sexta-feira, 4 de março de 2011

O QUE É PSICOPEDAGOGIA?

A Psicopedagógia é um conjunto de conhecimentos que atua na intersecção entre a Pedagogia e a Psicologia.
Isto significa que a Psicopedagogia ainda não é uma ciência. No entanto, luta para ser. Mas, enquanto isso não acontece, vale-se das teorias da Pedagogia e da Psicologia para realizar seu trabalho.

A Psicopedagogia foi criada na França, hà uns 40 anos atrás, na tentativa de eliminar o fracasso escolar existente no país. Como os resultados obtidos foram animadores, a ideia espalhou-se pelo mundo afora. A Argentina foi um dos países que aderiu a ideia, desenvolvendo pesquisas nessa área e criando o seu próprio jeito de atuar nesse campo. Nomes ilustres da Psicopedagogia Argentina são: Sara Pain, Alícia Fernàndez,  Emilia Ferrero e Jorge Visca. O Brasil também aderiu a ideia pouco tempo depois, e segue o modelo argentino.

O pensamento psicopedagógico é de que todas as pessoas conseguem aprender. Mesmo com limitações, todos são capazes de realizar aprendizagens desde que sejam respeitados os limites, o jeito próprio de ser de cada pessoa e que sejam criadas oportunidades para isso.


Quando a Psicopedagogia fala em aprender, não se refere apenas ás aprendizagens escolares, mas também, as aprendizagens do cotidiano da vida. Mas, é com as aprendizagens escolares que a Psicopedagogia tem tido maior campo para desenvolver seu trabalho.

A escola tem criado muitos problemas para os estudantes com seu olhar de coletividade, o acúmulo de conhecimentos a ser transmitido, as provas de memorização, as obrigações da carreira, a falta de tempo, o acúmulo de trabalho etc têm feito com que ela e os professores fechem os olhos para os problemas individuais dos estudantes. 

Com isto, entendem que as aprendizagens são, única e exclusivamente, da competência e responsabilidade dos estudantes.  E segundo esse pensamento, todo aquele que não aprende eficientemente e não responde adequadamente às demandas estabelecidas é rotulado de "preguiçoso, relaxado, displicente, indisciplinado" e outros tantos por aí afora. Mas, esta não é toda a verdade. Para que os alunos aprendam com eficácia, dependem da proposta pedagógica da escola, do método utilizado e, principalmente, da relação professor/aluno. 

A psicopedagogia entende que essas atitudes dos alunos, assim como a recusa em realizar as tarefas escolares, os erros ortográficos, a rebeldia, são sinais de algo não vai bem com esses estudantes.

Para a Psicopedagogia esses sinais são importantes porque eles tem uma causa que está atrapalhando ou impedindo o estudante de aprender adequadamente. Essas causa podem ser: físicas ( o estudante pode não estar bem de saúde ou ter uma deficiência), familiares (problemas financeiros ou de relacionamento entre ele e os pais ou irmãos), sociais (de relacionamento com colegas, abusos sexuais, bullyng, violencia, drogas etc), cognitivos (ter uma deficiencia visual, auditiva ou intelectual) e educacional (com a escola, professor ou a forma como foi educado na família como a superproteção ou o autoritarismo). Essas causas quando muito dramáticas podem levar os estudantes a optarem por não aprender.

Aprender e não aprender possuem a mesma força e gastam a mesma energia. E a linha que separa uma da outra é tênue e frágil. Se deixar como está dura para sempre. A psicopedagogia acredita que lançando um olhar sobre os sinais e investigando as causas o aluno pode voltar a se interessar pelos estudos e pela vida.

terça-feira, 1 de março de 2011

INFLUÊNCIA EXTERNA NO DESENHO DAS CRIANÇAS

Dos 5 aos 9 ou 10 anos, as crianças sentem prazer em desenhar . Nada é difícil ou impossível nessa tarefa.Também sentem prazer em colorir seus desenhos. Como diz Philipe Greig (2001), essa é a “época de ouro” do desenho infantil.

Com traços ainda imprecisos, os desenhos infantis possuem uma beleza sui generis. Revelam a maneira como percebem a realidade à sua volta, mostra como ensaiam vários pontos de vista,  posições,  noções de perspectivas e amadurecem na percepção dos detalhes.


Na medida em que as crianças crescem, os desenhos infantis ganham um aspecto mais realista. Aparecem os movimentos e já apresentam um contexto histórico: a figura humana estã num determinado lugar e fazendo alguma coisa. Aprimoram o traço. Em breve, construirá um cenário completo, local onde se desenrolará uma história com começo, meio e fim. E como são criativos!


No entanto, muitas das atitudes dos adultos influem negativamente nos desenhos infantis. Os pais, “cheios de boa intenção”, acreditando que estão ajudando os filhos a melhorarem o traço (adquirir coordenação motora), aproveitam a fase de interesse gráfico e oferecem para as crianças, uma porção de "revistinhas de colorir". Na escola, mais desenhos prontos, desta vez, selecionados e xerocados. 

Diante desta avalanche de "desenhos prontos" só resta à criança, a tarefa de colorir. Tarefa da qual, logo se cansa. O divertido no colorir é continuar dando asas à imaginação. E com os "desenhos prontos", a criança não faz. Por isso, apenas colorir a desinteressa tão rápido. Sem pensar, sem puxar da memória a lembrança da forma dos objetos que quer registrar, sem estudar onde esses objetos ficarão em maior evidência no espaço disponível, sem dar asas a imaginação e sem encontrar uma história, um contexto ou uma situação, a criatividade definha. Vejam um exemplo disto:


 Neste desenho, a criança começava a sentir os efeitos dos "desenhos prontos".  Como atividade inata dos seres humanos, o desenho ainda resiste por um tempo. Mas, apesar da figura principal mostrar-se intacta, as figuras de fundo já se mostram reduzidas a elementos mínimos. A resistência do desenho está justamente nos movimentos  e leveza apresentados pelas figuras de fundo, como uma espécie de disfarce.da confusão que a criança vive no momento. 


Os "desenhos prontos" significam, para a criança, o "ideal de perfeição" que ela "tem" que conquistar. Já não basta desenhar. "Precisa" desenhar bem. 


E o ato de desenhar como criação, como expressão, como atividade lúdica, relaxante e estimulante, se transforma numa obrigação, num dever. Quando isto acontece, a criança perde a criatividade de vez. Novamente, é a figura humana quem mostra a confusão que se instala na criança:



Nestes exemplos, as figuras humanas estão reduzidas  aos elementos mínimos que constituem o corpo humano. As deformidades (seja por falta ou por excesso) mostram a confusão que se instala nas crianças e em seu grafismo.


Aguardem a volta deste assunto, com outras interferências.