sábado, 16 de julho de 2011

O QUE DIZEM OS DESENHOS DAS CRIANÇAS (II)

Os desenhos infantis contam muito sobre as crianças que os fazem.

Para que o profissional possa compreender como  é a criança que desenha, deve observá-la realizando essa tarefa e ter o auxilio de uma bibliografia composta por renomados especialistas na qual se fundamenta. Em assim sendo, todo profissional busca informações sobre quatro eixos (ou aspectos) muito importantes: o físico-motor, o cognitivo, o afetivo-emocional e o pedagógico.

O  EIXO FÍSICO-MOTOR revela dados à respeito da motricidade (2 aos 6 anos) e da psicomotricidade (dos 7 anos em diante). Tanto uma quanto a outra são mostradas pelo comportamento das crianças. O mesmo acontece com adolescentes, jovens e adultos.

O EIXO COGNITIVO revela dados a respeito das funções cerebrais, ou zeja, como a criança percebe as coisas, como processa as informações percebidas e como as devolve ao mundo em forma de respostas. É, neste momento que os desenhos  e as expressãoes verbais e não verbais são importantes. Aqui também envolve a criatividade e a originalidade do que faz.

O EIXO AFETIVO-EMOCIONAL revela o tipo de relacionamentos que ela tem com o mundo, principalmente, com a família e a escola, no caso de crianças e adolescentes. Entram neste item os bloqueios e as fantasias.

O EIXO PEDAGÓGICO depende dos itens anteriores. É visto pela oralidade, o desempenho nas tarefas, na expressão corporal, e na capacidade de produzir algo escrito. Entram aqui o título da produção (que geralmente é tema de conversas), a produção de histórias orais ou escritas sobre a produção artística feita. 

E, dentro de cada eixo, verifica-se uma série de outros itens sobre os quais falaremos posteriormente. Por isso, somente olhando um desenho feito não dá para se conhecer uma criança e seus problemas. Essa análise seria parcial e com poucas informações.

sexta-feira, 15 de julho de 2011

PROCESSOS MENTAIS E A APRENDIZAGEM (i)

Como prometi, vamos ver cada sistema psiconeurológico mais detalhadamente, para que se compreenda como cada um funciona.

O SISTEMA DE PROCESSAMENTO DE CONTEÚDO

Quando uma luz forte atinge nossos olhos, os fechamos instantaneamente. Quando encostamos a mão numa panela quente, rapidamente retiramos nossa mão.

Isto acontece porque sob a nossa pele existem pequenas ramificações nervosas que sentindo a luz forte ou o calor da panela enviam essas informações por meio de impulsos nervosos ao cérebro. Mas, o cérebro não entende o impulso nervoso. Por isso, é preciso traduzir esses impulsos numa linguagem que o cérebro entenda, como se faz do inglês para o português. A isto chamamos de “transdução”. Nessa transdução, o impulso nervoso passa a ser um impulso elétrico. O cérebro, então, recebe a informação, identifica o que acontece, analisa, consulta os centros motores que planejam o movimento (solução do problema), enviam novamente ao centro de decisão do cérebro que envia uma resposta motora que, nos casos acima, correspondem a fechar os olhos ou retirar a mão. A resposta segue o caminho inverso. Há a conversão do impulso elétrico em impulso nervoso que corre pela medula, passa pelos nervos dos olhos ou da mão, prepara os músculos dos olhos e das articulações e músculos do braço e mão e, só então, executamos os movimentos. Tudo isto, em frações de segundo.

Com as aprendizagens ocorre a mesma coisa. Por isso, dependemos do bom funcionamento dos órgãos dos sentidos: tato, visão, audição, gustação e olfato.
Lembrar que o tato não está só nas mãos, mas no corpo todo através da pele. 
A mão é apenas uma representação.

Nas aprendizagens do cotidiano dependemos de todos eles. Já as aprendizagens escolares dependem da visão, da audição e do tato e, em segundo plano, dos sentidos restantes. Mais especificamente, das lembranças olfativas e gustativas, quando forem requisitadas.

Bom funcionamento não quer dizer ver, ouvir e sentir apenas. É preciso mais. É preciso que esses órgãos distingam e identifiquem os estímulos vistos, ouvidos e sentidos.
Crianças com dificuldades táteis podem correr risco de morte. 
A dor é um sinal de saúde.

Distinguir é perceber que, por exemplo, o quente é diferente do frio, do morno e do fervendo. Identificar é ter a certeza do que é quente. Dessas funções depende a resposta correta do cérebro. Caso contrário, o cérebro emitirá uma resposta confusa, imprecisa ou inadequada. É o que acontece com crianças que lêem e escrevem mal. Nem sempre essa dificuldade é um problema neurológico. Pode ser um problema visual ou auditivo.

Por isto, quando se pensar em colocar a criança na escola, não custa verificar se não há nenhum problema visual ou auditivo, antes de fazer a matrícula. Prevenir é sempre melhor do que remediar.


fonte:
FONSECA, Vitor. Introdução às dificuldades de aprendizagem. Porto Alegre, RS, artes Médicas, 1995

quarta-feira, 13 de julho de 2011

ESCREVER NÃO É FÁCIL


Todo mundo acha que ler é a tarefa mais difícil para o sujeito. Isto é um engano, pois para escrever exigimos muito mais do nosso cérebro do que para ler. Por isso, a escrita leva mais tempo para ser adquirida.

Como processo, a escrita é o último estágio da aquisição da linguagem e, como tal, é resultado. E como resultado necessita que todo o processo tenha sido bem realizado. Escrever exige não só a identificação dos sons auditivos relacionados aos  símbolos correspondentes, mas a transposição desses símbolos em elementos visuosimbólicos (letras)

Escrever supõe inúmeras operações cognitivas. E, para isto, depende da intgridade da percepção auditiva, da discriminação e identificação, da memória seqüencial auditiva e das lembranças. E, enquanto a leitura trabalha com a síntese, a escrita trabalha com a análise.

Como todo processo passa por fases.

Escrever não depende somente da motricidade fina, como muitos professores acreditam. Mas, da  coordenação visuomotora (olhar para o que está escrevendo) e  da memória auditiva, visual e tatilquinestésica (tato e todo o sistema motor), que compreende a fase de execução ou fase gráfica. Identifica-se esta fase quando as crianças iniciam a escrita, quando ela copia.

Mas, a escrita não vive de cópias. Aos poucos, as crianças querem escrever o que pensam. É quando passam para outra fase: a da planificação ou fase ortográfica. Nesta fase, a criança converte pensamentos, sentimentos e idéias em símbolos gráficos. E para isso ela precisa da integração visuomotora, da revisualização (reconhecimento das palavras lida ou ouvida), formulação e síntaxe (forma correta de se escrever de acordo com as regras ortográficas), da psicomotricidade (maturidade para a escrita), da lembrança da forma correta de se traçar as letras e colocá-las na seqüência exata, colocar as palavras na ordem exata nas frases (de acordo com as regras gramaticais), codificar essa seqüência numa relação de todo mais as partes componentes, utilizar todo o sistema motor para grafar (escrever as letras), além da habilidade em segurar o lápis .

Qualquer falha em qualquer parte do processo pode se traduzir em dificuldades de aprendizagem.

 Por isso, toda ajuda de pais e professores é sempre bem vinda.

 fonte
FONSECA, Vitor. Introdução às dificuldades de aprendizagem. Porto Alegre, RS, artes Médicas, 1995

domingo, 10 de julho de 2011

BRINQUEDO OU MATERIAL DE ESTIMULAÇÃO?

Hoje, trouxe para vocês, um poderoso material de estimulação pedagógica. Um objeto que apareceu entre gregos e romanos há mais de três milênios. Foi utilizado pelos japoneses, durante muitos séculos, como objeto de treinamento militar, onde os soldados deveriam correr e chutar para atingir um alvo. Mais tarde. os ingleses reformularam esse treinamento, transformando-o em esporte. Assim, surgiu o futebol, da qual esse objeto é o ponto chave. Esse objeto foi trazido para o Brasil, em 1894, por Charles Miller. Adivinharam que objeto é esse?

Exatamente, estamos falando da BOLA.
Desde os tempos mais remotos, a bola serviu como forma de diversão entre nobres, servos e atletas. E por seu caráter lúdico, as crianças fazem certos exercícios que seriam enfadonhos, sem perceber. Brincar com bola é um enorme estimulante para o físico, para os sistemas motores, para os sistemas cognitivos e emocionais. Desenvolve ainda habilidades e capacidades.
bola com cravinhos

Há bolas de todas as formas, tamanhos e materiais. Eu me refiro àquelas de plástico ou de borracha, ocas e cheias de ar, coloridas ou numa só cor, que as crianças se valem para chutar, arremessar ou fazê-las rolar pelo chão. Nada muito sofisticado.

Rolar uma bola pequena (com cravinhos ou lisa) sobre a pele do corpo, na planta dos pés e mãos é altamente relaxante, pois massageia e estimula os terminais sensitivos e nervos.
Abaixar, levantar, correr, pegar, posicionar e chutar desenvolve as funções motoras. A prática regular desses exercícios faz aumentar o ritmo, a velocidade, a agilidade corporal, a criatividade, a coordenação motora e gera as habilidades das mãos e pés. E quanto mais a criança pratica, mais quer praticar, porque aumenta sua disposição.

Desenvolve o lado pedagógico porque a criança utiliza os principais sentidos exigidos pela escola: a visão, o tato e a audição. A visão, no sentido de mira e pontaria, na percepção de detalhes e em percepções que ocorrem em frações de segundo, tornando-as  mais ágeis e automáticas. O tato, no ato de agarrar a bola (seja de curta ou de longa distância) estimulando a preensão e a manipulação da bola, formará imagens mentais. A audição, durante as ordens recebidas e os sons da própria bola.

Desenvolvem os sistemas cognitivos porque para realizar todas essas atividades e exercícios precisam de atenção e concentração no que estão fazendo, no cálculo mental de distância, direção e força motora, de iniciativas, de planejamento e estratégias, de análise e síntese, de tomadas de decisão, de resolução de problemas práticos.

Desenvolvem o lado emocional porque se alegram com a atividade. E é essa alegria que gera sentimento de capacidade que, por sua vez, aumenta a auto-estima, a autoconfiança e a autorealização.

O uso da bola é recomendado para meninos e meninas de todas as idades,  sejam elas normais ou deficientes, respeitando-se as limitações de cada um.

Fonte
Apontamentos do curso de Psicopedagogia.