antes de uma aula, por exemplo.

Se estimularmos as áreas pouco utilizadas do cérebro no dia-a-dia das crianças em idade escolar, com o passar do tempo, melhoraremos a capacidade de agir e pensar num futuro próximo.
colagem em silhueta

Teremos, então, uma geração de lógicos intuitivos, de sonhadores práticos, de racionais emotivos e, principalmente, de pessoas criativas que resolverão problemas dos mais sérios com soluções inusitadas e eficazes. E o melhor de tudo, é que se pode obter essas melhorias independente da idade dos sujeitos.

Cabe a pais e professores incentivar esta prática em casa e na escola.

FONTE:
FIORI, Nicole, As Neurociências Cognitivas. Petrópolis: RJ, Vozes, 2008