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domingo, 25 de novembro de 2018

HISTÓRICO DO AUTISMO – parte 3



Em 1978, MICHAEL RUTTER, classifica o autismo baseado em quatro critérios:

a) no atraso e desvio social com associação à deficiência intelectual;

b) nos problemas de comunicação, também com vinculação ou associação à deficiência intelectual;

c) nos comportamentos incomuns (estereotipias ou maneirismos) e...

d) com início aos 30 meses de idade (2 a 3 anos). Este foi, portanto, um marco para o autismo, desvinculando-o de outras doenças de “não especificação e do transtorno mental”.

Ao assinalar essas 4 condições, Rutter estabelece os requisitos básicos para o diagnóstico do autismo. Com isso, altera-se mais uma vez o manual e apressa a publicação do DSM-III, em 1980, onde o autismo passa a ser reconhecido como TRANSTORNOS INVASIVOS DO DESENVOLVIMENTO (TIDs) e do CID-10.

Como Transtorno Invasivo do Desenvolvimento (TID), o autismo passa a ser visto como uma desorganização que afeta várias áreas do funcionamento cerebral e nas condições descritas por Rutter.


Em 1988, o psicólogo IVAR LOVAAS, da Universidade da Califórnia Los Angeles (UCLA), publica um estudo demonstrando que a terapia comportamental pode ajudar as crianças autistas e trazer uma nova esperança a seus pais. Esse estudo se baseia na análise do comportamento de crianças autistas de 4 a 5 anos de idade, mostrando que a precocidade do Tratamento ABA é mais benéfico do que se imagina, trazendo melhor condição de vida.

Entre os anos da década de 1980 a 1990, o DSM define de forma mais ampla o “autismo infantil”, que recebe mais um nome: “TRANSTORNO DE AUTISMO”. O papel da terapia comportamental, da fonoaudiologia, e com uso adequado do ambiente de aprendizagens altamente controlados passam a emergir como os principais tratamentos para todas as formas de autismo. E ainda estão abertas para novas terapias.

Em 1994, o DSM-IV abre a oportunidade para que novos critérios potenciais para o autismo sejam incluídos na TID, considerados válidos após estudo internacional e multicêntrico. Esse sistema de avaliação do DSM-IV e da CID-10 foi importante para evitar possíveis confusões entre pesquisadores e clínicos que trabalhavam em diferentes partes do mundo guiados por um ou por outro sistema de doenças.

Como vimos, definido como Transtorno Invasivo de Desenvolvimento, nomenclatura que foi usada por um bom tempo, estava baseada nos nos critérios de diagnóstico criados por Michael Rutter, registrados em 1978. Porém, a sociedade científica fazia duras críticas à essa definição e nos critérios com a alegação de ter sido veiculada  com base no caráter empírico, ou seja, na observação das pessoas com autismo e sem comprovação científica.

Para acabar com essa controvérsia, o DSM-IV adiciona a Síndrome de Asperger, ampliando o leque dos casos mais leves, onde as pessoas são mais funcionais, lançando como DSM-IV-TR (transformado) e que incluía novos conhecimentos sobre o autismo, a Síndrome de Asperger e outros tipos de TIDs. Garantia, no entanto, que as avaliações diagnósticas fossem realizadas com os critérios de Rutter.


Na Inglaterra, surge um médico que levanta a hipótese de que a vacina tríplice, poderia ser a causa do autismo. Novos experimentos foram realizados e o resultado foi de que a vacina nada tem a ver e de que não existe nenhuma relação com o autismo. E a hipótese foi descartada. Em 2013, o DSM-V e elimina todas as nomenclaturas anteriores do transtorno do autismo e lança um novo título: o TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA.

terça-feira, 30 de setembro de 2014

CRIANÇAS QUE NÃO GOSTAM DE LER

RESPOSTA AO LEITOR




Uma mãe me escreveu pedindo orientação porque seu filho não gosta de ler. E aqui vai a resposta.

Nem sempre a criança que "não pega" um livro para ler  é "preguiçosa" ou realmente "não gosta" de ler. Isto porque algumas situações podem atrapalhar o desejo de ler.

A primeira é não ver seus pais lendo seja um jornal, revista ou livros. E se os pais não leem é porque a leitura não é uma atividade importante. Lembre-se de que as crianças aprendem pela imitação dos adultos.

A segunda é ler por obrigação. Ler tem que ser prazeroso. Ler porque os pais querem ou para fazer prova é horrível e muito chato. E mesmo que a história seja maravilhosa, não dá vontade de ler.

A terceira situação é ter que ler logo depois que chegou da escola ou de fazer a tarefa de casa. Algumas tarefas escolares realmente são cansativas e provocam um desgaste grande de energia e as crianças ficam cansadas.
  
A quarta são os livros que não combinam com a idade mental da criança. Embora tenha 10 / 11 anos, mas se o comportamento é de 8 / 9 anos, os livros para a faixa da idade deles ou maior  não combinam. Muitas crianças escolhem livros pela capa e não pelo assunto ou pelo autor.

A quinta situação é a maneira como essa leitura é acompanhada pelos pais. Na maioria das vezes, a criança fica num dos cômodos da casa e os pais em outro. Não participam da magia da leitura. E a criança finge que lê e os pais ficam satisfeitos.

A sexta situação pode estar ligada com dificuldades de leitura. Ele ter uma leitura lenta, confundir letras, pular de uma linha para outra sem perceber, desconhecer palavras. E  aí, a compreensão do texto fica prejudicada

Para estimular a leitura, faça o seguinte:

a) Escolha livros adequados para o seu filho. Não o que está na moda.

b) Comece com livros de poucas páginas (máximo de 20). Vá aumentando aos poucos.

c) Leia o livro antes de oferecer a eles. Assim, você poderá conversar com ele sobre a história.

d) Para começar, 15 minutos diários são suficientes. Depois, vá aumentando 5 minutos por semana  sem que ele perceba. Haja naturalmente.


e) Não o deixe sozinho na hora da leitura. Participe da leitura, lendo alguns trechos para ele e ele para você em voz alta. Assim, você perceberá as dificuldades de leitura que possa apresentar e ajudá-lo sem broncas, recriminações e impaciência.

f) Se aparecer alguma palavra mais difícil ou que fuja do vocabulário que estão acostumados a usar, consulte um dicionário. Haja naturalmente, como se fosse um costume. Você estará ensinando como ele deverá agir quando você não estiver por perto.

g) Não precisa terminar o livro num único dia. Mas sempre que parar, escolha uma situação que o deixe em suspense e querendo saber o vai acontecer na próxima página. Guarde o livro com você para que fique mais curioso.

h) Pergunte se ele gostou, o que entendeu, sobre personagens e suas atitudes, e o que ele faria se estivesse no lugar do personagem. Sempre de acordo com a história, é claro. Você perceberá se ele compreendeu ou não a história, ajudará a se expressar oralmente, a falar o que pensa com confiança de que não haverá críticas, broncas, nem notas.

E em pouco tempo, ele estará gostando de ler.

quinta-feira, 26 de junho de 2014

PARA AS FUTURAS MAMÃES OU PARA AS DE PRIMEIRA VIAGEM

O DESENVOLVIMENTO MOTOR NO PRIMEIRO ANO DE VIDA

Quando uma mulher está grávida, fica ansiosa para sentir os movimentos do bebê dentro do útero. Embora isto seja um sinal de que tudo corre bem, não garante que o bebê terá um bom desenvolvimento motor.

O caminho que vai dos movimentos fetais até os movimentos mais habilidosos e graciosos é grande e repleto de fases e etapas que precisam ser vencidas pelo próprio bebê. O que resta a nós, adultos, é esperar e observar.

Bregeron e Fonseca afirmam que o desenvolvimento motor é muito especial e a maioria dos bebês segue um padrão de conquistas motoras em determinados períodos de tempo. Vamos conhecê-los?

Ao nascer a criança está pronta para colocar em ação movimentos internos que lhe garantirão a sobrevivência. Respirar é o primeiro deles. Outros vem na sequência: sugar, engolir, urinar e defecar devem estar prontos e presentes após o nascimento.


Já nos primeiros dias o bebê executa uma série de movimentos. São denominados “reflexos”, porque não dependem da vontade ou da necessidade dos recém-nascidos. Podem realizar alguns movimentos externos e visíveis como espreguiçar-se, espirrar, tossir, de regurgitar, sorrir, fazer caretas e gritar. Pernas e braços apresentam manifestações motoras rápidas e sem controle. Pernas e braços permanecem flexionados (embora possam esticá-los de vez em quando). Punhos, mãos e dedos parecem imóveis. Tudo normal e corriqueiro.


Com um mês, a cabeça ainda não tem firmeza. Mas, já apresentam pequenas mudanças de posição, devido a uma pequena torção do tronco. Esticam mais as pernas, mas as mãos permanecem fechadas e os braços ainda estão flexionados. Caso não estiquem as pernas pode ser prenúncio de algum problema do sistema nervoso.

No 3º mês, já mudam de posição apoiando-se nas pernas para girar o quadril. As coxas e pernas se afastam uma da outra lateralmente e os movimentos de pedalar começam a diminuir de intensidade. A cabeça se firma completamente na metade do 4º mês. Se até o 5º mês a cabeça continuar pensa, procure imediatamente um neurologista, pois é sinal de alguma anormalidade do Sistema Nervoso Central.

No 4º mês as mãos se abrem totalmente. A cabeça firme sobre os ombros permite giros para a direita e para a esquerda e realizar tentativas de olhar para trás. Pouco a pouco, os reflexos vão desaparecendo e dando lugar a outros mais complexos: os “movimentos voluntários”.

No 5º mês, o bebê já consegue sentar-se com apoio. E no 6º mês, sentam-se sem apoio. No 7º mês, já sentam-se no cadeirão ou cadeiras. Caso ainda precisem de apoio até o 7º ou 8º mês, os pais devem procurar o neurologista. Para as que conseguem sentar sem apoio o melhor é deixa-las no chão com objetos ou brinquedos próximos. Com os punhos e dedos estão abertos conseguem pegar e manter esses objetos. Ao querer pegá-los se exercitarão naturalmente a preensão, além de preparar o corpo para a marcha.


Por volta do 8º ou 9º mês, ficam de barriga para baixo. Esta posição permite novas experimentações, como arrastar-se para frente e para trás. Do 9º ao 11º mês já se pode perceber se a criança será destra ou canhota observando-se qual a mão que usa mais para pegar os objetos.


Entre o 9º e o 10º mês, apoia-se nos joelhos para erguer o quadril. Com este movimento, a criança percebe que pode movimentar as pernas. É quando aparece o “engatinhar” que a prepara para a marcha. Algumas crianças pulam esta fase, talvez estimulados ou impedidos pelos pais. Muitos problemas posturais (de coluna, pés, pernas e das formas de pisar) decorrem da falta dos movimentos desta fase.

 

Entre o 11º e 12º mês, ficam em pé com apoio e no final do 12º mês, sem apoio algum. Novas experimentações ocorrem, como andar apoiado nos objetos. E terá até o 18º mês para andar sem apoio algum.


Qualquer atraso longo do desenvolvimento motor pode causar inabilidades sérias, deficiências mentais e deformações físicas. Portanto, se houver alguma demora, é melhor procurar um neurologista. Não deixem o tempo passar. Quanto mais precocemente forem atendidos menores serão os efeitos desses atrasos.

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

LINGUAGEM: dom ou invenção?

DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM


Falar é uma atividade essencialmente humana. Apesar disso, nosso corpo não foi criado com órgãos próprios para a fala. O tão propagado “aparelho fonador”, na realidade, não existe. Então, porque falamos?

Em certo momento da história da humanidade, um dos nossos ancestrais primitivos produziu acidentalmente um som vocal e se encantou com ele.


Como andavam em grupos, foi ouvido ou mostrou a proeza aos companheiros que igualmente se encantaram e tentaram reproduzi-lo. Não durou muito para que a novidade se espalhasse por toda a comunidade. Da mesma forma, outros sons foram criados, talvez como forma de disputa para saberem quem conseguia produzir um som diferente, mais bonito, mais alto ou mais longo. O fato é que aos poucos, um vasto repertório foi sendo criado e repetido por indivíduos de todas as idades numa espécie de jogo engraçado e divertido.

Esses sons passaram a ser úteis para a sobrevivência individual e da comunidade primitiva. Determinado som servia, por exemplo, para avisar aos demais da aproximação de um animal perigoso. Um som diferente avisava que uma comunidade inimiga disposta ao ataque se aproximava da região. Para isso, foi necessário que todos os membros de uma comunidade conhecessem cada som, identificassem o seu significado e o retransmitisse. E esses sons passaram a ser ensinados e repetidos constantemente.



Com a repetição exaustiva dos sons vocais, a região bucal foi sofrendo adaptações. Adaptações como o posicionamento da boca, da língua, da quantidade de ar que seria expelido em cada som, do aparecimento e abertura das cordas vocais. E cada uma destas adaptações provocavam outras no cérebro desses homens.

 

As adaptações e modificações que alteravam a estrutura cerebral. E o pequeno cérebro de nossos ancestrais passou a ganhar células novas e especializadas na produção dos sons. E com elas, passou a se expandir e a desenvolver novas funções. Assim, o corpo modificava-se geneticamente. Modificações que passaram a ser transmitidas aos descendentes por meio da hereditariedade. Por isso, levou milhares de anos para que todos pudessem ter a capacidade de produzir e reproduzir sons vocais.

As novas conquistas adaptativas e expansão cerebral levaram outros milhares de anos para se espalhar. O cérebro humano precisou se organizar e reorganizar bilhões de vezes para criar um centro especializado na produção de sons significativos, na capacidade de diferenciar um som de outro, de identificá-los e produzir outros em resposta ao primeiro. E depois de tanto trabalho cerebral surgem os pensamentos, a compreensão e novas áreas cerebrais especializadas nessas capacidades. E foi a hereditariedade quem transformou todas estas conquistas em uma capacidade biológica e própria da espécie humana. Essa capacidade chama-se “linguagem”.



Hoje, os humanos de qualquer canto do planeta nascem com a capacidade de produzir linguagem. Entende-se por linguagem a produção de pensamentos, a produção de sons combinados e cada vez mais complexos e a compreensão e entendimento das mensagens.

Mas, por ser uma capacidade biológica inventada pelo próprio homem, precisa ser desenvolvida em cada novo ser que nasce. E esse desenvolvimento depende, única e exclusivamente da aprendizagem.


Fonte:

FONSECA, Victor. “Psicomotricidade: filogênese, ontogênese e retrogênese”. Porto Alegre, Artmed, 1998.

domingo, 15 de setembro de 2013

QUEREM TER FILHOS RESPONSÁVEIS?



Para criar filhos responsáveis basta seguir estas 7 dicas básicas:

1- Seja o modelo. Não mande, apenas. Faça você primeiro para que seu filho observe o quê e como fazer.

2- Peça que "todos" os membros da casa participem das tarefas do lar. O maridão, também.

 3- Divida as tarefas do lar de forma adequada para cada idade.

4- Ensine seus filhos a cuidar do que é deles.  

5- Mostre também que é preciso cuidar do que é de todos.

6- Não faça as tarefas pelo seu filho.

7- Converse com seu filho e estabeleça as regras

terça-feira, 8 de março de 2011

INFLUÊNCIA EXTERNA NO DESENHO DAS CRIANÇAS (II)

Muitas vezes, os adultos tomam certas atitudes pensando que estão ajudando a criança, mas infelizmente, estão prejudicando. E nem se dão conta disso. Superproteger ou fazer cobranças demais atrapalha o desenvolvimento da criança e isto reflete em seus desenhos.

Na superproteção, os adultos fazem tudo pela criança e no lugar dela. Com esta atitude, não deixam que a criança experimente os "enfrentamentos" necessários, ou que aprenda a tomar  inciativas. As crianças ficam dependentes, mimadas, mandonas, acreditam que as pessoas que estão à sua volta devem serví-la, acham tudo difícil ou impossível, são lentas, difíceis de agradar e muito resistentes à tudo o que se lhes propõe. No entanto, bem lá no fundo, são  crianças insatisfeitas, na maioria das vezes carentes (porque não aprendeu a distribuir seu afeto), egoístas e com baixa auto-estima. e baixo conceito de si mesma..Isso interfere primeiro nos desenhos e, depois, nas atividades escolares.

Vejam alguns exemplos disso:

Reparem na pobreza de detalhes, nas figuras minúsculas. Muitas vezes, é difícil para a criança desenhar e preencher toda a folha, razão pela qual, coloca riscos representando a chuva. .


Neste outro, a criança era indecisa. A todo instante perguntava se
 podia desenhar isto ou aquilo. No final, os elementos 
 ficaram isolados, desconexos e incoerentes.

Por outro lado, existem pais que querem que os filhos sejam "perfeitos".  E perfeitos em tudo. Por isso, exigem deles tanto, que acabam sufocando a criança.  Exigem posturas e atitudes, as quais a criança ainda não está pronta para responder a altura das cobranças feitas, por mais que se  esforcem. Um exemplo clássico é a criança que batalha para tirar um 9,5 numa prova e os pais reclamam porque não tirou um 10,0. Outro caso, é a criança que ajuda nas tarefas de casa  e toma conta dos irmãos como "obrigação" e ainda ouve que não faz nada, que é preguiçoso e mole. O resultado é a baixa auto-confiança,  a baixa auto-estima e  a auto-punição.


Os desenhos dessas crianças são pequenos, rente ás margens, ficando 
um espaço vazio e grande . As figuras humanas são minúsculas,
 porque é a forma como se vê.


O mesmo acontece  neste desenho, cuja marca é a. desproporção entre os elementos

Em todos os desenhos mostrados é possível notar a pobreza dos detalhes e dos elementos  que o compõem. Transparece  a falta de realidade através das desproporções, do enorme e incômodo vazio que sobressai e que contrasta com figuras muito pequenas. Por isso, usam a estratégia da chuva  (ou de outro elemento qualquer) para disfarçá-lo. 

Se você é pai e tem um filho que desenha dessa forma, mude sua atitude para com ele. Veja-o com a idade que ele tem. Compreenda que ele (a) não é mais um bebê, mas também não é um adulto.  Para assumir responsabilidades, estas devem estar de acordo com a idade e a capacidade de compreensão e da competência da criança. 

 Por amor a seu filho, deixe-o aprender a se cuidar, a tomar conta de si, a "quebrar a cara"   e a resolver seus pròprios problemas com os amigos, se for preciso.


Aguardem, ainda tem mais.

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

NA ESCOLA PELA PRIMEIRA VEZ.

"Carlinhos tem 3 anos. Diariamente, Carlinhos via crianças indo para a escola e queria ir também. Queria escrever, pintar, desenhar. Vendo o interesse do filho, a mãe resolveu matriculá-lo na escola.

Chega o dia marcado para o início das aulas. Carlinhos está eufórico. A mãe o apronta. De uniforme novinho em folha, merenda na lancheira e sacola com materiais na mão (e da qual não desgruda), lá vai ele.

Mas, no momento em que tem que se despedir da mãe e entrar, apronta o maior escândalo: chora, grita, berra, chuta, gruda e não desgruda. A mãe não sabe o que fazer. Morre de vergonha ao ver a atitude do filho. E diante daquele escândalo todo, resolve levá-lo de volta para casa". 

O que aconteceu com Carlinhos e com todo seu entusiasmo em ir para a escola?”


Aconteceu o que acontece para a maioria das crianças dessa idade. Chorar no primeiro dia é uma reação natural e esperada pela escola e pelas professoras. Geralmente, acontece com crianças que nunca se separaram da mãe. Desde o nascimento a mãe sempre está por perto. Essa proximidade traz um sentimento de segurança para a criança. No momento de entrar na escola, a criança se dá conta de que vai ficar longe dela por um tempo maior que o costumeiro. Essa conscientização gera na criança sentimentos de medo e angústia. Por isso, chora. Mas, ao perceber que é recebido com carinho, logo o choro passa e fica feliz.

Mais que as crianças, os pais devem se preparar para este “momento de separação”. Dizer para a criança, na porta da escola, que sentirá saudades dela, chorar, ficar grudada ao filho até a hora do sinal de entrada, carregar os materiais para ele, levá-lo até a porta da sala, fazer recomendações para a professora ou levá-lo de volta, só confirma os sentimentos que a criança tem naquele momento.

É preciso que os pais saibam que seu filho estará bem, nas mãos de profissionais competentes e habilitados para isso. Afinal, se colocou o filho numa determinada escola é porque confia nela e nos profissionais que  lá trabalham  .

"Lembre-se que a segurança e a confiança de seu filho só depende de sua atitude, mamãe".

DICAS E PORQUÊS

Se você quer levar os materiais e conversar com a professora, faça-o um dia  antes ou depois. No primeiro dia de aula haverá, com certeza, outras crianças chorando e a professora deverá atender a todas elas. 

Procure chegar na hora da entrada. Despeça-se da criança e saia logo. Lembre-se que, quanto mais tempo ficar, mais você estará alimentando o medo na criança.
Na porta da escola sempre haverá muitas pessoas que receberão seu filho e o encaminharão á sala certa. São profissionais preparados e acostumados a essa situação. 
Ser resolver mandar os materiais no primeiro dia, coloque uma pequena parte dele numa sacola e deixe a criança levá-lo e entrar com ele na sala. Ela se sentirá responsável pelo material e, com certeza, desperdiçará menos.
Se a criança tem um objeto de estimação (e do qual está apegada) como fralda, cobertor, chupeta, ursinho ou outro qualquer, mande junto com ele. Seu filho sentirá sua presença através desse objeto.


Não se preocupe se ele vai sentir saudades. Haverá tantas novidades que ele nem perceberá o tempo passar.


"Deixe seu filho descobrir sozinho os prazeres que
a escola traz. Com certeza, no futuro,
seu filho só lhe trará alegrias".

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

PEGAR NO PÉ?... ESSA NÃO!

Maria estava grávida e sonhava com um bebê loiro, de olhos azuis, cabelo cacheado, face rosada. Verdadeira “carinha de anjo”. Os sonhos de Maria iam mais longe ainda. O bebê receberia nome de santo. Ela o chamaria de Pedro. Em seus sonhos, Maria via Pedro crescendo: um menino educado, obediente, calmo e tranqüilo, estudioso. Tão estudioso que se formaria médico.

Mas, quando Pedrinho nasceu, Maria ficou muito decepcionada. Pedrinho não era o bebê sonhado. O Pedrinho real era moreno, olhos bem pretos, cabelos bem escuros e espetados. Além disso, sua face parecia amarrotada e o narizinho era meio torto devido à posição no útero.

Em casa, Maria tratava do bebê como uma obrigação. Mais tarde, com as gracinhas que só os bebês sabem fazer, Pedrinho foi conquistando a afeição da mãe. Mas, virava e mexia, Maria suspirava pelo bebê sonhado.

O tempo passou e Pedrinho cresceu. Outros  bebês vieram, aumentando a família. Maria tinha tanto serviço que não conseguia dar conta. Pedrinho era “pau para toda obra”:cuidar dos irmãos, ajudar no serviço da casa, fazer pequenas compras, pois sempre faltava alguma coisa no momento de preparar as refeições. E por mais ou melhor que fizesse, Maria nunca estava contente. Ralhava com ele, exigia o máximo e, às vezes, dava-lhe umas palmadas também.

Se os irmãos aprontavam uma arte, Pedrinho era o culpado. Se aparecia alguma coisa quebrada,  era ele o culpado. Se comiam todas as bolachas do pacote, quem era o culpado? Pedrinho, naturalmente.



E assim, Pedrinho cresceu achando que era mesmo uma pessoa inferior. Por isso, largou a escola antes de terminar o Ensino Fundamental, pois sabia que iria ser retido. Afinal, suas notas nunca foram boas.

Maria continuava nas “pegações de pé”. Já que não queria estudar, que fosse trabalhar. Mas, por causa da idade, da falta de instrução e de qualificação, não conseguia um emprego. Os novos títulos de Pedrinho agora eram: preguiçoso, incompetente e vagabundo.

Cansado de tanto xingamento e de tanta cobrança em casa, Pedrinho encontrou “amigos” que a princípio pareciam compreendê-lo inteiramente. Influenciado por esses amigos inconvenientes, Pedrinho entrou no mundo das drogas e da criminalidade. Morreu cedo, coitado! Não conseguira quitar a dívida com os traficantes.

Esta é uma história fictícia, com personagens fictícios, para ilustrar o tema deste artigo. Mas, se houver alguma semelhança com a vida real, será mesmo, mera coincidência?

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

MIMO DEMAIS.... ESTRAGA?

Aproveitando uma pergunta feita num dos comentários deste blog, resolvi responder em forma de artigo dada a importância do assunto.

Todos sabemos que os pais amam seus filhos e é louvável que seja assim. É na família que as crianças aprendem lições de afeto e consideração pelas outras pessoas. É na família também que se formam as bases do caráter e da personalidade dos filhos. No entanto, há pais que exageram no seu amor e devotamento a eles.

Tudo começa quando a família recebe a notícia de que está grávida. Pai, mãe, avós, tios e tias imaginam como ele será, fazem planos, e até decidem a profissão que exercerá no futuro, Afinal, todos amam esse bebê e querem o melhor para ele.

Após o nascimento, cercam a criança de toda a atenção, adivinham os desejos mais secretos, resolvem todos os problemas, cedem a todos os seus caprichos não importando o sacrifício que façam para realizá-los. Mais tarde, dão á criança total liberdade de escolha para decidir do brinquedo a escola a freqüentar, do comer e do vestir até a professora com quem vai estudar. Não há regras, nem limites para o “poder” dessa criança. Afinal, ela precisa sentir que é “amada” e ninguém quer que ela sofra ou se frustre.

Dessa forma, a criança vai aprendendo que a vida é fácil e que todos estão a seu inteiro dispor. Aprende que as regras podem ser quebradas e os limites estendidos. Gritos, choros, birras, persistência em querer tudo o que o que vê (geralmente, os mais caros) são evidências de crianças superprotegidas, comumente chamadas de “mimadas”.



Mas, que prejuízos isto traz? A nível de desenvolvimento esta atitude familiar acarreta uma imaturidade neurológica, que por sua vez, traz infantilização e a dependência, a falta de responsabilidade, a falta de iniciativa. A nível de comportamento traz a “preguiça”, a ganância, o egocentrismo, a rebeldia, a desobediência e a indisciplina. A nível de inteligência acarreta prejuízos no raciocínio lógico e na solução de problemas práticos do cotidiano, nas capacidades e habilidades. A nível escolar, prejuízos no aprendizado das operações fundamentais (principalmente nos cálculos de subtrair e dividir), na resolução de problemas, na compreensão das regras gramaticais, da leitura e da escrita, pois faltam-lhe a criatividade e a expressividade espontânea. A nível de socialização é, geralmente, intransigente, egoísta, pouco solidária pois não consegue se colocar  no lugar do outro ou valorizar as qualidades dos amigos. É, geralmente, uma criança de difícil adaptação entre seus pares por ser mandona, quer sempre liderar tudo sem dar chance a ninguém, .por achar que é a melhor do que os outros. Quando não atendida em suas vontades, faz birra, emburra e se isola.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

A FAMÍLIA E O PROCESSO DE APRENDIZAGEM



Em 1990, Alicia Fernàndez já dizia em seu livro “Inteligência Aprisionada” que, tanto na escola, quanto no processo terapêutico, não se deve olhar o estudante apenas pelo que aprenderam ou deixaram de aprender. Para compreender como os estudantes encaram o processo de aprendizagem também é preciso levar em consideração quem os ensina.

Como primeira instituição educativa, a família sempre deveria oferecer a segurança e o apoio necessários para que os estudantes tivessem uma educação adequada. Mas, nem sempre isto acontece, embora  todo pai e mãe queiram o melhor para seus filhos.

A complexidade do processo de aprendizagem é enorme, pois envolve fatores orgânicos, afetivos, emocionais e sociais. É preciso ter a consciência de que a família pode facilitar ou atrapalhar o processo de aprendizagem.  Quer na escola ou na situação terapêutica, o papel da família é fundamental.