Andando pelas ruas de nossa cidade vemos uma porção de cartazes, outdoors, uma imensa quantidade de jornais e revistas nas bancas, além das placas de sinalização, das ruas e das lojas, ofertas de empregos etc. Ligamos a televisão, e mais letras. De todas as cores e formatos. Vivemos cercados por letras e palavras. É a marca de nossa cultura. É o que chamamos de “letramento”. E, por isso mesmo, aprender o código (letras do alfabeto) se torna imprescindível.
A criança compartilha desse mundo. Vê os pais lendo, comentando, criticando ou apoiando determinado artigo, filme ou propaganda de televisão. Por essa razão, quando a criança chega à escola, já traz consigo algumas idéias ou hipóteses sobre a escrita das palavras.
Segundo Emília Ferrero e Ana Teberosky, essas idéias ou hipóteses são:
Hipótese pré-silábica
Nesta fase, a criança já diferencia o desenho de algo que é escrito porque já observou as pessoas lendo e escrevendo. Nesta hipótese a criança pode misturar traços, letras aleatórias e números. Passa o dedinho sobre o que “escreveu” e lê frases inteiras. Percebe-se que sua observação ainda não está completa, pois o registro escrito não corresponde ao que é “lido”.EX:
__OAR2LT1 (cavalo)
ST1RLOA (mesa)
Nesta hipótese, desaparecem os traços, aumentam a quantidade e a variedade das letras dentro da palavra. Ainda deslizam o dedo sobre o registro escrito, mas ainda esse registro não corresponde ao nome do objeto. EX:
OooooooaR (cavalo)
aaaaaaoooooLRST (mesa)
Hipótese silábica
Mais tarde, a criança atinge um estágio importante. Auditivamente percebe que as palavras podem ser longas ou curtas e que os sons variam dentro da palavra. Então, passa a representar com letras as sílabas que ouve. Nessa representação podem utilizar vogais ou consoantes.EX:
AAO ou CVL (cavalo)
EA, MZ ou MA (mesa)
Hipótese silábico-alfabética
Este é um período de transição. Ora a criança usa uma letra para representar as sílabas, ora forma a sílaba perfeitamente.EX:
CAVAO (cavalo)
MZA (mesa)
Hipótese alfabética
Nesta hipótese a criança compreende que cada letra tem seu valor sonoro e já domina a seqüência sonora de acordo com a forma da palavra. EX:
CAVALO
MESA OU MEZA
Conhecer estas hipóteses é importantíssimo na sala de aula, pois norteia a tarefa de intervenção do professor. O conhecimento delas evita que o professor e pais rotulem as crianças como “fraquinhas” ou que não as estimulem de forma adequada para que possam aprender o código.
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