sábado, 20 de agosto de 2016

EXERCÍCIOS PERCEPTIVOS PARA A DISGRAFIA (parte 4)

Com estes exercícios podemos trabalhar tanto os problemas perceptivos (que envolve o traçado de letras e números) quanto os motores que causam a disgrafia. Podemos trabalhá-los em folhas soltas ou no caderno que seu aluno costuma usar.

TRABALHANDO A FREIO MUSCULAR

Há crianças que, quando escrevem, o fazem emendando uma palavra na outra. Ao escrevermos, seja na forma cursiva ou com a letra de imprensa ou bastão, é preciso deixar um espaço entre as palavras. O que parece normal para a maioria da população escolar podem não ser para algumas crianças.


Há várias causas para que isso aconteça: seja porque a trava muscular das mãos funciona deficitariamente e ela não consegue parar, ou porque não consegue perceber o final da palavra porque quando fala, diz uma porção delas ao mesmo tempo.

Um bom exercício para corrigir esse problema você pode imprimir ou desenhar um quadriculado numa folha ou caderno e pedir que a criança pinte um quadradinho e deixe o outro vazio. A medida que for ficando fácil para ela, aumente a quantidade de quadradinho a serem pintados, mais 1 por vez, mantendo sempre um quadradinho em branco (medida do espaço das palavras). Repita até que se tornem fácil e aumente mais uma. E assim por diante, até uma quantidade de 5 ou 6 coloridos por 1 em branco. Os quadradinhos se assemelham as sílabas que as palavras possuem.

Cada linha é um exemplo diferente.

Outra variação é misturar a quantidade de quadradinhos a serem pintados, como por exemplo: 2, 4, 1, 3 por um sem pintar. Esta forma assemelha-se ás palavras em uma frase.

Um jogo que também trabalha o freio muscular é o jogo dos pontinhos. Pode ser feito em qualquer tipo de papel ou no caderno e é bem divertido. Podem se feitos muitos pontos ou poucos pontos (no aprendizado do jogo). Ele consiste em um jogo de duplas, onde as estratégias de jogo se desenvolvem com a repetição e da vontade de ganhar. 

 
                     Tabuleiro                                                              jogo

As regras, para quem não o conhece, são:

1- cada jogador liga dois pontos na horizontal ou na vertical, em qualquer parte do tabuleiro e passa para o adversário que faz o mesmo.

2- caso feche um quadradinho, coloca a inicial do seu nome ou pinta com uma cor pré-determinada. Pode ser discutida a vantagem de ter uma nova jogada para cada quadrinho feito.

Ao final do jogo, quem tiver mais quadradinhos com o seu nome ou cor, vence a partida.


TRABALHANDO O TRAÇADO DE LETRAS CURSIVAS

Antes é preciso lembrar que a maioria das consoantes cursivas possuem movimentos iniciais baseados nos movimentos do traçado das vogais “a, e, i”. Por exemplo: os movimentos básicos do “a” cursivo aparecem nas seguintes consoantes: “c, d, g, o, q”. Com o “e” traçamos o “l, b, f, h, k”. Com o “i”, traçamos o “u, t, j”. Daí saltamos para “n, v, w, y” cujos movimentos iniciais são semelhantes. E finalmente, trabalhar o grupo “r, s, z”, únicas letras com movimentos iniciais diferenciados. Assim, trabalhando os movimentos básicos de cada vogal fica mais fácil e mais rápido para que crianças e jovens possam diferenciar uma letra da outra. 
Os exercícios são simples, fáceis e gostosos de fazer. Podem ser bem divertidos dependo da sua criatividade.

Se você quiser começar a trabalhar pela a vogal “a”, é preciso lembrar que o movimento básico dessa letra na forma cursiva é um círculo. Sendo assim, nada mais fácil que...

 a) COLORIR BOLINHAS – Desenhe numa folha ou no caderno uma série de bolinhas e peça para a criança as pinte. Pode ser pintado numa cor só ou com 2 ou 3 cores (caso queira fazer um treino de preensão do lápis). Neste caso, fique de olho para que peguem o lápis da maneira correta cada vez que trocar de cor.


VARIAÇÃO – Você pode deixa-lo mais divertido, se você usar outras formas (quadrado, retângulo, triângulo, em forma de bichinhos ou uma outra forma irregular qualquer).

b) COLORIR BOLHINHAS COM MOVIMENTOS DIFERENTES – Faça como no exercício anterior. Desta vez, porém, serão usadas 2 cores. Por ex: colorindo de azul com movimentos da direita para a esquerda e de azul, da esquerda para a direita. Mas verifique se estão variando os movimentos.

VARIAÇÃO - pode se fazer também uma volta para a esquerda e outra para a direita, deixando o número de vezes maior para aquela em que a criança encontra maior dificuldade.

c) DESENHAR BOLINHAS – Desenhe pontinhos numa folha ou caderno com um bom espaço com eles. Marque a direção (esquerda ou direita) que devem seguir para traçar o círculo, com uma pequena flecha. E deixe a criança trabalhar, mas de olho verificando a correção do movimento.


VARIAÇÃO - Pode-se variar na forma (quadrados, triângulos, losângo etc)


d) COBRIR LINHAS PONTILHADAS – Trace várias linhas do caderno com letras “a” unidas umas as outras (imitando a escrita) com linha pontilhada ou com pequenos tracinhos. Com um lápis colorido (ou caneta hidrocor), a criança deve unir esses pontos (ou traços) sem tirar o lápis do lugar.

  


VARIAÇÃO - Pode-se usar objetos para este exercício, como bolinha de gude, bonecos, barquinhos de papel  e tudo mais que sua imaginação desejar. Ou passa o lápis primeiro e depois um ou dois objetos diferentes.



e) Como a mesmice cansa, desagrada e desanima. E para dar uma cara nova ao exercício, você pode usar sua imaginação e criatividade inserindo algo novo, como por exemplo, traçar no caderno a letra trabalhada com linhas duplas e deixando entre elas um espaço. No centro desse espaço você pode colocar tracejado, pontos, bolinhas para que as crianças os uma e assim aprendem a traçar a letra isoladamente. Pode ainda colar sementes, flores, pedrinhas, colar areia ou algodão desde que o sentido do traçado seja respeitado. Vejam alguns exemplos:

 

f) a)    COSTURANDO A LETRA – Em um pedaço de madeira ou papelão grosso trace a letra trabalhada em linha dupla, com 1,5 ou 2 cm distante uma da outra. Faça furos sobre os traços (ou no centro se preferir), para que por eles seja possível passar um cordão de tênis (barbante ou fita fina). Use uma das pontas do cordão (ou passe cola se não usar o cordão) como agulha  e dê um nó reforçado na outra ponta. Assim, em movimentos de alinhavos as crianças traçam a letra no sentido do traçado.



Todos estes exercícios trabalham os movimentos de traçado de todas as letras, o freio muscular e da preensão. E não esqueça que não é fazer uma única vez e pronto. Nada disso. São necessárias várias repetições do exercício, mas com criatividade e imaginação que sei que você é capaz.

Até a próxima postagem com mais sugestões.



segunda-feira, 15 de agosto de 2016

COMO AJUDAR NA DISGRAFIA (parte 3)

TRABALHANDO A PREENSÃO

Os movimentos de preensão são aqueles em que os dedos se tocam nas pontas e assumem uma posição de pinça. Todos os dedos o fazem, mas para a escrita importa a pinça feita pelo indicador e o polegar.

A pega do lápis correta é essencial para a escrita, por dar mais firmeza e mobilidade. O lápis deve ser segurado pelo indicador e o polegar e apoiado no dedo médio.


TRABALHANDO A MUSCULATURA DO POLEGAR E INDICADOR

Os exercícios para melhorar a preensão são bem variados. Podem ser feitos em brincadeiras com os dedos indicados até exercícios com mais dificuldades. O importante é que eles fortalecem os nervos e músculos dos dedos na execução das tarefas em que a preensão seja necessária, como por exemplo, na escrita.

Uma brincadeira gostosa é usar esses dois dedos para imitar o bico de pássaros e podem ser usados com músicas infantis. É um exercício simples, fácil e barato e que pode ser realizado em qualquer lugar.

Brincar de sombra, fazendo bichinhos como estes, mostrado abaixo. Ensine para suas crianças como fazer e ficarão horas nesta brincadeira saudável e exercitando sem perceber. Na Internet tem outros exemplos do que e como fazer.

Seja qual for o exercício escolhido procure variar na forma, no desenho, nos objetos, mas nunca o objetivo. A variação garante a novidade e a criança faz o exercício sem perceber.

SUGESTÕES DE EXERCÍCIOS

1-Arranje de 25 a 30 pregadores de roupa e que tenha boa pressão. No mercado existe vários tipos de pregadores e são baratinhos, mas dê preferência aos que tiverem maior pressão. Aperte-o com os dedos indicados e solte-o num papelão, borda de um pote, cesta ou outro lugar que desejar. Você pode associar este exercícios com outros de identificação de letras e números.



VARIAÇÔES:

a)           Você também pode usar as “calcinhas de cabelo” ou vários elásticos de uma só vez. Colocar o indicador e o polegar dentro da calcinha ou do elástico e com os movimentos de abrir e fechar os dedos em pinça. Repita de 5 a 10 vezes, aumentando aos poucos, conforme a dificuldade da criança.



b)           Colocar moedas num cofrinho é outro exercício que as crianças gostam muito. E é fácil.


c)          Colocar palitos de dente em paliteiro fechado e pelos furinhos é outro que as crianças gostam muito. Se for em tom de desafio fica mais divertido ainda.

d)      Enfiar palitos de dentes em uma esponja de louça ou em isopor é outra brincadeira legal e que eles gostam de realizar. A esponja ou o isopor podem ser substituídos por batata, cenoura, chuchu, etc, e podem ser confeccionados vários bichinhos.



e)           Trabalhos de perfuração com palitos (de dente ou de churrasco) também são ótimos.

f)              Rasgar papel aleatoriamente também é bom, desde que a criança os segure com os dedos indicados

g)       Uma brincadeira muito legal é a de imitar a lavagem de roupa de bonecas e pendurá-las no varal. Serve tanto para meninas como para meninos e, se quiser, pode mudar o foco para pendurar no varal cartões com objetos do carro, do navio, da casa etc.



COM TRABALHOS ARTÍSTICOS:

A colagem com objetos grãos é sempre um bom exercício por proporcionarem uma graduação das dificuldades. Estes exercícios ajudam a criança a pegar objetos com o polegar e o indicador em pinça. Crianças que usam outros dedos na pega dos objetos e do lápis precisam ser observadas e corrigidas.

a)           Pode-se fazer trabalhos de bricolagem, utilizando outros objetos em graduação de dificuldades como pedrinhas, tampas de refrigerante, palitos redondos ou chatos de madeira, garfos e colheres para doces (plásticos ou de acrílico), cotonetes, etc. Existe uma variedade enorme de coisas que podem ser usadas nesta atividade. Comece sempre pelas maiores e diminua aos poucos em atividades posteriores.

b)           Pode-se também usar grãos, começando sempre pelos maiores e diminuindo aos poucos em atividades posteriores. Pode-se usar: grão de bico seco, feijão, ervilhas ou lentilha secas, milho seco, arroz, e outras sementes menores que possa encontrar ou bolinhas feitas de papel.



c)          Colagem com macarrão é outra opção. Podem ser usados macarrões chatos, tubulares, ou outros como os de lacinho ou de conchinhas. Este tipo de colagem é mais apropriado para bordas de desenhos ou outros trabalhos.

d)     Papéis também podem ser usados, pois também permitem graduação de dificuldades, mas depois das opções anteriores terem sido trabalhadas. Comece com os mais grossos (papelão) e aos poucos vá diminuindo a espessura.

e)           Variações em papel com colagem de pequenas peças e de diferentes texturas, rolinhos ou bolinhas de papel (sobras de material reaproveitado) também podem ser realizadas.


Continuamos na próxima postagem e com novos exercícios.