quarta-feira, 6 de julho de 2011

O QUE DIZEM OS DESENHOS DAS CRIANÇAS (I)

Muita gente fica curiosa em saber o que os desenhos revelam em qualquer idade da vida. Mas, pais e professores questionam mais a respeito dos desenhos infantis e se preocupam com as cores usadas, as figuras que desenham e com a personalidade da criança.

Os desenhos infantis realmente dizem muita coisa. Mas, há muitos mitos que os envolve também. Muitas pessoas,  porque leram um ou dois livros sobre o assunto, colocam na mídia certos conceitos  tidos como verdades absolutas e, os leitores, acreditam e generalizam. A “coisa” não é bem assim. Não se pode acreditar em tudo, mesmo porque, a tendência do ser humano é mudar e evoluir.

As crianças estão sempre mudando. desenvolvendo a si mesmas e  tentando compreender o mundo à sua volta. Por isso mesmo, os desenhos refletem o momento em que elas estão vivenciando. Mas, não se pode generalizar porque se deve levar em conta, que cada  criança é diferente da outra, que possuem vivências, experiências, educação, oportunidades e histórias  diferentes. Portanto, o que a Ana revela em seus desenhos é diferente do que a Cristina, a Joana, o João,e o Vitor revelam nos seus, embora desenhem as mesmas figuras.

Diferem também as explicações sobre os desenhos, sobre as cores que usam, sobre as formas  e tudo o mais. Repito: O QUE UM DESENHO REVELA É PARTICULAR, PRÓPRIO DAQUELA PESSOA E NAQUELE MOMENTO.  Por isso, não se deve generalizar.

A idéia de generalização dos desenhos ou das atividades artísticas em geral, surgiu com a Psicanálise de Freud e seus seguidores as espalharam pelo mundo afora ,como “interpretação dessas atividades. Jung, no entanto, diz que não se deve interpretar, mas ouvir as explicações da pessoa e,, só então, analisar os fatos e os vários contextos.

Tendo deixado isto bem esclarecido, daremos continuidade à postagem anterior, refletindo sobre o que as cores dos desenhos infantis revelam

AS CORES E A PERSONALIDADE

Segundo Jung, as crianças (até 6 ou 7 anos) não têm uma personalidade formada porque estão tentando compreender o mundo ao seu redor. E, nesse compreender, a criança imita os adultos em tudo: nos gestos, na fala e no modo de ser. Daí, Jung dizer que até essa idade, “as crianças são o que os adultos fizeram dela”. Portanto, as cores e figuras utilizadas nos desenhos revelam a evolução de suas experiências. 


Toda criança passa pela fase do vermelho, do azul, do verde etc. E desenham tudo da mesma cor porque estão experimentando, “vendo como fica”.

As crianças de 7 a 9 anos começam a se mostrar como são. Não é personalidade ainda, pois ela está apenas começando a se formar. Como disse Jung, nessa idade, a personalidade não passa de um "embrião". Mas, mostram uma tendência de personalidade. Mas, também, as crianças estão numa fase de descobrir que podem representar a realidade. E  procuram colocar em seus desenhos as figuras e as cores da natureza. Flores são amarelas, laranjas, vermelhas. Folhas são verdes etc. Se, nesta idade, as crianças desenham numa só cor é algo para ser investigado.


Dos 10 aos 14 anos, a personalidade deixa de ser tendência e se firma. Mas, ainda "não é a personalidade" propriamente dita, porque ainda trazem muito da infância. Gostam das cores da moda seja nas roupas, nos cadernos ou nos objetos pessoais. Tem preferência de cores por escolha própria. Mas, não gostam de colorir os desenhos que fazem, devido a autocrítica. E quando os colorem, as cores revelam suas escolhas e a moda. Pode-se ainda visualizar algumas tendências: introspecção ou extroversão, agressividade, medos, timidez etc.


A partir dos 15 anos aos 18 anos, a personalidade fica mais forte. A partir dos 18 anos podemos falar em personalidade total. Mas, mesmo assim, temos que ouvir a explicação das cores usadas, para definir exatamente o que elas revelam.


Portanto, se olharmos apenas as cores colocadas numa atividade, obteremos poucas informações sobre as pessoas. Elas precisam estar num contexto mais geral. O entendimento das cores é único e específico para aquela pessoa, porque os seres humanos não são apenas personalidades. São seres globais, universos particulares, determinados por uma série de fatores cognitivos, psicológicos, biológicos, lingüísticos e sociais.


Tem mais.... AGUARDEM

domingo, 3 de julho de 2011

PINTANDO O SETE

ALÕ, PESSOAL!


Trouxe mais uma atividade de pintura que considero muito legal. Com uma única técnica, você pode obter quatro atividades diferentes e inéditas.


Elas trabalham a imaginação e a abstração das crianças, além de revelar a criatividade. Também servem para mostrar às que estão bloqueadas, que pintar não é nenhum bicho de sete cabeças. 

Para isto, você vai precisar de garfinhos plásticos para bolo e tinta guache de várias cores.  É só abrir o pote,mergulhar o garfo na tinta e sair pintando o papel. Veja o resultado:



Se preferir, poderá usar garfinhos para bolo de madeira. E o resultado será este:


Para variar, segure o garfinho na posição vertical e passe-o rápidinho sobre a tinta ainda molhada. E obterá este efeito:

Se deitar o garfo e usá-lo na lateral, puxe a tinta ainda úmida, e obterá este outro efeito:


ESPERO QUE SEUS ALUNOS SE SURPREENDAM COM OS RESULTADOS, COMO FAZEM OS MEUS.

BOA ATIVIDADE!

sexta-feira, 1 de julho de 2011

OS PROCESSOS MENTAIS E AS APRENDIZAGENS



Para aprendermos qualquer coisa é necessário que o cérebro esteja em perfeito funcionamento.

Além de funcionar perfeitamente, um cérebro íntegro também inclui as funções de receber as informações do ambiente (funções telereceptoras) e as do interior do organismo do sujeito (funções proprioceptivas) executadas pelo Sistema Nervoso Periférico e as funções de armazenamento, formulação e regulação executadas pelo Sistema Nervoso Central.

Aprender significa colocar um conjunto de sistemas psiconeurológicos em ação. Esses sistemas são amplos e complexos, pois possuem vários subsistemas. Os principais são: o sistema de processamento dos conteúdos, o sistema de processamento sensorial e o sistema de processamento cognitivo.

O sistema  de processamento dos conteúdos depende do diálogo entre os hemisférios cerebrais. Enquanto o hemisfério direito fica responsável pelo processamento dos conteúdos não verbais (experiências, atividades da vida diária, imagens, orientação espaço-temporal e atividades intrapessoais) que são representadas por gestos, sons, figuras e quantidades, o hemisfério esquerdo fica responsável pelos conteúdos verbais (fala, leitura, escrita, cálculos e o raciocínio lógico)

O sistema de processamento sensorial depende exclusivamente do bom funcionamento dos órgãos dos sentidos. A integridade da visão, da audição e do tato é essencial para as aprendizagens escolares. O cérebro possui regiões altamente especializadas (lobos) que recebem, executam as funções de transdução e conversão, processam, organizam e armazenam as informações.

Transdução é a transformação de um estímulo em impulso elétrico, pois o cérebro só entende esse tipo de impulso.
Conversão é a transformação do impulso elétrico numa resposta ao estímulo.

O sistema de processamento cognitivo reflete as experiências do sujeito de forma hierárquica. O sujeito começa percebendo as coisas, cria imagens mentais, simboliza e conceitua. Todas essas funções são altamente utilizadas na escola.

Voltaremos a cada sistema com mais detalhes.

fonte:
F0NSECA,Vitor, Introdução às Dificuldades de Aprendizagem, Porto Alegre, RS, Artes Médicas, 1998.

terça-feira, 28 de junho de 2011

A LINGUAGEM ESCRITA

Segundo Vigotsky (2008), a condição básica para a aprendizagem da linguagem escrita é a aquisição de todas as etapas da linguagem oral, já descritas na postagem “PRÉ-REQUISITOS PARA A AQUISIÇÃO DA LEITURA”, do dia 6 de maio de 2011.

Supondo que todas as etapas forma adquiridas, o aprendizado da escrita representa um passo mais avançado do desenvolvimento da linguagem e um salto considerável com relação ao desenvolvimento como um todo.

Escrever significa entrar em contato com um complexo sistema de signos (códigos) que fornecerá á criança um instrumento novo de comunicação e a colocará diante de uma série de informações que jamais havia sonhado.

Esses signos (códigos), embora sejam de segunda ordem na escala da linguagem, correspondem aos símbolos verbais (de primeira ordem). Mas, sua aquisição transforma seu pensamento, aumenta sua capacidade de memorização, permite diferentes formas de registro das informações, propicia novas formas de organização das ações e propicia o acesso ao mundo do conhecimento (livros), amplia seus relacionamentos interpessoais, facilita o acesso ao patrimônio cultural, e, ultimamente, a coloca em contato com as comunidades sociais (orkut, twitter, facebook e outros), coisa que não havia no tempo de Vigotsky.

Com a aprendizagem desses códigos, a criança passa a lidar com diferentes modos de pensar e mais abstratos de se comunicar, de relacionar com as pessoas e com os conhecimentos.

O processo de aquisição da linguagem escrita é entendido por Vigotsky como um processo bastante complexo e que começa bem antes da entrada da criança na escola. Seu aprendizado é bastante sofisticado. Toda essa sofisticação engloba um sistema de representação da realidade constituído de um conjunto de símbolos de primeira ordem e que devem ser transpostos para outro conjunto simbólico, os de segunda ordem. E nesta transposição a criança deverá utilizar todas as etapas da aquisição da fala, as imagens mentais construídas, todas as formas de representação simbólica aprendida, experimentada e vivenciada através dos gestos, dos desenhos e das brincadeiras, a memória e todo o sistema de lembranças, além de um bom desenvolvimento motor.

O domíno da linguagem escrita é essencial para o indivíduo, principalmente nos dias atuais. E o caminho que a criança percorre para atingir esse domínio é bastante longo.


fonte: 
REGO, Tereza C. "Vigotsky: uma perspectiva histórico- cultural da Educação", Petrópolis, RJ, Vozes, 1995
VIGOTSKY.  "A Formção Social da Mente",  São Paulo, SP, Martins Fontes, 2008

domingo, 26 de junho de 2011

TRABALHANDO A NOÇÃO DE ESPAÇO

Esta atividade é muito interessante. Serve para trabalhar a noção de espaço, a atenção e a concentração. As crianças maiores, podem desenhar sozinhas, contando os quadradinhos. Para as menores e deficientes é preciso que o adulto desenhe. Mesmo assim, se torna um grande desafio, pois precisam de um controle motor bastante grande.


A dificuldade para quem tem problema de espaço é colorir os espaços menores. Por isso, escolher imagens que tenham espaços variados: nem só grandes, nem muito pequenos.

Essas imagens são encontradas em revistas de bordado em ponto cruz. A variedade de imagens que se consegue é grande possibilitando, não só desenhos grandes, mas também pequeno, que podem ser utilizados em barras decorativas. 


As barras decorativas se transformam numa outra atividade de reprodução de imagem, em folhas quadriculadas. Neste caso, dependendo da dificuldade de cada criança, oferecer a ela desenhos mais fáceis ou mais difíceis.

sexta-feira, 24 de junho de 2011

SÍNDROME DE EDWARDS

A Síndrome de Edwards é rara (1 em 8.000 nascimentos vivos), originária de um erro genético. Na análise de embriões ou fetos abortados espontaneamente, quer em mães adolescentes ou jovens, quer em mães adultas ou em idade avançada, esse erro foi encontrado em 95% dos casos.

Foi identificada e descrita pelo médico sanitarista britânico John H. Edwards como uma trissomia do cromossomo 18, isto significa que, logo após a concepção, numa das fases da divisão celular, uma das metades do cromossomo 18 aparece duplicada. Dessa forma, o cromossomo que normalmente tem duas metades, fica com três, surgindo daí o nome de trissomia. O dr Edwards descobriu também, que esse erro ocorre frequentemente em crianças do sexo feminino.

Um embrião ou feto com esta síndrome tem poucas chances de sobreviver. Porém, os que conseguem e completam 15 anos são considerados exceções.

Os sobreviventes apresentam: atraso intelectual, atraso de crescimento e uma malformação do coração de muita gravidade. Todo o paciente com a Síndrome de Edwards  apresenta uma série de características físicas pelas quais ela é reconhecida:
a)   cabeça aguda, ou  seja, é estreita horizontalmente e comprida no sentido vertical. Por falta de espaço, a caixa craniana obriga o cérebro a se desenvolver para cima, tornando-se agudo também.
b)       pavilhão auditivo rarefeito – as orelhas se apresentam quase sem as dobras
c)        boca menor que o normal
d)        pescoço muito curto
e)        a distância entre os mamilos e os órgãos genitais externos é desproporcional.
f)         dedo indicador maior que os demais e que se flexiona sobre o dedo médio
g)       pés arqueados
h)       unhas hipoplásticas (defeituosas ou ausentes)
i)          problemas no sistema nervoso central
j)         anomalias no corpo caloso (estrutura que liga os hemisférios cerebrais)
k)  hidrocefalia (aumento do líquido interno da caixa craniana)


Muitos leitores podem estar se perguntando por que coloco síndromes como estas, neste blog. A resposta é simples. Independente do tempo de vida que cada um de nós tem, temos um direito adquirido, que é o direito à educação. Portanto,  sobreviventes desta ou de outras síndromes quaisquer, podem chegar à escola e temos que aprender a lidar com eles. 

Chocante!?! Até pode ser. Mas, isto existe. Nós é que vivemos num mundo cor-de-rosa, que nos aliena dos fatos da vida. Enquanto uns reclamam da má sorte, outros a vivenciam sem direito de reclamar.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

AS CORES NOS DESENHOS DAS CRIANÇAS

RESPOSTA AO LEITOR

Segundo Vitor Lowenfelder, Philippe Greig, Mauren Cox e Arno Stern, todos estudiosos dos desenhos infantis, são unânimes em afirmar que no início do grafismo as crianças não se preocupam com cores, pois sua única intenção é deixar marcas. Nessa fase, tudo serve: uma poça d’água, um lápis ou caneta ou outro objeto que risque.  À medida que cresce, aumenta seu poder de observação. E elas podem ver o irmão ou os pais usando lápis ou caneta ao escreverem. Por imitação, seus desenhos podem aparecer coloridos. Mas, isto, não é uma regra. 

As crianças só começam a se interessar por cores depois dos 3 anos, quando seu poder de observar as coisas aumenta consideravelmente. As cores passam a encantá-las. Mas, não usam todas de uma vez. Gostam de explorar cada cor individualmente, para ver o resultado, sentir sua impressão. Por isso, desenham coisas e pessoas verdes, vermelhas, azuis, amarelas etc. Com isto, elegem a sua cor de preferência. Quando, nesta fase, as crianças misturam cores, com certeza é por influência dos adultos que insistem para que as utilize ou por imitação.

O uso da cor de uma forma mais consciente só acontece por volta dos 6 anos de idade, com uma margem de 6 meses para antes ou depois. Elas adoram colorir seus desenhos. Experimentam todas as cores e  fazem combinações. No início dessa fase, é comum fazerem um boneco e colori-lo com várias cores. Um pedaço de cada cor. Depois, começam a definir uma cor para cada coisa, por exemplo: blusa amarela e saia (ou calça) verde ou laranja. É quando descobrem, intuitivamente, a relação das cores, ou seja, que cores combinam ou não combinam entre si. 

O emprego das cores de forma consciente só acontece depois dos 7 anos, mais ou menos. Nesta fase, usam e justificam as cores utilizadas. Podem preferir os tons pastéis (mais claros) ou tons fortes (mais escuros), dependendo da pressão que a mão exerce sobre o lápis de cor. Nesta fase, há muito o que explorar. A realidade fascina a criança. E ela procura a imitar a realidade: árvores são sempre verdes e marrom. Casas são coloridas e com telhados vermelhos e marrons. Mas, as nuvens são azuis. O que comprova que ainda há muito que observar e decidir como resolverá esse problema.

Esta é uma fase demorada e se prolonga até os 10 ou 11 anos, e as vezes, até mais tarde, quando tem início o ensino de Artes e suas regras, na segunda etapa do Ensino Fundamental. É quando começa a auto-crítica.