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quarta-feira, 15 de novembro de 2017

"NÃO SOU INCAPAZ"

"TODO MUNDO ACHA, MAS NÃO SOU INCAPAZ". Esta é uma frase corriqueira que o garoto (que tem paralisia cerebral moderada grave) diz com os olhos marejados de lágrimas em todas as vezes que ele aprende algo novo nos atendimentos. É de cortar o coração. Ele sempre costuma soltar seus desabafos. 

Mas esta frase calou mais fundo recentemente, enquanto aprendia a ADIÇÃO COM RESERVA (ou seja, contas com "vai 1"). 



Como os leitores sabem, comecei o Sistema de Numeração usando tampinhas de embalagens plásticas porque era mais fácil para ele manusear do que os cubinhos do Material Dourado que gosto de usar. Mas deixei-as de lado e passei a usar um material concreto e simbólico de decomposição de numerais. É uma espécie de ábaco.



Com esse material, além de trabalhar o conteúdo matemático em questão, trabalho também: a) a mecânica da operação de adição com reserva; b) a formação e representação simbólica e numérica no concreto, a leitura dos numerais; c)  a formação e a decomposição dos numerais (Visão de Conjunto); d) a contagem; e) a coordenação motora através do encaixe das peças, de esticar e elevar a mão ativa e f)  usar para a mão inativa  para segurar a peça. E tudo sem que ele tenha conhecimento disso. Porém, passo a passo.


PREPARAÇÃO DO NOVO CONTEÚDO

Como é um material novo eu o apresento ao garoto. Deixo que ele o manipule um pouco. Mostro ainda o valor posicional (unidade, dezena e centena) e o local onde serão colocadas as peças (laranja, azul e vermelha) que representam simbolicamente seus valores. 

Ábaco e Visão de Conjunto

Como auxílio de outro material (Visão de Conjunto) são trabalhados: a formação do número, sua decomposição e a leitura. Repito algumas vezes, não só nos dias da apresentação, mas também nos atendimentos subsequentes para que esse mecanismo seja fixado. Num primeiro momento, eu dou o número (dentro da numeração que já foi trabalhada) com a Visão de Conjunto e ele coloca as peças. Num outro momento, eu coloco as peças e ele usa o outro material para representar a quantidade ali colocada. Por último, eu peço o número e ele faz os coloca as peças segundo o valor posicional, representa numericamente com a Visão de Conjunto e faz a leitura do número. 

Enquanto isso, as operações de adição  e subtração simples e a numeração transcorrem normalmente.


ADIÇÃO SIMPLES NO NOVO MATERIAL 



Adicionando pequenas quantidades

As tampinhas ocupavam muito espaço na mesa de trabalho e com os espasmos, muitas vezes havia mistura delas e forçosamente era preciso recomeçar. E como ele já sabia usar o novo material, ficou mais fácil transferir a operação de adição para ele. E comecei com números baixos sem a necessidade dos  famosos "Vai 1".

As operações a serem calculadas estavam no caderno. Líamos o numeral da primeira parcela e ele colocava as peças nos lugares corretos com o material correspondente. Repetíamos da mesma forma com a outra parcela e coloca as peças por cima das que já tinham sido colocadas. Depois, ele contava começando pela unidade (laranja), e as outras cores (azul e vermelho) na sequência. No início eu montei algumas para mostrar-lhe como deveria fazer e depois, deixei a cargo dele. Repetimos "n" vezes, um pouco a cada atendimento.


PREPARANDO A NOÇÃO DE RESERVA

Com o mesmo material desta vez vazio, coloquei 9 unidades (peças laranja) e pedi que contasse. Depois coloquei mais uma e pedi que contasse novamente e pegasse na visão de conjunto o número correspondente. E ele faz.

Fiz ele notar que o 10 tinha dois dígitos e que eles não cabiam no lugar das unidades, pois na unidade só cabe um dígito. Como não entendeu, perguntei a ele quantos sapatos ou tênis ele colocava em cada pé. E ele respondeu que colocava um só. perguntei por que não podia colocar dois ou três? 

- Porque não cabem. - foi a resposta. Ele havia entendido. Depois, foi só fazer a relação entre sua resposta e o que ocorria nas contas.

Mostrei então, que cada 10 unidades pode ser trocada por uma peça azul (valor de dezena) e que devia ser colocada no "palito" ao lado. Disse ainda que ao fazer isso, dizemos "Vai 1". Ele achou engraçado e riu. E o riso se transformou numa gostosa gargalhada. 

AVANÇOS NA NUMERAÇÃO


Só para lembrar.

Depois de repetir várias vezes esse procedimento e com outras quantidades que somadas davam 10, a numeração chegou ao 100. Expliquei a grafia desse número ( CEM) e comparei com a outra palavra  que possui o mesmo som (homófona), mas não a mesma grafia (homógrafa) que é o termo SEM e que significa "falta ou a não existência de". Vocês devem se lembrar, pois já foi postada anteriormente. 

Era, portanto, o momento de trabalharmos uma nova série e que parte do 100 até o 109. E com essa nova série, ele precisava entender a presença do zero na casa da dezena e o um (representando simbolicamente a centena em vermelho) e que ocupa uma casa chamada "CENTENA".  E que os termos: CEM, CENTO E CENTENA querem dizer a mesma coisa (100). Com isto trabalhamos também, além do que já foi mencionado no início: a leitura, a grafia, a oralidade e ampliação do vocabulário.

Explico também que a casa da centena contém todos os grupos, conjuntos ou quantidades de 100 unidades (mostradas concretamente com o Material Dourado) que ocupam essa casa e novos grupos de 100, como o 200, 300, até o 900 e a nomenclatura das 9 centenas (também já postadas em outra oportunidade). Trabalhamos isso repetindo algumas vezes, pois a fixação virá a seu tempo. O objetivo era apenas para saber onde ele se encontra e o que virá pela frente.

A fixação da primeira série transcorreu normalmente com a repetição dos exercícios de rotina (completar a sequencia, maior e menor, vizinhos, etc. Inclui também pares e ímpares).



OPERAÇÕES COM RESERVA NA UNIDADE


                       Retirando as 10 unidades        e          colocando o "VAI 1"                            
Estamos agora na adição com reserva propriamente dita. Mas ainda nas unidades para que fixe bem. E tudo transcorrendo como o esperado: com facilidade e melhor desenvolvimento do garoto. Como todo aprendiz, ás vezes se confunde na nomenclatura. Diz vinte ou quatro quando é o quarenta. Mas é só pedir que observe e pense melhor que tudo se encaixa.  E estou trabalhando este assunto desde novembro do ano passado. Demorado? Sim, é, mas vale a pena porque seus progressos são notórios. E em breve, muito breve mesmo, passaremos para as reservas nas dezenas. 

Retomamos as subtrações simples  com números com centenas também. E em breve, também iniciaremos as subtrações com recurso, ou seja, "contas de emprestar".

Ele mostra ter plena consciência de que está progredindo, principalmente quando compara sua vida antes na escola e a de agora no atendimento. Só não são maiores e mais rápidos porque passou muito tempo dependente dos outros, pois na família todos faziam tudo para ele, por ele e no lugar dele, negligenciando suas vontades e capacidades. na escola, considerado como incapaz, ninguém fazia nada. Ficava lá sentado e dormindo segundo o próprio garoto. E agora, a autonomia não ensinada está lhe sendo sendo cobrada.

O objetivo de trazer esta frase dita pelo garoto como tema desta postagem é o de fazer pais e professores entenderem que, mesmo com uma deficiência, essas crianças e jovens são pessoas e devem se desenvolver integralmente.  

Por desenvolvimento integral de uma pessoa com deficiência entende-se que podemos desenvolver as habilidades e as capacidades que todos possuem e do jeito que conseguem. É ter o direito de receber educação formal (escolar) e informal (vida), ter direito a saúde física, mental e emocional, ter autonomia e ter convivência social. 

A Paralisia Cerebral é formada por uma lesão cerebral por erro, falta de oxigenação ou mutação genética.  Essa lesão não paralisa o cérebro, mas atinge os músculos tornando-os endurecidos. No entanto, as pessoas acreditam que, devido ao termo "paralisia", o cérebro não funciona e tratam essas pessoas como se fossem pessoas incapacitadas de pensar, agir e sentir. 

A única coisa que não pode é deixá-los sem instrução. Não importa a metodologia  usada. O importante é que crianças e jovens com paralisia cerebral seja qualquer que seja seu grau de dificuldade receba o que lhe é devido legalmente: instrução e bom desenvolvimento. E se nenhuma metodologia for capaz de desenvolvê-lo da forma como tem direito e merece, crie uma própria para eles. 


Até a próxima.

sexta-feira, 27 de outubro de 2017

A SOLUÇÃO PARA O DOWN

Voltando à postagem "NEM TUDO SÃO FLORES" fiquei de mostrar a solução encontrada para o problema do Down que se recusava a fazer as atividades. Aquela recusa não era algo pessoal, pois quando brincamos era bastante receptivo e o fato de encostar a cabeça no meu peito mostrava afeto e confiança.Se fosse algo pessoal, isto não aconteceria. E, se não era nada comigo, só poderia ser com as atividades. 

Decidi mudar tudo. E talvez o seu protagonismo seria a solução. Mas como ele não escreve, pinta rabiscando e não desenha? Mas é claro que fica mais difícil, no entanto não é impossível.  Se o garoto com Paralisia Cerebral cola porque não escreve, por que não o Down? E foi o que fiz.

Preparei uma atividade em que me mostrasse o que sabe e fizesse alguma coisa sozinho. Preparei desenhos e palavras e letras correspondentes a eles. E percebi que ele conhece bem as vogais. Entreguei a cola e vejam como a tarefa ficou:


Em seguida, colou na estrela todas as vogais e sozinho.


Saberia outras coisas? Reconheceria algumas palavras? E foi o que eu tentei saber.
Novamente os desenhos e palavras soltas. Espalhei-as sobre a mesa, mostrei as figuras uma a uma, e ele escolhia a palavra a ser colada. E ele identificou todas com acerto.

  

Foi o mesmo com a numeração. E posso afirmar com certeza que ele conhece muito bem os numerais de 1 a 9. Porém, não os relaciona com as quantidades. Fiz o mesmo com os numerais. como ele não conta, contei para ele. Enquanto isso, ele já ia pegando o numeral, passava cola e colava (de cabeça para baixo). E eu desvirava para que ficasse na ordem correta. Mas já era algo bom. Pelo menos, tinha agora a certeza de era capaz de identificar.


Colando de cabeça para baixo, o menino mostrava não perceber as direções. para ele tanto fazia se estava na posição correta ou não. Estava feliz por estar fazendo coisas sozinho e isso bastava.

Trabalhando as quantidades, tenho um jogo de numerais de 1 a 9 de EVA. Cada número tem furos na quantidade que cada numeral representa. Dei a ele e vejam:

Só trabalhei essas quantidades nesse dia.

Trabalhei ainda o traçado do DOIS.  Antes de pegar no lápis, ele fez o caminho com bolinhas de gude, cubinho do material dourado e um dado, usou o dedinho entre outras coisas que tinha no momento. Mas do que gostou mesmo, foi de um carrinho desenhado e recortado que ele colou no final do caminho. Já na hora de traçar o dois no pontilhado, esperou que eu pegasse em sua mão. Fizemos juntos os primeiros e o restante fez sozinho. Nada mal, não acham?

 


Trabalhando a coordenação motora fina, fez tudo direitinho e ate com tal capricho não visto em situações anteriores.


Apresenta uma dificuldade imensa em contornar desenhos, principalmente, se as linhas forem curvas, mesmo pegando em sua mão. Os rabiscos que você vê são do colorido. Ele não conhece também os limites de uma figura.




Trabalhando outras noções confirmo suas dificuldades. Para colorir o baixo inicia pintando a caixa maior. Digo "NAO" e ele colore a outra. Se soubesse, iria direto na caixa mais baixa. E insisto com outros desenhos.


  
Peço agora que dê um colorido no ALTO  e ao apontar para o pequeno, digo: "alto é igual ao grande no desenho". Imediatamente ele vira o lápis para o outro desenho e o colore.  E isso só me dá a certeza de que ele só conhece o que é "GRANDE e PEQUENO".


 RECADO que quero deixar como a pais e professores sobre este assunto é que:

 1- não estou aqui para reclamar da função que optei por seguir, nem simplesmente para expor  as dificuldades de uma criança, nem mesmo para ridicularizá-la diante dos leitores. O objetivo é mostrar que num atendimento psicopedagógico, as coisas acontecem do mesmo jeito como em casa ou na escola. As dificuldades que enfrentamos são as mesmas. 

2- que a maioria dos professores encaram a deficiência intelectual como incapacidade. E não buscam outras alternativas. Dá trabalho? Sim, dá. Dá trabalho de pesquisa, de criatividade, de fazer materiais específicos e alternativos, de pensar em uma nova solução. Mas é compensador.

3- a maioria ainda acredita que, por ter um ou mais deficientes intelectuais numa sala de aula comum já está ajudando essa(s) criança(s). Em parte está: nas sociabilidade. Mas uma pessoa vive apenas do social? Eu acredito que para viver uma criança precisa de várias habilidades, de autonomia e daquilo que consegue aprender. Mesmo tendo uma deficiência isso é importante. E precisamos mostrar a elas alternativas de ação. Se não dá de um jeito X, existem outras maneiras, outras formas, outras opções. E todas são válidas.

4- pais e professores devem pensar no futuro dessa criança. E ela será um adulto no futuro. Que pais deixam de existir um dia pois ninguém é eterno. E os professores passam por sua vida como uma lufada de vento. E quem cuidará delas? Como sobreviverão se isto acontecer? 

5- que uma recusa nem sempre é afetiva. A mesmice das atividades propostas aos deficientes intelectuais gera o enfado. As repetições que tanto falo, não significa que devam ser sempre da mesma forma (o pontilhado, por exemplo). Busque outras formas para trabalhar o assunto. Lembre que: o assunto deve ser repetido para sua fixação na memória de longo prazo, a forma NÃO tem essa necessidade.

6- que, mais importante que a inclusão (porque mal nascemos já estamos inclusos num grupo social, a família, e em outro grupo maior, o mundo) é a INSERÇÃO.  Aceitar um deficiente intelectual na escola e colocá-lo junto com uma turma de mesma idade é INCLUSÃO. Bem diferente de INSERÇÃO.  Inserir é tratá-la como gente, como igual a todos, com direitos e deveres que devem ser respeitados, aprendidos, desenvolvidos e respeitados. E isto, poucas escolas tem feito. Que me desculpem meus colegas professores, mas o que tem sido feito com este aluno, que fizeram com o garoto com paralisia cerebral não se faz.

quinta-feira, 4 de maio de 2017

PARALISIA CEREBRAL E AS GRATAS SURPRESAS!

Para as pessoas que ainda acreditam que todos os paralíticos cerebrais não pensam ou não estão nem aí  para essa coisa de criatividade, quero dizer que estão errados.

Para testar a criatividade do rapazinho que está sob meus cuidados para alfabetizar, resolvi pedir umas frases. Como ele não escreve por causa dos espasmos, as frases foram orais e eu reproduzi graficamente o que ele disse.


Eu as reproduzo para vocês: 

"a) Ficar desempregado é ruim
b) Ouvi o rato fazer ruído.
c) O rodo tira água do quintal.
d) O carro vai rápido.
e) A raposa comeu a galinha.
f) A mamãe deixou um recado para mim.
g) Estou rouco."

Foi por causa dessas frases, as primeiras ditas em uma tarefa, que inventei uma produção de texto de pronto. Isso mesmo, de SUPRESA para ele. E no final das contas a surpreendida fui eu. 

Como atividade artística e incluindo as formas geométricas básicas que estava aprendendo, ele tinha que fazer um Robô, colando como sempre porque no momento é o máximo que consegue. Só para terem ideia, é a primeira vez que ele produz um texto na vida. Assim como nas frases, ele foi falando e eu escrevi, reproduzindo sua fala. Vejam se não é de emocionar:





" O ROBÔ

O robô é bonito.
O robô monta carros nas empresas multinacionais de veículos.
Os robôs substituem as pessoas nas linhas de montagem. A intensão é auxiliar no trabalho pesado. Mas, muitas pessoas ficam desempregadas."
  
(texto reproduzido)




Na semana seguinte, estávamos nas vésperas da Páscoa. Pedi que deixasse por escrito uma mensagem para as pessoas ou para sua família.  E com voz firme ele disse: Vou fazer uma mensagem pro mundo. Suspirou fundo e:




MENSAGEM:

"Que o mundo mudasse para melhor, sem descaso com as pessoas". 


(texto reproduzido)





Dias depois, pedi que apontasse e marcasse o barco que estava atrás para trabalhar a percepção visual. E ele acertou de pronto. Após uma pequena conversa sobre o desenho, propus mais um texto. Ele disse se seriaa toda vez assim? 
   -Assim como? - perguntei. 
   - Contando história?
   - Não necessariamente.
   - Está bem, vamos lá. Está pronta?
   - Estou.
E vejam o que saiu:



"OS BARCOS

Dois barcos navegavam no mar. Eles estavam passeando e decidiram ver quem chegaria na praia em primeiro lugar.

Depois de um tempo, o barco de vela azul e amarela chegou em primeiro lugar.

O prêmio pela vitória foi um bom banho de mar."

(texto reproduzido)





Os textos são curtos, é verdade. Mas se levarmos em conta de que NUNCA havia feito nenhum antes, acredito estar ótimo demais.

sábado, 26 de novembro de 2016

OS REGISTROS POSSÍVEIS EM MATEMÁTICA

É comum pais e professores acreditarem que crianças e adolescentes com Paralisia Cerebral e sérios problemas motores não consigam aprender os conteúdos escolares. Por essa razão, esses estudantes passam horas sem fazer nada. Essa crença é mito e todos podem aprender respeitando-se sua forma de aprender e suas limitações.  

A primeira coisa que precisamos saber é esse aluno sabe e se consegue “CONTAR”. E se não souber, temos aqui o ponto de partida. O garoto que atendo, afirmava que só sabia contar e reconhecer os números até 10.  E para verificar a veracidade dessa informação, coloquei grupos diferentes de quantidades para que contasse, identificasse os numerais e os colasse a resposta no lugar indicado em cada grupo.


Diante da certeza de que ele conseguia contar, parti para novos conhecimentos. O conhecimento do “onze”.


Primeiro, fiz com que contasse 10 tampinhas de refrigerante e colocá-las num saco plástico pequeno. E para que visualizasse a quantidade simbolicamente escrevi o numeral correspondente. Montei e desmontei várias vezes. Só então, coloquei mais uma tampinho e falei o nome “ONZE”.  

Coloquei outra e ele falou “DOZE”. E fomos fazendo assim até o “QUINZE”. Ele mostrou que sabia mais do que havia falado. Então, passamos para o caderno.
 

Feito isso, verifiquei se ele conseguia juntar os conjuntos apresentados e reconhecer os numerais. Bastou olhar para ir contando  e disse ao terminar: Dá 6. Elogiei-o por isso. Espalhei os numerais sobre o caderno e pedi que mostrasse qual era o “6”. Ele apontou corretamente. Peguei o cartão escrito com o 6, passei cola, e entreguei a ele para que colasse no lugar correto. E ele fez direitinho.

 

No atendimento seguinte, revimos o 10 e o 11 e partimos para quantidade maiores: 12, 13, 14 e 15. Sempre procedendo da mesma maneira.


Ele contou, apontou o numeral e procedemos a colagem dos numerais. 

 FAZENDO CONTAS

Na folha seguinte mais algumas continhas de adição com quantidades maiores (do 9 a 15). 

 

NOÇÃO DE ANTES E DEPOIS

Aproveitei os numerais para trabalhar essas noções, usando os numerais de 10 a 15 que foram trabalhados. Fizemos isso usando o reconhecimento dos numerais e da colagem (os que tem a borda mais escura para destacar o trabalho dele).

 

Aproveitei a oportunidade para trabalhar essa noção para completar as séries a) de 1 a 10 e b) de 10 a 15, colocando um tracinho indicando os que estavam faltando, do mesmo jeito como fazemos na lousa. 

 

Ele percebeu o número faltante, reconheceu os números colocados sobre o caderno, e colou-os no caderno como se vê na foto.


Espero que aproveitem estas ideias. Continuamos com 
mais ideias na próxima postagem.

segunda-feira, 14 de novembro de 2016

MAIS FORMAS DE REGISTRO POSSÍVEIS

Muitas vezes, os problemas motores causam problemas para a escrita convencional e, muitas vezes, tornando-a impossível. Não há necessidade de pressa ou ficar angustiado porque a criança com PC não consegue escrever da maneira convencional.

E independente de nossas crenças, conceitos e preconceitos a respeito da Paralisia Cerebral, é preciso tentar alguma coisa, visto que pessoas nessas condições tem sonhos e desejo de aprender.

À medida em que trabalhamos com alunos com Paralisia Cerebral vamos percebendo as possibilidades que eles apresentam. E, se não podem escrever, podem fazer alguma outra coisa.

LIGAR é uma alternativa, como vimos anteriormente. Porém se usarmos apenas esta alternativa para tudo, se tornará monótona e passamos para essa criança que ela só pode fazer isso. Por isso, é preciso experimentar novas formas. Se der certo, ótimo. Se não der, procuramos outras para alternar nas atividades.

Uma outra forma é “CIRCULAR” figuras, palavras, sílabas, letras e números. Eu tentei com o garoto que atendo, mas não deu certo. Por isso, peço que faça uma “MARCA” que saiba fazer. Essa “marca” pode ser um risco, uma tentativa de círculo, um quadrado, um (X) ou outra coisa qualquer.


Se a Paralisia Cerebral for “espástica” os movimentos são descoordenados e quando inicia um movimento, a “espasticidade” faz com que os traços desviem da rota e fiquem sem rumo e trêmulas. Por mais que a criança insista em voltar para o movimento iniciado, não conseguem dominar os movimentos. É preciso que se entenda que cada criança com Paralisia Cerebral, ou outra dentre as inúmeras “síndromes” existentes, apresentam possibilidades diferentes devido ao tipo de comorbidade que apresentam e a (s) área (a) que envolvem.


Se a criança não pode escrever, como a maioria das crianças, podem “MONTAGEM DE PALAVRAS” com o alfabeto móvel ou com materiais alternativos. Este tipo é bom porque podemos trabalhar a sequência de letras existentes numa palavra ou sílaba. Podemos trabalhar também a leitura das palavras formadas, mesmo que a leitura seja lenta e pensada do tipo B + A = BA. 

 

 

Usando essa forma de escrita, podemos ainda trabalhar o número de letras e sílabas que a palavra formada tem. Podemos ainda trabalhar a separação e a junção de sílabas, incluindo a leitura.

Com as sílabas aprendidas podemos formar pequenos cartões que servem para formar novas palavras. 


Se a criança colocar letras que formam palavras sem sentido ou sem significado, nos dá a chance de explicarmos o porquê isso não deve ser feito. Exercícios como este facilita a visualização a diferença na quantidade de letras que as sílabas podem ter. E se não perceberem sozinhos, podemos chamar a atenção da criança para elas.


Com esse material, podemos mostrar como fica a separação de sílabas. Se não conseguem perceber sozinhos, podemos chamar a atenção para a observação das letras existentes em cada pedaço.


Com o mesmo material podemos trabalhar as sílabas iniciais de palavras, para que compreendam de modo concreto que outras palavras podem começar com a mesma sílaba. O mesmo pode acontecer com palavras que terminam com a mesma sílaba.

Mas podemos avançar e tornar mais dinâmica o aprendizado. Com uma “COLAGEM” podemos trabalhar vários exercícios que passamos no quadro para a maioria das crianças, como completar palavras com letras ou sílabas e completar frases com palavras inteiras.

Vejam:

 
1- Nomeando figuras

 
2- Ler a palavra e encontrar a figura 
correspondente e colar no lugar correto.

 
3- Completando as palavras com as
 sílabas que faltam.

 

 
4- Completando frases com palavras sugeridas 
por desenho ou figura.


Como registrar as questões matemáticas?
Aguardem a próxima postagem