Maria estava grávida e sonhava com um bebê loiro, de olhos azuis, cabelo cacheado, face rosada. Verdadeira “carinha de anjo”. Os sonhos de Maria iam mais longe ainda. O bebê receberia nome de santo. Ela o chamaria de Pedro. Em seus sonhos, Maria via Pedro crescendo: um menino educado, obediente, calmo e tranqüilo, estudioso. Tão estudioso que se formaria médico.
Mas, quando Pedrinho nasceu, Maria ficou muito decepcionada. Pedrinho não era o bebê sonhado. O Pedrinho real era moreno, olhos bem pretos, cabelos bem escuros e espetados. Além disso, sua face parecia amarrotada e o narizinho era meio torto devido à posição no útero.
Em casa, Maria tratava do bebê como uma obrigação. Mais tarde, com as gracinhas que só os bebês sabem fazer, Pedrinho foi conquistando a afeição da mãe. Mas, virava e mexia, Maria suspirava pelo bebê sonhado.
O tempo passou e Pedrinho cresceu. Outros bebês vieram, aumentando a família. Maria tinha tanto serviço que não conseguia dar conta. Pedrinho era “pau para toda obra”:cuidar dos irmãos, ajudar no serviço da casa, fazer pequenas compras, pois sempre faltava alguma coisa no momento de preparar as refeições. E por mais ou melhor que fizesse, Maria nunca estava contente. Ralhava com ele, exigia o máximo e, às vezes, dava-lhe umas palmadas também.
Se os irmãos aprontavam uma arte, Pedrinho era o culpado. Se aparecia alguma coisa quebrada, era ele o culpado. Se comiam todas as bolachas do pacote, quem era o culpado? Pedrinho, naturalmente.
E assim, Pedrinho cresceu achando que era mesmo uma pessoa inferior. Por isso, largou a escola antes de terminar o Ensino Fundamental, pois sabia que iria ser retido. Afinal, suas notas nunca foram boas.
Maria continuava nas “pegações de pé”. Já que não queria estudar, que fosse trabalhar. Mas, por causa da idade, da falta de instrução e de qualificação, não conseguia um emprego. Os novos títulos de Pedrinho agora eram: preguiçoso, incompetente e vagabundo.
Cansado de tanto xingamento e de tanta cobrança em casa, Pedrinho encontrou “amigos” que a princípio pareciam compreendê-lo inteiramente. Influenciado por esses amigos inconvenientes, Pedrinho entrou no mundo das drogas e da criminalidade. Morreu cedo, coitado! Não conseguira quitar a dívida com os traficantes.
Esta é uma história fictícia, com personagens fictícios, para ilustrar o tema deste artigo. Mas, se houver alguma semelhança com a vida real, será mesmo, mera coincidência?
olá!
ResponderExcluirem primeiro lugar, gostaria de dizer q o blog está bem legal.
e ao ler este artigo, deu vontade de compartilhar algo:
há duas semanas atrás, tive a oportunidade de assistir a uma pequena palestra onde uma psicóloga ressaltou que: "A INFORMAÇÃO DE QUALIDADE OFERECIDA À CRIANÇA É UM DOS INSTRUMENTOS MAIS IMPORTANTES QUE PAIS E PROFISSIONAIS PODEM LANÇAR MÃO PARA UMA PREVENÇÃO MAIS EFETIVA DA DEPENDÊNCIA QUÍMICA."
é importante que se fale seriamente sobre este assunto, pois a questão é extremamente complexa, e antes que o "fim" chegue, como acontece nesta história "fictícia", o envolvimento com a dependência passa destruindo muitas coisas, e é nesse período que a doença se torna bem crítica tanto para o dependente quanto para quem convive com ele.
há muita literatura sobre o assunto, e achei bem positivo que ele tenha sido abordado aqui.
parabéns pela inciativa!
carla silva - atriz e professora de arte
Obrigada, Carla. Acredito que este seja um assunto bastante delicado e foi a forma que encontrei para dizer o que era preciso, evitando chocar as pessoas, principalmente numa primeira abordagem do assunto.
ResponderExcluircom certeza, sueli. chocar não é o melhor caminho. o caminho é a conscientização. por isso parabenizei sua iniciativa. muito legal você ter abordado esse tema, que merece mesmo uma atenção especial. grande beijo!
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