sexta-feira, 8 de abril de 2011

ALFABETIZAÇÃO E LEITURA

A alfabetização tem início nas primeiras séries (ou anos) do Ensino Fundamental e se prolonga até o final do curso. À medida que se aprende as letras e suas combinações, as possibilidades de se formar palavras e frases vão se multiplicando. Por isso, que se diz que a alfabetização é a construtora da gramática e de suas variações.
Devemos ter consciência de que a alfabetização não é algo inato na criança, mas um produto da cultura. E como tal, precisa ser aprendido de forma sistemática, ou seja, com método.

Repetir as letras do alfabeto, mesmo que na ordem correta, não garante que o sujeito esteja alfabetizado. Para ser alfabetizado é preciso que adquira as capacidades de interpretar, compreender, criticar e resignificar o que foi lido. São essas capacidades que levam os sujeitos à construírem seus conhecimentos por meio de trocas simbólicas com outros sujeitos. A isso chamamos de “ler”.

Adquirir a leitura é uma etapa importante da alfabetização. No início, a leitura é titubeante, imprecisa, soletrada. Isto é natural pois a criança está aprendendo a ler. E é aqui, que muitos problemas de aprendizagem começam. 


Uma das causas é a ansiedade dos pais e professores porque querem ver os resultados cedo demais. Os primeiros, para mostrar aos amigos e parentes como o(a) filho(a) é inteligente e aprende rápido. Os segundos, por conta dos prazos de provas, de Conselhos de Classe, de reuniões de pais, das provas governamentais etc.


Diante dessa ansiedade, pais e professores esquecem que a criança, naquele momento, está vivenciando vários processos ao mesmo tempo: aprender as letras, ler e escrever. Esquecem que o desempenho dela não depende apenas de sua boa vontade, porém, de estados maturativos de certas áreas cerebrais, da boa visão e da boa audição, das condições educacionais recebidas na família e das oportunidades e dos estímulos que lhe foram oferecidos. É preciso dar tempo ao tempo e saber esperar.



Não adianta ficar de olho comprido nos resultados dos filhos dos vizinhos, dos amigos ou de parentes. Cada ser humano é único, tem seu tempo próprio, tem seu ritmo e velocidade para fazer as coisas. O cérebro não é uma máquina que se aperta um botão e ela começa a funcionar.


Saibam que:
-         Pais que superprotegem os filhos, que fazem tudo por eles, para eles e no lugar deles, que cercam as crianças de mimos, fazem com que as elas demorem mais para aprender a ler. Isto porque a criança se acostuma com as facilidades e resiste a tudo que julga ser um esforço, incluindo o trabalho mental. Tudo é difícil e complicado para elas fazerem.
-         Famílias que não possuem regras e horários para as coisas ou tem, mas não são muito claros, também fazem com que as crianças demorem mais para “juntar as letras” durante a leitura, porque custam a aceitar as regras impostas pela própria leitura.
A segunda grande causa são as “cobranças”. Algumas crianças demoram um pouco a perceber que já sabem e podem ler. Começam, então as comparações com o irmão, o primo, o filho do vizinho etc, geralmente seguidas por alguns rótulos: preguiçoso, relaxado, desatento, entre outros mais pejorativos. Comparações são cobranças, sim.

É preciso que se entenda que a criança está passando por uma fase emocional delicada. Tudo é novo para ela. E ao ouvir a mãe, o pai ou a professora compará-la com outra pessoa e ouvindo as qualidades que lhes são atribuídas, ela se ressente, se fecha, cria bloqueios. Sua auto-estima fica baixa, entristece, perde a auto-confiança e pode decidir que jamais aprenderá.

Saibam que a energia emocional gasta para aprender é a mesma utilizada para o “não-aprender”. Saibam também, que a linha que separa o desejo de aprender e o desejo de não-aprender é tênue, fina, frágil. Saibam também que, quando a criança decide não-aprender, o retorno é muito mais complicado, mais difícil e mais desgastante.



Voltaremos ao assunto nas próximas postagens.

Um comentário:

  1. Ter consciência das cobranças que são feitas realmente detectamos inúmeros problemas nas crianças que não aprendem ou seja ainda não chegou seu tempo de assimilação com as novas ideias.

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