sábado, 17 de setembro de 2011

ERA UMA VEZ...



"Era uma vez, num reino muito distante...", assim começam a maioria dos contos de fadas. Histórias que, ao ler ou ouvir alguém contar, fazem vir à tona as lembranças da infância.    Histórias que falavam sobre fadas, bruxas, duendes, principes e princesas. Que bom que era! Os personagens eram encantadores. Viajávamos para lugares distantes e para outras épocas numa nave de sonhos e fantasias. 

Essas histórias encantaram e continuam encantando as crianças de inúmeras gerações e de todos os recantos do mundo. E durante muitos séculos.  Histórias que são eternas.

Mas, por que falar dos Contos de Fadas neste blog?
A razão deste tema  é por que, nos dias atuais, com a ausência de valores morais e o império da agressividade, da violência, do desrespeito para com o próximo, da exigência do cumprimento dos direitos individuais (sem no entanto, mencionar os deveres),  a grande questão é: - "Como ensinar as crianças a trilharem o bom caminho?"

Esses contos falam da grande preocupação do homem que é buscar um sentido para sua própria existência. Saber quem é, porque está neste mundo e  onde deveremos chegar são problemas existenciais humanos. 

Como viver e conviver com os outros são inquietações que o homem tenta responder para si mesmo. Respostas que nem sempre são encontradas facilmente. Alguns as encontram depois longos anos de observação e reflexão.  Outros, nem chegam perto de uma resposta coerente. Outros tantos, deixam a vida sem se dar conta do que isso seja. E se estas inquietações são difíceis de serem compreendidas pelos adultos, imaginem quão difícil elas serão para as crianças. Na sua inocência e com pouco conhecimento da vida e do mundo, as crianças sentem dúvidas despertadas pela e na relação com o(s) outro(s).

 As crianças, como os adultos, também se questionam sobre a vida, sobre seus sentimentos, emocões, desejos, pensamentos e refletem sobre suas ações e atitudes. Questionam se suas emoções e sentimentos são próprias ou impróprias? Seus desejos secretos são aceitáveis ou condenáveis?

É, justamente pelos Contos de Fadas que as crianças resolvem essas dúvidas. E por meio das ações e atitudes dos personagens que atuam, como se fossem  exemplos do cotidiano. com exemplos práticos, simples, compreensíveis e significativos que as crianças resolvem suas dúvidas e aprendem a se relacionar com os demais, evitando as longas palestras ou reprimendas.

Enquanto procuramos soluções mirabolantes para falar dos problemas existenciais universais com as crianças, os Contos de Fadas tratam desses problemas  com simplicidade. É através dessas histórias que criança toma conhecimento dos assuntos mais complexos e altamente abstratos como a morte, a velhice, a separação dos pais, o abandono, a rejeição ou a predileção, a ganância e o poder dentre outros. Assuntos que, geralmente, os adultos deixam ou evitam mencionar, por acreditarem que estes não sejam assuntos adequados para a infância. Mas, mesmos sem que os adultos percebam, a criança sofre com eles.

 É por causa desses sofrimentos que os Contos de Fadas ensinam os comportamentos morais da convivência e das relações humanas. Através deles, as crianças obtém respostas imediatas ás suas dúvidas, inquietações e anseios, pois elas atingem diretamente as percepções psicológicas das crianças.

(continuará na próxima postagem do assunto)

Fonte:
BETTELHEIM, Bruno. “A Psicanálise dos Contos de Fadas”, Ed Paz e Terra, 1980


quarta-feira, 14 de setembro de 2011

OS JOGOS DE CONSTRUÇÃO

 
Jogar é uma prática psicopedagógica e pedagógica.Incentivar sua prática em casa e na escola é auxiliar a criança a adquirir e assimilar conceitos importantes tanto no estudo da língua como no estudo da matemática, das ciências físicas. Jogar, além de ser uma diversão, também é aquisição de conhecimento.

Nos jogos de construção, a criança monta prédios, casas, castelos, torres e outros.Para empilhar uma peça sobre a outra parece fácil, mas não é, pois as peças precisam manter um certo equilíbrio senão tudo desmorona. Para que não perca o trabalho realizado, as crianças devem conhecer princípios elementares da Física e da Matemática. E só aprenderão esses princípios se praticarem a tarefa de empilhar. Daí o valor pedagógico destes jogos.

Como atividade terapêutica, estes jogos ensinam a criança a perseverar através do montar e cair. Recomeçar o trabalho do início não é uma tarefa bem aceita pelas crianças de hoje em dia. As facilidades e a vida mais prática dos tempos atuais fazem com que estes jogos andem na contramão de seus interesses. Por isso, muitas  tentam desistir após a terceira ou quarta queda. Se isto acontecer, proponha como desafio que montem novamente e descubram porque a sua construção havia caído. No entanto, estes jogos só funcionam como conhecimento se a criança montar sozinha e descobrir as razões das quedas. Se os adultos ajudarem ou fizerem pela criança, todo o valor pedagógico desmoronará junto com a construção, pois a criança só aprende a fazer alguma coisa, fazendo sozinha.

Como valor linguistico ficam as verbalizações e atividades escritas. Perguntar e responder questões (orais ou por escrito) sobre quem mora ali, sobre que acontecimentos ali houveram e como foram solucionados, desenvolve a imaginação, o raciocínio, a solução de problemas e conceito de abstração, além das nomeações, formação de frases e produção de histórias orais e escritas. Essas questões podem funcionar como esquemas ou resumos para a produção de textos mais longos e para as crianças de séries mais adiantadas. Tendo como ponto de partida os jogos e as produções realizadas, pode-se ainda trabalhar as questões da gramática. 

Pode-se ainda trabalhar a zona rural e urbana,  tipos de construções arquitetônicas de outros tempos em confronto com as de hoje em História e Geografia.

Como valor neurológico, estes jogos desenvolvem a coordenação motora fina, a capacidade de preensão, servem de exercício motores (através dos movimentos) para quem tem problemas desse tipo. Serve também como trabalho de inclusão.

Vejam agora, outros exemplos:

 APRENDER PODE SER MUITO DIVERTIDO!

   

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

SINDROME DE ANGELMAN


Harry Angelman, em 1965, descreveu um distúrbio que acometia crianças que possuíam retardo intelectual e apresentavam crises de riso. Essas crianças apresentavam hipotonia, atraso no desenvolvimento psicomotor, retardo intelectual severo, ausência da fala, convulsões e crises de espasmos que começavam por volta dos 18 meses. Essa febre podia ser controlada  e desaparecia com o tempo

A síndrome de Angelman também decorre de um erro genético no cromossomo 15, como na Síndrome de Prader-Willi, causado pela ausência de uma região, denominada SPW/AS, nesse cromossomo e de origem materna, o que resulta na falta de um certo tipo de informação genética importante. Essa síndrome afeta 1 indivíduo em 20.000 nascidos. Mas, essa estimativa pode ser maior porque alguns indivíduos possuem sintomas leves e passam desapercebidos e sem diagnóstico.

As características físicas das crianças com esta síndrome são: boca grande, queixo proeminente, destes espaçados e língua protusa. Possuem incapacidade de coordenar os movimentos voluntários (ataxia), acessos de riso (provocados ou não) e sialorréia (produção excessiva da saliva). A cor da pele é bem mais clara que a de seus pais, devido a hipopigmentação.

Essas crianças adquirem a marcha por volta dos 3 ou 4 anos de idade e caminham com passos largos e aos trancos (devido aos espasmos), com os braços flexionados e mãos para baixo.
Algumas crianças podem apresentar distúrbio do sono, hiperatividade ou comportamento agressivo. Apesar de tudo isto, os portadores desta síndrome possuem um aspecto sorridente e riem constantemente, mesmo que o estímulo  seja pequeno para uma gargalhada. Ao rirem e nos momentos de excitação, balançam as mãos.

Gostam de brincar com água, apreciam lugares barulhentos e ver sua imagem refletida no espelho. Alguns indivíduos conseguem comer, ir ao banheiro sozinhos, vestir-se com ajuda e desempenhar tarefas domésticas simples. A maioria deles comunica-se por gestos ou sinais enquanto alguns aprendem 3 ou 4 palavras com as quais se comunicam.

A investigação diagnostica deve ter início por volta dos 3 a 4 anos quando as crianças apresentam atraso no desenvolvimento neuropsicomotor de causa desconhecida. Antes disso, os indivíduos ainda não apresentam características reveladoras.Mesmo com as características físicas, a investigação molecular é indispensável para o diagnóstico. Há risco de recorrência familiar. Sinais como face assimétrica e escoliose aparecem, costumeiramente, na adolescência.
Fonte:
cintiafridman@yahoo.com.br