sábado, 9 de fevereiro de 2013

DE PROFESSOR PARA PROFESSORES


Queridos colegas professores.

Digo colegas, porque antes de ser psicopedagoga, fui professora por muitos anos. E quero pedir licença para fazer um comentário.

Como vocês sabem, tudo o que é pesquisado nos blogs aparece nos bastidores. Repetidamente aparecem perguntas como: "o que fazer com alunos que tem a Síndrome X ou com a Sindrome Y". Por isso, decidi fazer este comentário.

Gente, não importa que nome se dê para o que o deficiente intelectual tem. Pouco importa  se ele tem Sindrome de Lange, de Rett, Down ou outras tantas citadas neste e em outros sites. São rótulos apenas, como tantos outros. 

Esses rótulos definem o que a criança tem para os pais, que precisam ter uma resposta para suas inquietações e para os médicos, que precisam tratar. Para nós,  professores, o que importa de verdade é a criança. Saber que ela tem este ou aquele rótulo não muda nada. 

Se os professores têm interessante em saber as prevalências, as causas,  se é rara ou comum, ótimo. É importante  conhecer isso tudo porque bateu a curiosidade? Ótimo, vá conhecer, então.  Mas, é só. Você não pode curar, nem transformar essa criança numa pessoa igual ás outras,só porque ela tem a sindrome A,B ou C.

O precisamos saber, realmente, é se a deficiência que determinada criança apresenta é ou não "deficiência intelectual". Tem muito professor que trata um cadeirante como se ele fosse um deficiente intelectual e não é. Os cadeirantes têm um cérebro perfeito e pode aprender como qualquer outra criança. O problema desse cadeirante está nas pernas e não no cérebro. E assim, neste mesmo contexto, estão os  surdos e os cegos. Não ver ou não ouvir não mexem com a inteligência. Ao contrário, muitos acabam nos surpreendendo.

Os deficientes intelectuais, ao contrário, tem um problema de mau funcionamento cerebral. Por causa disso, as respostas aos estímulos são mais lentas. Mas, ter um cérebro que funciona lento, não significa que não aprendam. Significa  que demoram um pouco mais do que as outras crianças sem esse problema.  

E não importa o nome da síndrome porque  TODOS OS DEFICIENTES INTELECTUAIS POSSUEM O CÉREBRO LENTO. O que muda (e deve mudar) é a nossa postura diante dessas crianças. 

É saber que os conteúdos devem ser passados aos poucos e em forma de passo a passo. Que necessitam de  mais exercícios sobre o que está aprendendo, para que possam memorizar. Que necessitam de figuras coloridas para poderem formar imagens mentais.

É preciso que os professores entendam que cada um caminha dentro de seu próprio ritmo e é preciso respeitá-lo. E mais: duas crianças que sofrem da mesma síndrome não são iguais. Elas são únicas porque apresentam características diferentes no comportamento, no interesse, nas aprendizagens assistemáticas, na atenção e concentração no trabalho, na forma de aprender e no tempo que levam para memorizar. 

É preciso saber também que todo deficiente intelectual passa por períodos de retrocessos. Um período que parece que desaprendeu tudo o que foi ensinado. Na verdade, esses retrocessos são uma espécie de "acomodação" e, quando voltam desse período, tudo está diferente para melhor. E é possível verificar seus progressos.

É considerando a criança como única e sem compará-la com as demais de sua classe  é que poderemos fazer o nosso melhor. 

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

TENTOS PARA ENSINAR PAR E ÍMPAR

Recursos Didáticos

Gosto muito de trabalhar com materiais montessorianos porque são bastante ricos e eficazes. Além disso, proporcionam uma série de atividades que podem ser utilizados por crianças pequenas e em idade escolar. Com idosos em reabilitação também, embora muitas pessoas não saibam disso.

Os materiais montessorianos desempenham papel importantíssimo na vida, nas aprendizagens e na reabilitação cognitiva de pessoas. São bem mais que simples brinquedos ou materiais didáticos que passam informações. Ao contrário, vão muito além disso, pois atuam sobre as necessidades psíquicas das pessoas. Por outro lado, são materiais atraentes e coloridos que provocam a curiosidade, instigam a experimentação e desenvolvem a inteligência.

São concretos e a manipulação deles desenvolve a sensorialidade, o controle motor, a coordenação motora fina (CMF) e a coordenação viso-motora (CVM). Muitos, possuem o controle de erros. São materiais simples, alegres e divertidos, mas sem perder o caráter sério dos materiais didáticos. Desenvolvem a imaginação, a criatividade e o raciocínio, o planejamento das ações, a organização do trabalho. Desenvolvem as  antecipações e deduções porque trabalham na intuição do conceito e não o conceito formalizado, facilitando as descobertas.

A escolha de hoje são os "TENTOS", um material rico e eficaz no trabalho com quantidades e no conceito dos números pares e impares. Porém, é um material desconhecido para a maioria dos professores, que tentam a todo custo ensinar que 0, 2, 4, 6 e 8  são pares e que 1,3,5,7 e 9 são ímpares.

Os tentos são pequenas peças circulares de madeira e pintados na cor azul escuro. Quem não tem condições de adquirir esse material (e os materiais montessorianos genuínos estão difíceis de se encontrar ou estão muito modificados) podem improvisar cortando-se um cabo de vassoura em rodelas  de 1 cm de espessura e pintando, ou, utilizando tampinhas de refrigerante pintadas com tinta acrílica ou cobertas por papel camurça azul.


USANDO TENTOS NA NOÇÃO DE QUANTIDADE

Faça cartões numerados de 1 a 9 e coloque os tentos indicados em cada cartão. Trabalhe sempre na sequencia para fixar a ordem.

Variação:

a) use cartões com quantidades de figuras e a criança coloca os tentos sobre cada figura.
b) use os cartões com figuras e a criança coloca os tentos na mesma quantidade, ao lado de cada cartão.
c) use os cartões de figuras, os tentos ao lado e cartões numerados de 1 a 9
d) misture os cartões de figuras ou os cartões numerados para que a criança coloque a quantidade de tentos indicada.
e) use quantidades de tentos  diferentes e fora de ordem e cartões numerados para que fazer a correspondência

ENSINANDO A NOÇÃO DE PAR E ÍMPAR 

Sobre uma mesa grande ou sobre um tapete no chão, coloca-se cartões numerados de 1 a 9 (na sequência correta e um ao lado do outro).  

Aqui, estou trabalhando a memorização 
desses números, por isso, foi até o 5.

Sob cada cartão coloque os tentos na quantidade indicada (como na foto). Do 2 em diante, coloque os tentos aos pares e com um pequeno espaço entre um e outro. Os tentos que sobrarem (ìmpares),  coloque-os embaixo e na direção do espaço deixado. Comece e deixe que a criança faça o restante. Trabalhe esta arrumação durante algum tempo. Depois da 2ª ou 3ª vez, os mais espertinhos já montam a sequência sozinhos.

Depois de trabalhar algumas vezes, comece e deixe que a criança termine. Com tudo pronto, vá ao cartão 1 e partindo debaixo dele passe o dedo indicador sobre a mesa ou tapete, em linha reta. até encostar no tento. Diga para a criança: "ÍMPAR"

 

Vá ao cartão 2  e repita a operação, passando o dedo indicador por entre os tentos, prolongando o movimento para que a criança observe que não há impedimentos e diga "PAR".  Repita os gestos e as palavras até o 9. Deixe que a criança repita o movimento e as palavras.Deixe-a trabalhar sozinha durante algum tempo, e, de quando em quando perceba se a(s) criança(s) não está trocando ou confundindo os nomes.


PARA AJUDAR NA MEMORIZAÇÃO (parte mais abstrata da noção)

Monte o material como das outras vezes, peça que a criança faça o movimento e diga quando for par ou ímpar. Se ela souber direitinho e sem erros, peça que guarde os ímpares (ou, se tiver dificuldade.... lembre-a dizendo: "aqueles que o dedinho não passa" ou "aqueles em que faltam o par"). 


Depois de guardado, aponte os números nos cartões e diga:  " NÚMEROS PARES porque as quantidades (mostre os tentos) formam par". Trabalhe isso algumas vezes.

 Faça o mesmo com os ímpares em outra oportunidade, seguindo o mesmo processo.


Espero que gostem!