sábado, 7 de abril de 2018

FAZENDO ARTE IV


Olá, pessoal!

Hoje trouxe para vocês, uma atividade de TECELAGEM feita com papel, que foi aplicada ao garoto com Paralisia Cerebral, mas que pode ser aplicado a deficientes intelectuais, de todas as síndromes e idades, assim como para os não deficientes.  Evidentemente, respeitadas as dificuldades de cada um.

PREPARO

Ao preparar a atividade, recota-se um retângulo de papel colorido (qualquer papel) que servirá de base para a tecelagem. Deixa-se o espaço de uma régua na borda superior e passe um traço com lápis. Dobre a folha de base ao meio e risque formando tiras na vertical da largura de uma régua a partir do traço, deixando sempre uma borda lateral (que não precisa ser larga). Recortam-se nessas linhas  até embaixo, mas sem ultrapassar linha da borda superior.

Em outra folha, com colorido contrastante, recorte várias tiras da mesma largura da régua e recorte. Nas primeiras vezes, use apenas duas cores: a da base e a das tiras. 


Ao iniciar a tecelagem, levante uma tira sim e outra não da base até o final. A criança coloca a tira colorida, cola apenas as bordas e abaixa as tiras levantadas. Na segunda carreira, levantam-se as tiras da base que ficaram por baixo, coloca a tira colorida, cola as pontas e abaixam-se as tiras. Repete-se assim até o final do trabalho.

ACABAMENTO

Caso tenham ficado rebarbas ou tiras para fora das bordas é só dar uma aparadinha e pronto. Esse trabalho pode ser colado no caderno do aluno ou numa outra folha como a de sulfite por exemplo, dependendo do objetivo que se tem, como por exemplo, expô-lo num quadro de atividades.





Trabalha-se mais algumas vezes com essas medidas mais largas das tiras, até que entenda bem o procedimento. Quando se percebe que já entendeu, começa-se a diminuir a largura das tiras (0,5 cm) de cada vez, até ficarem com 1 cm.

Mais tarde, pode-se começar a trabalhar a PADRONAGEM. Já pode usar duas cores, uma tira larga e outra estreita (como foi feito nesta foto) ou duas estreitas de cores diferentes e uma larga, ou levantando duas tiras para as finas como vocês desejarem. 


Esta atividade trabalha a atenção e a concentração, a observação, a criatividade (quando fizerem sozinhos), a coordenação motora e a preensão, as diferentes texturas dos papéis (lisos, ásperos, enrugados etc), a paciência e a persistência. Depois de verem o trabalho realizado, sentem-se mais capazes e confiantes porque todo trabalho artístico melhora a autoestima e a autoconfiança.

Então, mãos á obra!

quarta-feira, 21 de março de 2018

PARALISIA CEREBRAL E OS JOGOS DE ENCAIXE

Olá, pessoal.

Para quem tem problemas motores estes jogos não são fáceis, mas não são impossíveis de realizar. Difícil porque os espasmos tiram do lugar. ,as com um pouco de paciência, eles conseguem.

Começo sempre com esta torre. Não importa se colocam ou não na sequência correta. O objetivo é encaixar as peças no pino.


Depois de algumas torres montadas dessa maneira, passo para o jogo seguinte. Um jogo de LEGO.

 
Depois deste jogo, mostro outro. É um LEGO também, mas diferente. Com ele, podemos montar trens, carros, caminhões. E um jogo muito legal e que eles se divertem bastante porque podem brincar com eles.



Até aqui trabalha-se a preensão, a coordenação motora tanto da mão ativa como da mão inativa (fazendo com que se lembre de essa mão existe e pode ajudar a segurar as peças). Na parte sensorial, cada jogo tem suas texturas, ora mais lisos, ora mais ásperos, umas com pinos e saliências e outras sem. E a criatividade de cada um.

Já nos jogos seguintes, além destes, existem outros objetivos, como lidar com peças pequenas ou grandes, rotação de pulso, movimento dos dedos para tirar e repor as peças nos devidos lugares.

São jogos alternativos, feitos com junções de PVC que consegui numa loja de materiais para construção. Para ficarem mais chamativos e coloridos coloquei em algumas partes um pedaço de durex colorido. O jogo consiste em tirar a peça encaixada num pino de rosca e depois recolocá-la no lugar.





Neste, o pino é largo e com muitas voltas na rosca. No próximo, as roscas são menores, mas com tamanhos diferentes. Portanto, mais complexo que o anterior. Ao mexer com este jogo, o jogador precisa descobrir que peça deve ser encaixada em cada lugar. Portanto, é preciso observar, experimentar e descobrir. E podem desenvolver a criatividade montando de um jeito diferente em cada jogada.

E vejam como ele montou.


Todos estes jogos podem ser aplicados também com pessoas com ou sem deficiência intelectual e de qualquer síndrome. 

segunda-feira, 12 de março de 2018

PARALISIA CEREBRAL E JOGOS DE OBSERVAÇÃO

OLÁ, PESSOAL! 

Os jogos de observação, como o nome diz, trabalha a observação de detalhes realizada pela visão. Normal para quem não tem problemas, mas muito difícil para quem tem baixa visão ou problemas de figura e fundo como acontece com alguns PCs.

Por isso começo com jogos bem fáceis e vou, aos poucos, aumentando as dificuldades. Dessa maneira, trabalho com um jogo que costumo trabalhar para ensinar as noções de "DENTRO E FORA". Trata-se de um desenho de um liquidificador grande, desenhado numa folha de papel sulfite e colada numa base de papelão. As peças (também desenhadas)  possuem frutas e alguns legumes (que podem servir para fazer suco) e outras peças que não podem ser moídas pelo liquidificador (como parafusos, machado, bolinhas de gude, faca etc)

O jogo consiste em colocar as peças corretas no copo do liquidificador e deixando as outras fora dele.


O segundo jogo, já mostrado em outra ocasião é um quebra-cabeça com apoio visual. Embaixo tem um desenho qualquer e peças soltas que colorem o desenho. A montagem exige que cada peça seja colocada em um lugar certo. A observação da forma da figura a ser colocada e a observação do espaço ajudam a desenvolver a noção de detalhe.


Outro quebra-cabeça é o de uma cena pintada com lápis ou tinta, deixando a figura em branco ou com alguns detalhes pequenos. A figura, também colorida, é recortada em partes. E a criança deve descobrir onde colar cada parte da figura.



O terceiro jogo é formado por uma figura qualquer recortada em formas geométrica. Na folha, traça-se uma moldura e cola-se a parte central da figura que terá uma forma desejada (quadrado, retângulo ou círculo). Dessa forma, partem as divisões da figura que deve ter formas variadas e irregulares. Cabe ao jogador descobrir as peças que formam a figura.


O quarto jogo é um quebra-cabeça com poucas peças (4 ou 5) dependendo da idade do jogador. Neste caso, mostra-se a figura completa, desmancha-se e entrega-se ao jogador para que  possa montar sozinho.


O último jogo desta postagem é um SUDOKU, um jogo chinês. Este é um jogo inicial para aprendizado do jogo.É um jogo mais difícil porque o jogador precisa ter a noção de linha e de coluna para jogá-lo. Este jogo já foi apresentado aqui, inclusive ensinando como fazê-lo.

O jogo consiste em um tabuleiro com 4 linhas, 4 colunas e 4 figuras repetidas 4 vezes cada uma. 

Como jogar: O jogador coloca na primeira linha 4 figuras sem repetir.Na segunda linha, coloca outras 4 (semelhantes às primeiras), mas não pode repetir a mesma figura na mesma coluna.E repete na 3ª e na 4ª linhas e sem repeti-las nas colunas seguintes.


Caso erre, espere terminar o jogo e peça que verifique se tudo está correto. Caso não consiga de forma alguma descobrir o erro, mostre cada linha e peça nova conferência.

Estes jogos servem tanto para PCs como para Deficientes Intelectuais de qualquer síndrome.

sexta-feira, 2 de março de 2018

PARALISIA CEREBRAL E JOGOS DE CONSTRUÇÃO


Muita gente pensa que as pessoas com Paralisia Cerebral não podem brincar ou jogar. Mas, novamente, estão enganados. Eles podem e devem ser estimulados a realizar todas as atividades possíveis de acordo com suas possibilidades. E desde muito cedo.

O PC em questão já é um jovem. E um jovem que não foi estimulado a realizar qualquer atividade. No início, repetia o que eu mostrava.

 



Depois, aos poucos, fui mostrando a ele outros jogos. Mostrava como fazer, desmanchava e deixava que fizesse sozinho.

 


E o brilho de seus olhos valeu a espera. Brincou bastante com o "trenzinho" que montou. De repente, sentiu-se sem graça, como se fosse coisa de criança e não quis mais brincar. Respeitei esse momento. Dei um tempo, e no final do atendimento conversamos sobre o assunto. No final, sentia-se feliz novamente.

Alguns atendimentos mais tarde apresentei outro jogo. Um jogo chamado "Engenheiro", que serve para construir casas, pontes, ou outra coisa qualquer.

No início, ficou meio atrapalhado com tantas peças. Montei uma casa simples. E como anteriormente, desmanchei tudo e deixei que ele fizesse. E ele fez. Porém, num espasmo, um pequeno toque destruiu o que tinha feito. 


Ele pensou em desistir, mas logo reiniciei outra e deixei que ele fizesse o restante. E o resultado está aqui.



O que se trabalhou com estes jogos? Muita coisa. Na Coordenação Motora Fina, a preensão, a delicadeza do gesto (apesar da hipertonia (musculatura rígida) e dos espasmos), o contato com texturas diferentes e o equilíbrio. 

Nos Conteúdos: uma revisão das formas geométricas simples e sua utilidade. Na arte, a sequencia de passos, a organização do trabalho final e o desenvolvimento da criatividade. 

Mas, o mais importante, não se vê, nem se pode mostrar: a melhora da autoestima e da auto-confiança, o prazer em apresentar o trabalho para a foto, para os pais e para este blog, com a certeza de que ele está ajudando outros professores e outros pais a fazerem o mesmo com outras crianças ou jovens que, tanto quanto ele, precisam disto.

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

FAZENDO ARTE III

COLAGEM COM TEXTURA

Quando digo que entrego um trabalho semipronto é assim: 


Isto porque, as crianças ou jovens com Paralisia Cerebral ou Deficientes  Intelectuais quando chegam para atendimento, eles não têm a menor ideia do que devem fazer no sentido de arte. O máximo que conseguem é colar aleatoriamente. Por isso, é importante que conheçam o "fazer artístico" aos poucos. Nestes trabalhos conversamos e procuro mostrar que, o que está atrás e preciso ser feito primeiro.

Neste trabalho, o que vem em último plano é a copa da árvore porque está mais atrás, mais longe. Reparem que o telhado da casa amarela ficou em cima da copa da árvore. Então espalho todas as peças sobre a mesa e ele vai escolhendo  e testando o que vai em cada espaço vazio.  Também expliquei a questão da luz, ou seja, onde bate o sol fica mais claro. E aqui reparem que as partes claras dos telhados estão voltadas para o sol.

Em segundo plano, vem a estrutura das casas. Supondo que pegue o telhado primeiro, pergunto se ele já viu uma casa ser construída. Se sim, por ele mesmo já solta a peça errada e pega a correta. Se não, pergunto o que ele faria primeiro: o telhado ou as paredes das casas. Ele pega e cola.

Em primeiro plano, o telhado. Ele cola e termina o trabalho. Então conversamos de novo sobre a imagem desenvolvida. Por exemplo: se a imagem é do campo ou da cidade, se as casas são ricas ou pobres, se elas são confortáveis ou não, etc. Depois de tudo isso, pode-se trabalhar a produção de texto com esta imagem.

 

Assim, além da Coordenação Motora Fina, trabalha-se uma infinidade de coisas: conhecimentos novos, noção de mundo, conceitos de arte, estética e o próprio fazer artístico.

E aí você deve estar se perguntando: E a criatividade dele? Para quem foi sempre considerado incapaz, embora a tenha, não foi desenvolvida a contento. Por isso, é preciso começar por algum lugar.

Um outro trabalho muito gostoso de fazer é a colagem com palitos de fósforo. O desenho é feito integralmente. Aqui o objetivo é ensinar a noção de contorno, coisa que tem muita dificuldade em entender o que seja. Como ele tem muita dificuldade motora, eu passo cola e ele cola os palitos.



Depois de pronto o trabalho, voltamos a conversar. Desta vez, trabalhando a imaginação. Pergunto onde essa casa fica, quem mora nela, se tem vizinhos por perto, como ela é por dentro (que cômodos ela tem) etc de acordo com as resposta. Depois, com todas essas informações, ele pode criar um texto oral, que eu escrevo porque ele não tem condições pelo menos por enquanto.

Nestas outras atividades, o objetivo é a resolução de problemas. Mas também trabalha-se o contorno.  Primeiro faço um risco qualquer numa folha. Corto um pedaço longo de barbante ou outro fio grosso qualquer e entrego a ele, pedindo que o cole sobre a linha. E, por conta de sua dificuldade, eu passo a cola e ele põe o fio.


Uma outra atividade que vem na sequencia  e com o mesmo objetivo da atividade anterior, a proposta é diferente. Entrego a folha e o fio (1,5 a 2 m) e peço para que o coloque inteiro sobre o papel e sem deixar sair para fora.

Ele demorou muito pensando em como resolver a questão. Pôs o fio esticado de várias formas possíveis, mas em todas, ficavam partes de fio para fora. Esticou novamente na vertical (e para isso teve que esticar o braço para o alto = exercício motor) e nada. Em determinado momento, já querendo desistir de tentar, enrolou o fio sendo ajudado pelo próprio corpo. Depois de enrolado, colocou sobre a folha. E eis o resultado:


continua na próxima postagem com outras atividades.

sexta-feira, 9 de fevereiro de 2018

FAZENDO ARTE II

RECORTE COM AS MÃOS

Esta é uma atividade difícil para quem tem problemas motores  Isto porque exige que as duas mãos trabalhem em conjunto, mas em sentido contrário. Mas não é impossível de ser feita. 

A tendencia é que puxem o papel até que ele se parta. Mas com jeito, muita vezes pegando na mão do aprendiz, ele entende o que deve ser feito e realiza a atividade. 

 




RECORTE COM TESOURA

Depois de trabalhar bastante deste jeito para adquirir habilidade, pode-se passar para o uso de instrumento, ou seja, da tesoura.

O primeiro passo é cortar aleatoriamente para aprender a usar a tesoura. Repete-se até que domine esse instrumento.

O segundo passo, é o recorte de linhas retas. Para isso, traça-se linhas num folha. Assim:

A partir deste momento, podemos ir complicando aos poucos. Como este, por exemplo:



Aguarde mais novidades.

sexta-feira, 2 de fevereiro de 2018

FAZENDO ARTE COM PARALISIA CEREBRAL

Muitas pessoas acreditam que alguém que tenha paralisia cerebral não pode fazer nada. Na verdade, só não conseguem fazer algo se, desde crianças, os adultos fizerem tudo por ele, para ele e no lugar. Dessa maneira, essa pessoa se sentira realmente incapaz.

A nossa tarefa como profissionais da Pedagogia: mostrar a todo momento que eles não são, nem nunca foram, o que pensavam ser, ou melhor, o que outros fizeram com que eles pensassem dessa maneira.

Então, qual o caminho para fazê-mudar seu modo de pensar a vida e de si mesmo? A resposta é simples: com ATIVIDADES ARTÍSTICAS. Mas é preciso respeitar suas dificuldades indo do simples para o complexo aos poucos e constantemente.

Mostro aqui o que tenho feito com o PC que atendo. Um jovem que possui pouca criatividade porque nunca desenhou, nem qualquer outra atividade deste tipo. Estas atividades não se destinam somente aos PCs, mas as crianças e jovens com deficiência intelectual também.

COLAGENS

As primeiras colagens foram semi-pronta, ou seja, partes coladas, pontinhos marcando os lugares onde colar. O objetivo: mostrar as possibilidades. 


A partir daí, nas próximas colagens, já dizia a ele para colar onde quisesse. E ia dando sugestões quando percebia que ele colava muito separado ou colar sobre outra forma quando não havia muito espaço. E ele fez uma porção deste tipo.


Fui percebendo que ele só colocava  uma peça sobre outra se eu o lembrasse. Calculei que ele não havia desenvolvido a criatividade e para que isso acontecesse, era preciso agir de outra forma. E passei a usar um apoio visual, para isso, usei formas geométricas. Assim, bastava que ele encontrasse a forma adequada para cada espaço. O resultado foi este robô, que mais tarde serviu para uma produção de texto oral. 



Após trabalhar outros desenhos como as do robô, passei a usar uma espécie de legenda: pequenos círculos para as flores.  O restante estava pronto. Trabalhei aqui, a percepção dos pequenos círculos devido a baixa visão.

 
(Natal de 2016)

Numa segunda etapa, a legenda contava com três etapas: linhas grandes (para os cabos), traços pequenos (folhas) e pequenos círculos (flores). Aproveitei este trabalho para mostrar a ele as diferentes texturas dos materiais utilizados. Várias outras do esmo tipo foram realizadas.


Como terceira etapa, além da legenda, procurei trabalhar a sequência de colagem num motivo mais elaborado. O objetivo mostrar que tudo o que está por baixo, deve ser feito primeiro. Por meio de questionamentos como "o que acontece se colocarmos as flores primeiro"? E a resposta foi clara: - As flores caem. 

Depois disso, baseados nas atividades anteriores, ele já foi dizendo e apontado as linhas pequenas: - Aqui vão as folhas e apontando os pequenos círculos: - Aqui as flores. E assim foi feito.


Com a proximidade do natal de 2017, coloquei sobre a mesa o vaso e a árvore. Na folha havia apenas uma linha pontilhada. Mostrei a ele que a colagem deveria começar dali. Pedi que colocasse ali a figura a ser montada. O objetivo era o de avaliar os conhecimentos básicos que havia ensinado. mais que depressa ele pegou o "vaso" e depois, a "árvore" sem colar. Pronto: aprendizagem realizada. 

A colagem foi realizada em seguida. E para dar um ar mais festivo, colou bolinhas de papel crepom, trabalhando mais uma vez a preensão indicador-polegar e nova textura.



Aguarde outras formas artísticas que foram 
trabalhadas, na próxima postagem.