domingo, 4 de dezembro de 2016

PARALISIA CEREBRAL E A APRENDIZAGEM MATEMÁTICA

Olá pessoal, mais uma vez venho trazer sugestões no ensino e registro da aprendizagem das noções matemáticas. O garoto em questão tem Paralisia Cerebral de moderada a grave, é cadeirante, tem como comorbidades a deficiência intelectual, baixa visão e problemas motores espásticos, onde apenas a mão direita é ativa e mesmo assim, apresenta dificuldades nos movimentos. 

Para fixar a numeração, a sugestão é um desenho com alguma dificuldade, como este por exemplo:


A dificuldade maior está na no ziguezague dos pelos do gato. Minha intensão ao escolher este desenho é verificar se ele consegue cobrir o pontilhado. o resultado foi o seguinte: o ziguezague na parte inicial ele foi muito bem, porém, o do alto da cabeça ele seguiu reto e não fez o ziguezague porque teve um espasmo bem nesse momento.

Na postagem anterior, terminei mostrando a série de 10 a 15. Como completava a série que ele afirmava não saber e para verificar se houve memorização da forma e da nomenclatura, é por ela que começo, com a leitura da série já aprendida. E antes de ensinar o restante, verifico o "antes" de alguns números dados.

No alto da página, a sequência trabalhada que serve para a leitura dos números e fonte de pesquisa durante os exercícios.



Em seguida, o "depois" de outros números da série ou família numérica do 10.


A resposta possível, neste momento, ainda é a colagem. Por causa dos espasmos que aparecem sempre que se esforça um pouco. Em seus registros os números ficam irreconhecíveis. mas estamos trabalhando a coordenação motora fina, mas suas melhoras serão mais lentas. O mesmo exercício e com o mesmo procedimento foi feito com o restante da série (15 a 19)


Procurando novas oportunidades de contagem e de registros, decidi ensiná-lo a contar os dedos ao realizar as adições.



Mas, não deu certo. Ele não conseguia manter os dedos indicados em pé, por causa do problema motor e dos espasmos. Mas, como é muito esperto, ele arranjou uma estratégia: contar os dedinhos do desenho. Mas, fica a dica para os que conseguem.

NOÇÃO DE VINTE

Terminado este exercício, lembrei-o das 10 tampinhas que contara e colocara no saquinho semanas atrás. 

 

Perguntei quantas tampinhas havia no saquinho e sem titubear respondeu serem 10. Coloco então o numeral correspondente. A partir de então, coloco uma a uma as tampinhas até completar 9. E a cada tampinha colocada eu perguntava: 10 mais 1 fica? E ele respondia acertadamente. E seguida, coloco mais uma (formando 10  unidades) e ele novamente as pôs num outro saquinho.

Apresento o novo número (20) e digo a ele que começará uma nova serie, agora com o 2 na frente, porque ele representa os 2 saquinhos com 10 tampinhas cada um.

 

Terminado e entendido, voltamos ao caderno. Lá, retomo a explicação e apresento a série.

E fazemos a leitura desses numerais. E para finalizar, um Liga-Pontos com a nova série.
Vejam como ele ia ligando os pontinhos corretamente.
A curvatura no percurso é devido a um espasmo que 
ele não consegue controlar. 


Os leitores que me acompanham desde o início do blog, sabem que gosto de trabalhar com o Material Dourado. No entanto, devem estar se perguntando por que estou usando tampinhas? Nesta etapa e com este garoto, estou usando as tampinhas porque os cubinhos são muito pequenos e devido aos espasmos ele os derruba e também porque não é tão fácil de manejá-los, devido a baixa visão. Com as tampinhas, por serem maiores, fica melhor.

Espero que estas sugestões sejam do seu agrado.
Continuamos com mais dicas