quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

SINDROME DE WEST



A Síndrome de West é de difícil diagnóstico porque pode ter uma causa conhecida e chamada de “sintomática” (geralmente provocada por uma alteração ou lesão cerebral) ou uma causa desconhecida e denominada “criptogênica” (onde a criança nasce sem lesão aparente e tem desenvolvimento normal até o inicio das crises de espasmos).

Em 80% dos casos, a síndrome de West é secundaria, ou seja, é resultado de uma lesão e de sua localização no cérebro. Nos 20% restantes, podem ocorrer por encefalites viróticas, anoxia neonatal, traumatismo de parto, toxoplasmose, síndrome de aicardi, esclerose tuberosa ou síndrome de Bourneville-Pringle

Em ambos os casos, as crises de espasmos são freqüentes, maciças e simétricas. Caracterizam-se pela flexão súbita da cabeça, contração dos braços e flexão das pernas. É comum, no momento do espasmo, a criança soltar um grito ou apresentar uma flexão de cabeça como se cumprimentasse alguém (esse gesto conhecido como “tique da Saban” ou “espasmo saudatório”). Ao flexionar a cabeça, flexiona também os músculos do abdômen, o que pode ser confundido com uma cólica ou reflexo de moro (reação à sensação de cair presente no recém-nascido e que desaparece por volta do 4º ou 5º mês de vida). As contrações musculares dos braços fazem com que a pessoa os estire para frente e para fora. Estes movimentos são rápidos. As crises duram alguns segundos e são mais freqüentes durante o período de vigília (pessoa acordada), podendo chegar a mais de uma centena delas, num único dia, com ou sem  pequenos intervalos entre elas.

No grupo dos criptogênios os espasmos podem desaparecer completamente, por volta do 4º ou 5º ano de vida. Porém, no grupo dos sintomáticos, como os casos são mais severos, os espasmos estão associados a outras patologias (doenças) neurológicas. Neste grupo, até chegar á maturidade, as crises já provocaram muitas perdas neuropsíquicas, pois elas destroem os neurônios.

Diante da suspeita da Síndrome de West tem início uma incansável investigação. Uma série de exames neurológicos deve ser realizado. O exame encefalográfico mosta um traçado bastante alterado. É feito ainda exames que detectam erros metabólicos e o tipo de crise espástica que o sujeito apresenta, já que inúmeras associações podem estar presentes

A Síndrome de West se caracteriza, além das crises espasticas, por um atraso no desenvolvimento neuropsicomotor (presente em 95% dos casos) e pelo retardo ou déficit intelectual (presente em 90% dos casos). Outras complicações podem ocorrer como, por exemplo, problemas respiratórios, crises epiléticas, deformidades e subluxações do quadril.

Mesmo com um diagnóstico dificultado pelos sintomas, o diagnóstico precisa ser precoce para evitar ou minimizar os efeitos do retardo intelectual, do desenvolvimento, das crises e as alterações neurológicas.

Fontes:
Apontamentos de aula de Neuropsicologia




segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

A CRIANÇA E OS CONTOS DE FADAS


Todo desenvolvimento envolve problemas psicológicos sejam relacionados ao crescimento físico, ao afetivo-emocional ou a forma como é tratada ou educada em sua família

Esses problemas, segundo Bettelheim (1980) dizem respeito a decepções narcísicas, dilemas edípicos, rivalidades entre irmãos, abandono ou dependência familiar, de moral , de sentimentos egoístas, de baixo auto-conceito de si mesmo e de outras tantas coisas que as crianças sentem e não compreendem por serem inconscientes. E, se compreendem as causas (tem consciência), não sabem lidar com elas, como por exemplo, o medo do escuro ou da morte. Por essa razão, ficam ruminando esses problemas, buscando respostas e fantasiando soluções para que se vejam livres, o mais rápido possível, desses sentimentos.

Os adultos extravasam sentimentos hostis e inadequados através do comportamento. Com as crianças não é diferente. Dessa forma, com um sentimento ruim ou uma dúvida a criança modifica seu comportamento. Podem tornarem-se agressivas, rebeldes, apáticas, isoladas, irem mal na escola, ter dificuldades em fazer amizades e conservá-las etc. Isto porque esses sentimentos baixam sua auto-estima e autoconfiança.

Os contos infantis trabalham esses sentimentos e dúvidas apontando soluções práticas que tiram a criança dessa situação. E fazem isso, mostrando a elas os opostos (bem e mau, esperto ou apático, agressivo e calmo) permitindo que a criança faça uma escolha justamente por se identificar por um ou por outro. Mas,  essas escolhas não se baseiam apenas na dualidade comportamental, isto é, não é pelo certo ou errado.

Os contos de fadas mostram a realidade dos opostos sem meias verdades. Mas, dão a esperança e a certeza de que tudo pode mudar para melhor. Mostra que o mau pode ser bom, que o apático pode ser esperto, que o preguiçoso pode ser reconhecido se produzir. Mostra que as crianças precisam mudar de "atitudes".

Essas informações são aquelas que, muitas vezes, esquecemos de passar quando educamos uma criança, por estarmos preocupados com tantas outras coisas. Com essas informações as crianças se acalmam porque se sentem mais seguras e confiantes permitindo-se experimentar outras e novas atitudes.

fonte:
BETTELHEIM, Bruno. "A Psicanálise dos Contos de Fadas". R.Janeiro, Ed Paz e Terra, 1980.