sexta-feira, 26 de julho de 2013

A MEMÓRIA HUMANA

DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM

Costumamos comentar que certas pessoas têm ou não têm boa lembrança de fatos e situações. Algumas vezes, os comentários são pejorativos. Algumas crianças, alguns adolescentes e a maioria dos idosos são chamados de burros, “gagás”, loucos ou desmemoriados simplesmente porque as lembranças custam para acontecer ou já não acontecem com a mesma rapidez de épocas anteriores.
Lembrar é uma capacidade humana importante não só para as aprendizagens escolares, mas para a vida. Somos o que somos por que construímos lembranças, ou seja, adquirimos, conservamos informações e as evocamos quando se faz necessário. A essa capacidade dá-se o nome de MEMÓRIA.
Que a memória é uma atividade cerebral todo mundo já sabe. Mas, onde se localiza? Está no cérebro todo ou numa área específica? Como construímos nossa memória? Ela tem um só tipo ou vários? Estas e outras questões tornaram (e ainda tornam) o estudo da memória instigante e desafiador para todo e qualquer pesquisador.
Assim, até a metade do século passado, os estudiosos acreditavam que a memória estava espalhada por todo o cérebro e sua construção dependia apenas da atenção, da linguagem e das percepções. Hoje, sabe-se que a memória está localizada em áreas específicas do cérebro e sua construção se deve a tudo o que o ser humano aprende no contato com as pessoas e com os objetos.
estímulos visceroceptivos
Segundo o pesquisador brasileiro Antônio Branco Lefrèvre (professor titular da Faculdade de Medicina da USP de São Paulo e considerado o “pai da neurologia brasileira”), os seres humanos estão expostos a todos os tipos de estímulos. Ele não se refere apenas aos estímulos internos (VISCEROCEPTIVOS) provenientes do organismo humano em funcionamento, nem tampouco aos estímulos motores e sensoriais (PROPRIOCEPTIVOS), aos estímulos externos do ambiente (EXTERIOCEPTIVOS) ou aos estímulos intelectuais (COGNITIVOS). Mas, principalmente, a toda sorte de estímulos emocionais (PSICOLÓGICOS) como os afetos, interesses, necessidades e desejos das pessoas. Afirma também que todos esses estímulos podem facilitar ou atrapalhar as aprendizagens e a memorização das informações.
estímulos psicológicos
Os estímulos visceroceptivos, proprioceptivos, exterioceptivos e cognitivos fazem parte de uma forma de memória mais realista e objetiva chamada de “memória explícita” por estarem ligados às experiências e vivências no relacionamento com as pessoas, com os objetos e com o mundo. Já os estímulos psicológicos são uma forma de memória mais subjetiva chamada de “memória implícita”, por estarem ligados ao prazer ou desprazer sentido em cada experiência ou vivência.
Assim, aprendemos e lembramos com mais facilidade do que nos causou prazer, o que é do nosso interesse, da nossa necessidade ou desejo e tendemos a esquecer o que nos desagrada, o que nos é imposto ou que não necessitamos. Por outro lado, o que nos causa dor, sofrimento ou repulsa nem sempre é esquecido, pois foram experiências ou vivências que não desejamos repetir.

Apesar de termos várias áreas destinadas a guardar às milhares lembranças pessoais e bilhões (ou mais) de informações do mundo, é preciso esquecer para "desocupar lugar" e caber as mais recentes. E é aí que a atenção e a concentração são importantes.
Em cada experiência colocamos maior ou menor quantidade de atenção e, consequentemente, de concentração. Durante o sono, o cérebro trabalha no arquivamento dessas informações na memória. Portanto, as experiências e atividades em que depositamos pouca atenção são descartadas por serem consideradas pelo cérebro como informações de pouco valor. É por isso que os estudantes reclamam dos famosos “brancos” na hora da prova. Por isso, estudantes, se quiserem tirar boas notas, estudem bastante e com muita atenção e concentração.