sábado, 22 de novembro de 2014

A IMPORTÂNCIA DOS PÉS

Você já reparou no jeito das pessoas andarem? Umas andam dando “pulinhos” enquanto outras parecem deslizar. Umas arrastam os pés, outras, andam com as pontas abertas (do tipo dez para as duas). Tem aquelas que batem forte os calcares, ou andam apoiadas nas pontas dos pés. Tem aquelas que andam curvadas para a frente enquanto outras, parecem engessadas de tão durinhas. E você, como anda?


Andar é uma das mais fantásticas habilidades conquistadas pelos seres humanos. Mas para consegui-la foram necessárias muitas modificações na estrutura de nossos corpos.

Estudos recentes, feitos em fósseis e análises de DNA, comprovam que os seres humanos são descendentes de primatas. Não de qualquer macaco, mas de um muito especial que viveu na África há mais de 7 milhões de anos. Para que isso acontecesse foi necessário uma série de modificações nas estruturas do corpo desse primata. Uma de cada vez. E quando ela se espalhava geneticamente, outra tinha início. Essas modificações incluíram o aumento do crânio e do cérebro, as curvaturas da coluna vertebral, no formato de pés, mãos e dedos, alargamento da bacia, alongamento das pernas e braços entre outras, tudo para que pudéssemos ficar em pé.

E o que ganhamos com essa posição? Ganhamos o levantamento da face, soltamos nossos braços e liberamos as mãos para dominarmos qualquer objeto, desenvolvemos novos centros e circuitos neurológicos e ficamos mais inteligentes, desenvolvemos a linguagem e podemos nos locomover.

Mas a postura vertical tem lá suas exigências. Necessitamos de controle da postura e de equilíbrio. E com isto, necessitamos de um bom funcionamento do cerebelo e dos ouvidos (sistema vascular) para controlar a pressão interna exercida pela atmosfera.


Uma das grandes diferenças que nos distingue dos primatas é o formato dos nossos pés e dos seus dedos. O calcanhar é mais fino que a base de onde saem os dedos. E por falar neles, os dedos maior e menor são mais robustos e fortes que os demais. A lateral externa da sola do pé também é bastante resistente para suportar o peso do corpo e manter a posição vertical. facilitando o controle neuromuscular. E não é só isso.

Durante a locomoção, quando damos um passo, um dos pés suporta sozinho todo o peso corporal, além de mantê-lo na posição vertical. Enquanto isso, o outro pé é propulsionado para a frente e repetir o processo. Andar, portanto, é o movimento alternado de pernas e pés.


Um andar perfeito é aquele que mantém os pés voltados para a frente, com joelhos o mais próximo possível e as pernas alinhadas com a bacia e com a 5ª vértebra lombar formando um triângulo invertido. Para uma propulsão perfeita, o calcanhar deve tocar o chão antes que as pontas e sem grandes choques.

Todas as outras formas são erradas e podem causar sérios problemas posturais, lesionar os músculos das pernas e provocar dores na coluna. Enganam-se as pessoas que pensam que andar com as pontas abertas dá mais estabilidade e equilíbrio. Ao contrário, o desequilíbrio é maior, podem sofrer mais quedas e lesionar os joelhos porque as articulações ficam desalinhadas e voltadas para fora.


Há uns 30 anos atrás surgiu no comércio os “andadores”. Foi uma febre. Toda criança que ficava em pé ia parar nos tais andadores para aprenderem a andar mais rápido. E ficavam lá o dia todo. E que “sossego” era para os pais! Só que os pais deixavam de perceber o recurso usado pela criança para dar o impulso e se movimentar. O resultado desse “sossego” foram muitas crianças problemas posturais, pernas desalinhadas e curvadas, com pés tortos, joelhos voltados para fora e andando com as pontas abertas.


Sei que as crianças que estão iniciando a marcha dão trabalho e sei que é cansativo. Claro que os pais precisam de um tempo de “sossego”. Não sou contra o uso do andador desde que haja bom-senso.