sexta-feira, 23 de março de 2012

MÃES E MADRASTAS NOS CONTOS DE FADAS


Se voltarmos no tempo através de nossas lembranças e chegarmos a nossa infância, com certeza nos lembraremos de algumas reações que tivemos diante de um “NÃO” dito por nossas mães a um desejo que tivemos. Além de chorar, espernear, de bater ou atirar coisas ao chão, de socar o colchão ou o travesseiro podemos perceber que um sentimento de raiva (e até de ódio) tomou conta de nós quando o “NÂO” foi pronunciado.

Se fizermos mais um pequeno esforço, podemos lembrar dos pensamentos que tivemos diante dessa negativa. Desejamos ser filhos de outra mãe, de que ela sumisse ou evaporasse como fumaça, e quem sabe, desejamos que ela morresse. Porém, logo depois, a abraçávamos com muita força, dizíamos como e quanto a amávamos e pedíamos desculpas pela forma como reagimos. Mas, jamais confessávamos os pensamentos que havíamos tido. Eles ficaram guardados para sempre, como um segredo inconfessável, trancafiado a “sete chaves”.

As crianças de hoje não são diferentes das crianças que fomos. Portanto, possuem os mesmos sentimentos e os mesmos desejos inconfessos. Por que isto acontece?

Porque, pelo fato de serem crianças e de conhecer e entender muito pouco da realidade, estão mais sujeitas a ações inconscientes do que nós adultos. Seu ego ainda é caótico porque está em formação. E, segundo Carl Gustav Jung, até os 8 anos, não passa de um pequeno embrião. Por isso, fica enfraquecido diante dos fatos da vida.

Uma maneira que a criança encontra para extravazar esses sentimentos e influencias inconscientes é através das brincadeiras, projetando nos brinquedos suas dúvidas, seus sentimentos e a maneira como percebem o mundo. Mas, igualmente importante é controlar e dominar essas influências para que seu Ego se desenvolva forte. Para isso, a criança precisa aprender a lidar com as questões inconscientes.


É justamente porque ela ainda não aprendeu, que cede a essas pressões internas e inconscientes, tendo sentimentos e pensamentos complexos, contraditórios, violentos, e potencialmente destrutivos. Em resumo, as crianças sabem que essas ações, desejos e pensamentos são socialmente condenáveis, principalmente, quando possuem uma relação com a mãe.

Diante do “NÂO” a um desejo o ego, que ainda está conectado com o inconsciente, se deixa influenciar e as ações que se seguem são bastante primitivas. Se o “NÃO” é mantido, a mente influenciada começa a tecer pensamentos funestos. Passada a raiva, tudo volta ao normal. É quando se sentem “culpadas” de ter desejado daquela maneira.

Todas as mães e todas as crianças passaram e passam por isto. Não importa se são mães boas ou más, se tem autoridade ou é autoritária, se é coersiva ou permissiva. Todas são vistas pelas crianças em momentos semelhantes, como as madrastas dos contos de fada.

Amor e ódio convivem lado a lado. A linha que os separa é frágil e muito fina permitindo que se passe de um sentimento para o outro em frações de segundos.

Lendo, ouvindo ou assistindo um conto de fada ( os clássicos) as crianças entram em contato com a realidade da vida porque eles tratam do assunto abertamente e sem rodeios, porém de um jeito que a criança entende. Mostra os dois lados: o da criança e o da mãe, explica os motivos de uma e de outra, mostra as reações de ambas e permite que a criança faça sua escolha. No final da história,... uma surpresa.

Uma fada-madrinha chega, a resgata daquela situação e todos os “males” desaparecem. É a surpresa inesperada, simbólica e fantasiosa que atua e  povoa o imaginário infantil, que lhe dá força, coragem e esperança de que, um dia, ela não terá mais esses pensamentos. É esta esperança que permite que o ego infantil se desenvolva correta e satisfatoriamente sadio. Caso contrário,  se desenvolverá enfraquecido e sujeito a todos os tipos de sentimentos negativos como os de rejeição, de negligência, incompreensão e degradação e que vão dar origem a uma série de patologias, como por exemplo, a demência.

Fonte
BETHELHEIM, Bruno, “ A Psicanálise dos Contos de Fadas”. Ed Paz e Terra.

quarta-feira, 21 de março de 2012

DIA INTERNACIONAL DA SÍNDROME DE DOWN

SÓ COM O AMOR SE CONSTRÓI UMA VIDA.
SÓ COM AMOR SE EDUCA.
SÓ VIVEMOS PORQUE AMAMOS E SOMOS AMADOS.
E PARA O AMOR, AS DIFERENÇAS NÃO EXISTEM.