domingo, 9 de abril de 2017

TRABALHANDO COM A MÃO INATIVA II

Olá, amigos. Como prometi, mais algumas atividades para trabalhar a mão inativa do garoto que cuido profissionalmente. Hoje trago para vocês alguns jogos, encontrados facilmente em qualquer escola, pois são brinquedos para as turmas da Educação Infantil.

Esses jogos desenvolvem a coordenação motora fina. No meu caso, o objetivo é fazer com que o garoto movimente a mão inativa. E, quando estiver mais apto, aí siim seguirei os objetivos de cada jogo.

A mão inativa, por ficar constante sem uso, fica mais lenta e mais dificultosa para movimentá-la. Sem contar com os frequentes espasmos. Porém, a novidade motiva pois ninguém propôs tal desafio a ele.

Este primeiro jogo é formado por uma estrutura vertical, com pequenos seguimentos com certa inclinação. Ele possui uma espécie de carrinho (foto 1) que deve ser colocado nos seguimentos do mais baixo para o mais alto, para que faça o exercício de erguer o braço. Primeiro, começo com a mão ativa para aprender como fazer. Ele sorri cada vez que o carrinho desce. 

Depois ele repete com a mão esquerda, a inativa (fig 2). Ele encontrou muita dificuldade em colocar o carrinho no lugar com essa mão. E percebo que ele ajuda com a outra mão. No começo é assim mesmo.


  

 Este outro exercício trata-se de um jogo aramado e chama-se Montanha Russa. O objetivo é passar as peças de um lado para outro usando apenas a mão inativa (fig 3). Como os arames se entrelaçam, a dificuldade é maior para a mão inativa. Ele, em certos trechos, ajuda com a outra mão. Não tem importância, pois o movimento que quero que ele realize  é o de erguer o braço inativo.

(fig 3)

Este terceiro, é para Coordenação Motora. Mas quero que ele movimente a mão inativa movimentando a mão de um lado para outro. Pedi que ele e escolhesse um dos movimentos. Ele escolheu o helicóptero. Como sempre, faz primeiro com a mão direita para aprender e depois com a esquerda. Porém, encontrou muita dificuldade em manusear a figura e fazer o movimento de ir e voltar, mesmo com a mão ativa. Por isso, não segui adiante. Espero outro momento para repeti-lo.

 
fig 4                                                  fig 5

Este é um jogo de construção. O objetivo é construir uma estrutura colocando as peças uma sobre as outras. Este jogo desenvolve a criatividade, mostra os conhecimentos prévios e trabalha a paciência e a delicadeza dos movimentos.  Os espasmos atrapalham bastante, mas ele não desiste. Começou com a mão direita e quando pedi que colocasse algumas peças com a mão esquerda, desmoronou o que havia feito. Mas logo começo outra construção  (fig 6) e vejam o que ele construiu na figura 7:

fig 6                                          fig 7

O quinto exercício é um Jogo da Velha (fig 8) que usei como encaixe. Ele tirava a bolinha de um lugar e colocava na mesa. Depois, pegava da mesa com a mão direita, ajeitava na mão esquerda e colocava nos pinos. Apesar da dificuldade, foi muito bem.

fig 8

Por fim, rolar uma bola sobre a mesa com a mão inativa até onde alcançasse. O objetivo é esticar o braço para a frente (fig 9). Depois de algumas vezes, usando a mesma bola, devia segurar a bola com a mão inativa para trabalhar a preensão, abrir o braço lateralmente e soltar a bola (fig 10). Exercício que foi repetido algumas vezes também.

fig 9                                                     fig 10

Quando houver mais exercícios posto novamente.
Aguardem.

segunda-feira, 3 de abril de 2017

TRABALHANDO COM A MÃO INATIVA

As crianças e jovens com Paralisia Cerebral de moderado a grave possuem dois ou mais membros inativos. Em pequenos movimentos, os membros superiores são os mais necessários. Por isso, precisam ser trabalhados para que não atrofiem por completo.

Porém trabalhar esses membros têm que ser realizado com muito cuidado para não causar um mal maior. Por isso, escolho atividades naturais, coisas que essas pessoas possam fazer no dia a dia. tudo muito natural e sem esforço. como por exemplo, segurar vários objetos já que a mobilidade do garoto que cuido tem alguma mobilidade. E quando percebo que a dificuldade é grande, aborto o exercício.


Apoiar a mão sobre a mesa e segurar o caderno é um desses exercícios. Não há esforço nisso e o garoto toma conhecimento de novas possibilidades para essa mão.

Segurar as peças de um quebra-cabeças para que não saiam do lugar é outra forma de movimentar a mão inativa.

 

Segurar a forma sobre o papel par que contorne com a outra mão também não exige esforço e é algo que se pode fazer no cotidiano. Como viram há muita coisas que, crianças e jovens, podem fazer com suas mãos inativas.

Mais exercícios serão mostrados na próxima  postagem.
AGUARDEM!

sexta-feira, 10 de março de 2017

PARALISIA CEREBRAL E AS NOVAS CONQUISTAS

Quem disse que pessoas com paralisia cerebral de moderada a grave não podem ir além do esperado? Para provar que é possível, aqui vão  fotos de atividades realizadas esta semana e que todos julgavam impossível.

A primeira delas é o desafio de unir dois triângulos afim de formar um quadrado. Após virar e uni-los em várias posições (uma tentativa de ensaio e erro), conseguiu por fim, alcançar o objetivo.




A segunda, completar uma CRUZADINHA por meio de colagem. É bem verdade que são com poucas palavras, mas sempre é uma esperança para outras oportunidades e mais palavras. É trabalhoso montá-las? Sim, um pouco. Mas vale a pena.


Por fim, uma adaptação do SILABOX, encontrado em algumas revistas de passatempo e com palavras que está aprendendo a ler e juntar para formar palavras.


Espero que seja proveitoso para os professores e alunos com esta deficiência.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

PARALISIA CEREBRAL E OS AVANÇOS MATEMÁTICOS


Muitas pessoas me perguntam porque, ao trabalhar  as operações fundamentais com deficientes intelectuais ou com Paralisia Cerebral, eu não uso diretamente a calculadora? A resposta é simples: quero que eles entendam todo o processo. E agora eu pergunto: De que vale saber manejar bem uma calculadora e não entender o que acontece quando, por exemplo, somamos valores que dão mais que 10 unidades,  dezenas ou centenas? Como entender o que acontece quando tiramos um número maior de outro menor se, eles não conseguem ver o que se passa dentro de uma calculadora para chegar a um certo resultado?

Por isso, trabalho antes toda essa parte para depois, se for necessário, usar a calculadora. Com isto, não desenvolvemos só os conteúdos, mas principalmente o raciocínio e a inteligência.

ADIÇÃO SIMPLES COM DEZENAS


Em contas deste tipo, o garoto monta com saquinhos (dezenas) e tampinhas soltas (unidades) os valores a serem somados, junta as unidades primeiro e depois as dezenas, conta e eu marco com lápis para ele não esquecer. Espalho as respostas e ele encontra o numeral procurado. E ele repete estes passos em cada operação a ser realizada.

A SUBTRAÇÃO

Enquanto fixamos os passos das adições com dezenas simples, começamos a trabalhar a segunda operação fundamental: a subtração de unidades.


Neste caso, ele monta os primeiros algarismos com as tampinhas soltas e tira as quantidades que vierem depois. Conta e escolhe o algarismo da resposta.

Quando já estiver craque, verticalizo as subtrações. E ele repete o processo.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

COORDENAÇÃO MOTORA FINA E A PARALISIA CEREBRAL

Como prometi, mais alguns exercícios de coordenação motora para vocês. Agora com linhas curvas e circulares, a grande dificuldade do garoto com quem trabalho.

 








quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

PARALISIA CEREBRAL E A COORDENAÇÃO MOTORA


A coordenação motora de crianças e jovens geralmente é muito precária.Por isso, sempre é necessário que se trabalhe este item seja em casa, na escola ou nos atendimentos psicopedagógicos.

E em quanto o garoto que atendo continua em férias, posto aqui o que tenho trabalhado com ele além da alfabetização em Língua Portuguesa e em Matemática. A maior dificuldade deste garoto são as linhas curvas, porque as retas ele as faz muito bem quando os espasmos deixam.  Podemos observar isso, nas fotos abaixo

perfeito

 

com espasmos

 

Mediante estes resultados, optei por trabalhar as linhas em zig-zag, cujos movimentos são os mesmos usados na escrita de alguns números e letras. Iniciei com linhas inclinadas isoladas para a direita e em seguida juntando as da esquerda.

 perfeito

                                                                com espasmos



quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

PARALISIA CEREBRAL E A ADIÇÃO

Tudo depende da capacidade intelectual e motora da criança ou jovem em atendimento. Alguns conteúdos escolares necessitam de processos mais longos (com mais repetições) outros menos dependendo das limitações daquele que aprende.
No caso do garoto com quem trabalho, suas respostas positivas têm sido mais rápidas que o esperado. Por isso, os avanços. Mas cada professor ou pais devem seguir de acordo com as possibilidades do seu aluno ou filho(a). O que mostro aqui são sugestões de trabalho que podem ser realizados e com sucesso. Ok? Então vamos a mais uma etapa.

OPERAÇÃO FUNDAMENTAL: ADIÇÃO


Só para lembrar o que já mostrei aqui, iniciamos com as contagens de pequenos conjuntos de quantidades para que ele contasse e identificasse o valor numérico e colasse a resposta. Para quem pegou este texto pela primeira vez, este garoto não consegue escrever. O objetivo disso era saber se ele contava corretamente.


Com respostas positivas partimos para a etapa seguinte: agrupar dois conjuntos de quantidades por meio da contagem, identificação do valor numérico e colagem do resultado. O objetivo era verificar a noção de juntar, agrupar, somar. Nem precisei explicar porque ele começou a fazer por conta própria. Trabalhamos assim por um tempo.

Como ele já tinha a noção de juntar, partimos para a etapa seguinte. A contagem usando os dedos das mãos. Mas não deu certo, porque suas dificuldades são grandes. Então, parti para outra etapa: substituir as figuras por valores numéricos. Para realizar as contagens usei um material alternativo: tampinhas de refrigerante ou de caixas de leite.

Ele preparava as quantidades, juntava, contava, identificava o valor numérico e colava o resultado. 



 

Repetimos esse processo em algumas oportunidades. 

Em seguida, trabalhamos problemas com adição. O objetivo era verificar se havia entendido a noção. Li o primeiro problema para ele porque ainda não conhece todas as letras e perguntei se ele achava que eu havia comido mais ou menos doces.

- Mais, é claro! - foi sua resposta. E aí partimos para a identificação da conta (+ e -) como opções e vocês já conhecem o restante. Fiz o mesmo com o segundo problema.


No final perguntei se ele havia gostado dos problemas. Seus olhos marejaram e ele disse que “nunca havia feito problemas na escola”. E que todos os professores e as auxiliares que ficavam a seu lado (por direito legal) achavam que “ele era burro e que não sabia de nada”. Também me emocionei, tive vontade de chorar, mas engoli e mudei de conversa. Avisei-o que, no nosso próximo encontro, haveriam outras novidades.

E dito e feito. No encontro seguinte, o último do ano, apresentei –lhe as contas na vertical. Por enquanto, só nas unidades e com resultados maiores e menores que 10.


E como na vez anterior, as tampinhas ajudaram bastante.

FORMAÇÃO DOS NÚMEROS

Em seguida, para fixar a numeração, trabalhamos a formação dos números com as duas primeiras dezenas. O objetivo é o entendimento da mudança do número na casa das dezenas. Fiz o primeiro usando um material montessoriano chamado “VISÃO DE CONJUNTO”. 

Depois fez o restante com um pouco de ajuda, principalmente, quando entrou a segunda dezena. Mas, com certeza, logo chegará lá.

Agora ele está em férias. Assim que voltarmos aos trabalhos, continuaremos experimentando novas formas de trabalho. 

AGUARDEM!