segunda-feira, 20 de janeiro de 2020

Conversa 13 – O MEDO INFANTIL

Muitos pais ficam sem saber o que fazer ao perceberem que seus filhos sentem medo de alguma coisa. E a primeira coisa a fazer é entender um pouco sobre ele. 


Imagine que você tenha comprado um carro zero do modelo mais novo que existe. Para que você não tenha seu carro roubado você coloca um alarme que toca alto se alguém tocar nele de propósito ou casualmente. Os medos atuam como o sistema de alarme dos carros. É um alarme natural do corpo que nos avisa de perigos iminentes. Portanto, sentir medo é sinal de boa saúde. Assim, os medos nada mais são do que a emoção mais primitiva que existe nos seres humanos. E devemos a eles a garantia da sobrevivência da nossa espécie.
reação comportamental

Ao pressentir um perigo, o medo provoca duas reações muito importantes: “reações bioquímicas” (comuns em todos os seres humanos, independendo da idade, sexo, raça ou nacionalidade) e “reações emocionais” (que varia de pessoa para pessoa). 

reação bioquímica 

As reações bioquímicas são imediatas, involuntárias, automáticas, concomitantes e observáveis como: o aumento da frequência cardíaca, aumento do nível de adrenalina, o suor nas mãos, palidez facial etc. Já a vontade de sair correndo ou se deixar dominar pelo medo faz parte das reações emocionais e, portanto, são mais lentas, conscientes e voluntariosas. 

Quem nunca sentiu aquele friozinho na barriga
ao falar em  público?

Muitas pessoas se gabam e propagam aos quatro ventos que "não sentem medo de nada". Neste caso, essas pessoas sentem medos, mas foram encorajadas a terem e manterem uma atitude destemida, foram valorizadas por conseguirem  e, desenvolveram estratégias que disfarçam as reações bioquímicas no seu comportamento. Esta atitude é vista como "normal" porque é preciso sim, superar nossos medos para que não se tornem obstáculos. 

O ponto a ser abordado neste momento é a "ausência total do medo". 


A ausência  ou o mal funcionamento do alarme natural é uma doença emocional, silenciosa e progressiva que pode colocar em risco a vida dessa pessoa. São pessoas que se arriscam sem se dar conta do perigo que correm, porque a falta de aviso não as prepara ao enfrentamento da situação perigosa. Uma doença que precisa ser tratada por profissionais especializados (psicólogos e/ou psiquiatras).  E o pior é que muitas pessoas acreditam que essa atitude seja gabolice, a valorizam e incentivam com o reforço da aprovação. Estas pessoas confundem a gabolice com coragem ou destemor. 

TIPOS DE MEDO

medo real

Os medos podem ser “reais” ou “fantasiosos”. São medos reais: o medo de assalto, medo da morte, de envelhecer, medo de baratas, escorpiões, aranhas, cobras etc, medo de dirigir, de perder privilégios, medo de não passar no vestibular, medo da reação de alguém etc. 

medos fantasiosos ou imaginários

Os medos fantasiosos são frutos da nossa imaginação: medo de fantasmas, gnomos, fadas e bruxas, de extraterrestres, medo expressar opinião e ser ridicularizado, medo das coisas não saírem do jeito que foi planejado, entre outros. Inúmeros, variados e inusitados, os medos podem ser declarados (conscientes) ou ocultos (inconscientes). E de onde eles surgem? Este é o assunto de nossa próxima postagem