terça-feira, 13 de novembro de 2018

HISTÓRICO DO AUTISMO – parte 2



Nos anos posteriores a guerra, novos trabalhos sobre o autismo surgiram e analisavam vários aspectos da vida e do comportamento das pessoas autistas. Outros, estudaram o autismo à luz da biologia ou da genética.

Na década de 1950 a 1960, o estudo do autismo criou muita confusão. Todos os estudiosos afirmavam suas causas e consequências que iam desde a irresponsabilidade dos pais por amá-los demais até a famosa tese da hipótese da “mãe-geladeira”, que não ligava para o filho, fazendo com que os traumas por essa atitude o transformassem num autista. Outra hipótese era o trabalho das mães fora de casa e que não tinham tempo para cuidar do filho. As hipóteses eram tão absurdas que fez com que Leo Kanner saísse em defesa das mães. Alegou ter sido mal interpretado e termina escrevendo sobre isso num livro.

Mesmo percebendo que todas essas ideias eram infundadas, o estrago já havia sido feito, com as mães se culpando por um ou por outro motivo. Mas foram abandonadas a partir de 1960.

Ainda na mesma década, mais precisamente em 1952, a Associação Americana de Psiquiatria inclui o autismo na primeira edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Doenças Mentais (DSM-I). O DSM é manual que fornece a nomenclatura e critérios padrão para o diagnóstico dos transtornos mentais. Nesse manual, o autismo aparece como uma forma de esquizofrenia infantil.





No início da década de 1960, o psicanalista Bruno Bettelheim popularizou o nome do AUTISMO. Este é um termo alemão e deriva de “Autimus” que significa “aquele que se retira (ou se recolhe) em seu mundo próprio”. Na década de 1960, já havia um bom acervo de pesquisas, evidências e trabalhos científicos sobre o autismo e sobre o impacto que o autismo trazia para a vida das pessoas autistas e de seus cuidadores. Lembremos que o autismo ainda era considerado como esquizofrenia (loucura em alto grau) infantil.


Em 1965, um caso de autismo passou a chamar a atenção da comunidade científica. Temple Grandin, uma jovem autista norte-americana com Síndrome de Asperger, criou um dispositivo chamado “Máquina do Abraço”. Tratava-se de um aparelho que, quando pressionado, parecia abraçar como fazem as pessoas. E esta máquina a acalmava quando estava ansiosa ou nervosa. 


Assista ao filme sobre a história de Temple Grandin.

Ao terminar este video, existem 13 outros sobre autismo. 
Quem quiser, poderá assistí-los aqui mesmo.

Gradim se transformou numa profissional de sucesso, usando sua máquina no abate de animais na fazenda de sua família e, posteriormente, nas fazendas pelo mundo afora. Além da técnica, revolucionou os projetos de instalação, de manejo e cuidado de animais também usados no mundo todo. Grandin passou a fazer consultorias para indústrias pecuárias e palestras pelo mundo afora, além de explicar e reafirmar a importância dos autistas desenvolverem suas potencialidades.

A partir do estudo do caso de Grandin, Novas pesquisas sobre o autismo foram realizadas e muitas novas hipóteses foram levantadas. Numa delas, verificou-se que esse que o autismo está presente desde a infância (verificável entre 2 e 3 anos) e pode ser encontrado em todos os países do mundo e em qualquer grupo socioeconômico e étnico-racial. E uma nova edição do Manual Doenças Mentais (DSM-II, em 1968) e publicado considerando o autismo, como um “transtorno mental não especificado” em que predominam as psicodinâmicas psiquiátricas. Ou seja, o manual afirmava que o autismo passava a chamar de “não especificado”, por não ter causas claras e definidas.


Apesar de melhorar as condições do autismo, a mudança de patamar de categoria ainda mostrava que o autismo era visto como uma grande desorganização mental que gerava grande conflito como uma nos reflexos, como uma reação mal adaptada aos problemas da vida como acontece com as neuroses e psicoses. Novos estudos acontecem, uns querendo provar que o autismo estava ligado à esquizofrenia e outros, que queriam provar o contrário.

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