segunda-feira, 15 de agosto de 2016

COMO AJUDAR NA DISGRAFIA (parte 3)

TRABALHANDO A PREENSÃO

Os movimentos de preensão são aqueles em que os dedos se tocam nas pontas e assumem uma posição de pinça. Todos os dedos o fazem, mas para a escrita importa a pinça feita pelo indicador e o polegar.

A pega do lápis correta é essencial para a escrita, por dar mais firmeza e mobilidade. O lápis deve ser segurado pelo indicador e o polegar e apoiado no dedo médio.


TRABALHANDO A MUSCULATURA DO POLEGAR E INDICADOR

Os exercícios para melhorar a preensão são bem variados. Podem ser feitos em brincadeiras com os dedos indicados até exercícios com mais dificuldades. O importante é que eles fortalecem os nervos e músculos dos dedos na execução das tarefas em que a preensão seja necessária, como por exemplo, na escrita.

Uma brincadeira gostosa é usar esses dois dedos para imitar o bico de pássaros e podem ser usados com músicas infantis. É um exercício simples, fácil e barato e que pode ser realizado em qualquer lugar.

Brincar de sombra, fazendo bichinhos como estes, mostrado abaixo. Ensine para suas crianças como fazer e ficarão horas nesta brincadeira saudável e exercitando sem perceber. Na Internet tem outros exemplos do que e como fazer.

Seja qual for o exercício escolhido procure variar na forma, no desenho, nos objetos, mas nunca o objetivo. A variação garante a novidade e a criança faz o exercício sem perceber.

SUGESTÕES DE EXERCÍCIOS

1-Arranje de 25 a 30 pregadores de roupa e que tenha boa pressão. No mercado existe vários tipos de pregadores e são baratinhos, mas dê preferência aos que tiverem maior pressão. Aperte-o com os dedos indicados e solte-o num papelão, borda de um pote, cesta ou outro lugar que desejar. Você pode associar este exercícios com outros de identificação de letras e números.



VARIAÇÔES:

a)           Você também pode usar as “calcinhas de cabelo” ou vários elásticos de uma só vez. Colocar o indicador e o polegar dentro da calcinha ou do elástico e com os movimentos de abrir e fechar os dedos em pinça. Repita de 5 a 10 vezes, aumentando aos poucos, conforme a dificuldade da criança.



b)           Colocar moedas num cofrinho é outro exercício que as crianças gostam muito. E é fácil.


c)          Colocar palitos de dente em paliteiro fechado e pelos furinhos é outro que as crianças gostam muito. Se for em tom de desafio fica mais divertido ainda.

d)      Enfiar palitos de dentes em uma esponja de louça ou em isopor é outra brincadeira legal e que eles gostam de realizar. A esponja ou o isopor podem ser substituídos por batata, cenoura, chuchu, etc, e podem ser confeccionados vários bichinhos.



e)           Trabalhos de perfuração com palitos (de dente ou de churrasco) também são ótimos.

f)              Rasgar papel aleatoriamente também é bom, desde que a criança os segure com os dedos indicados

g)       Uma brincadeira muito legal é a de imitar a lavagem de roupa de bonecas e pendurá-las no varal. Serve tanto para meninas como para meninos e, se quiser, pode mudar o foco para pendurar no varal cartões com objetos do carro, do navio, da casa etc.



COM TRABALHOS ARTÍSTICOS:

A colagem com objetos grãos é sempre um bom exercício por proporcionarem uma graduação das dificuldades. Estes exercícios ajudam a criança a pegar objetos com o polegar e o indicador em pinça. Crianças que usam outros dedos na pega dos objetos e do lápis precisam ser observadas e corrigidas.

a)           Pode-se fazer trabalhos de bricolagem, utilizando outros objetos em graduação de dificuldades como pedrinhas, tampas de refrigerante, palitos redondos ou chatos de madeira, garfos e colheres para doces (plásticos ou de acrílico), cotonetes, etc. Existe uma variedade enorme de coisas que podem ser usadas nesta atividade. Comece sempre pelas maiores e diminua aos poucos em atividades posteriores.

b)           Pode-se também usar grãos, começando sempre pelos maiores e diminuindo aos poucos em atividades posteriores. Pode-se usar: grão de bico seco, feijão, ervilhas ou lentilha secas, milho seco, arroz, e outras sementes menores que possa encontrar ou bolinhas feitas de papel.



c)          Colagem com macarrão é outra opção. Podem ser usados macarrões chatos, tubulares, ou outros como os de lacinho ou de conchinhas. Este tipo de colagem é mais apropriado para bordas de desenhos ou outros trabalhos.

d)     Papéis também podem ser usados, pois também permitem graduação de dificuldades, mas depois das opções anteriores terem sido trabalhadas. Comece com os mais grossos (papelão) e aos poucos vá diminuindo a espessura.

e)           Variações em papel com colagem de pequenas peças e de diferentes texturas, rolinhos ou bolinhas de papel (sobras de material reaproveitado) também podem ser realizadas.


Continuamos na próxima postagem e com novos exercícios. 

terça-feira, 9 de agosto de 2016

COMO AJUDAR NA DISGRAFIA (parte 2)

Falei a vocês sobre uns exercícios sensoriais que ajudam a melhorar a letra, não é mesmo? Agora vamos falar sobre alguns deles.

Quando a criança é pequena, ela brinca, pega e manipula objetos e desenha muito.  Ao fazer tudo isto, também entra em contato com muitas texturas. 

No entanto, depois que cresce um pouco, deixa de fazer ou faz muito menos todas estas coisas. Embora tudo o que fazia antes esteja guardado na memória sensorial, elas não estão nos músculos, nem nos nervos, porque sem o uso, os músculos vão perdendo a habilidade e a agilidade conquistada. Por isto, muitas vezes a tarefa de escrever se torna muito dolorosa e cansativa porque forçamos os músculos.

Para que voltem a ser como eram antes, precisamos exercitá-los. Existem vários exercícios especializados que são feitos por terapeutas. Outros são fáceis e podem ser praticados por qualquer pessoa, usando o que as pessoas tem em sua casa. 

AQUECIMENTO DA MUSCULATURA DA MÃO



Para um aquecimento rápido podemos: bater palmas e esfregar as mãos uma na outra, como se as estivéssemos lavando.

Ao batermos palmas pode-se ainda cantar uma música que peça ou exija esse movimento. Ou então, uma música qualquer, cujo ritmo será marcado com palmas. podemos ainda brincar de bater mais forte, mais fraco, bater sem som, etc.

EXERCÍCIO PARA A MÃO TODA


Usamos duas bolas pequenas, lisas ou não, para o fortalecimento dos músculos das mãos e dos dedos. 

Primeiro a mão direita com a palma voltada para cima, seguramos a bola e a apertamos 5 vezes. Repetimos com a esquerda e apertamos outras 5 vezes. Por fim, as duas ao mesmo tempo e a mesma contagem.

Cada vez que este exercício for praticado, deverá ser aumentado em 2 apertos até chegarmos nas 16 vezes e, a última vez, o aumento é de 20 apertos.

Tudo o que é muito repetitivo cansa. Mas, se usarmos um pouco a nossa imaginação e criatividade, podemos repeti-los com "cara nova". Podemos usar dados de borracha, bolas feitas com folhas de jornal, bolas mais moles ou mais duras etc.

EXERCITANDO O PULSO

Os exercícios de aquecimento já trabalham o pulso junto. Mas, outros são mais específicos.


Primeiro, com a mão direita, rolamos a bola sobre uma mesa em várias direções  sem levantar muito o braço (umas 5 vezes em cada direção). Repetimos o mesmo exercício com a mão esquerda, outras 5 vezes. Por fim, usamos as duas bolas e as duas mãos ao mesmo tempo. Também podemos ir aumentando o total de vezes até 20.

VARIAÇÕES:
  
a) rolar o lápis sobre a mesa para a frente e para trás. O lápis poderá ser grosso ou fino ou usados juntos.

b) girar um cubo mágico em direções opostas com os cotovelos bem junto ao corpo.

c)rasgar folhas de jornal ou revista aleatoriamente, usando os pedaços para um trabalho artístico.

d) fazer modelagem com massinha, estando os cotovelos bem junto ao corpo.

e) enrolar uma tira de papel (bem comprida) em tubos de papel higiênico ou de papel toalha.

f) enrolar um pedaço comprido de barbante na outra mão.

Se você for trabalhar com a classe toda, escolha um aquecimento e um exercício de pulso. E as crianças estarão prontas para escrever.

Continuamos na próxima postagem

segunda-feira, 1 de agosto de 2016

DISGRAFIA: COMO AJUDAR? parte 1

Uma grande maioria dos professores, quando se deparam com uma criança de “letra feia” ou inelegível, insistem em pedir que as crianças preencham vários cadernos de caligrafia. Este tipo de caderno é bom, mas não para todo mundo.



Se a criança tiver um problema motor, o caderno de caligrafia não resolve. Este tipo de problema de escrita precisa de exercícios especiais. Tudo em contrário pode agravar o problema. O melhor a fazer é encaminhar a um psicopedagogo ou a um terapeuta ocupacional (TO).

Se a criança tiver um problema perceptivo (e isto se percebe por uma quantidade de inversões de letras e números, o caderno de caligrafia também não resolve o problema. É preciso que se corrija primeiro o aspecto perceptivo, para depois indicar esse caderno.
Para quem ele serve? Para crianças e adolescentes sem problemas motores e perceptivos. Mas primeiro é preciso saber como traçam as letras. Para isso, aproxime-se da pessoa em questão e observe. Se houver inversões de traçado, ou seja, se começa do lado oposto do que é normal. Há crianças que começam o “A” deste tipo, da direita para a esquerda e de baixo para cima, quando o correto é traçar duas linhas inclinadas e opostas de cima para baixo e uma terceira na horizontal da esquerda para a direita. O mesmo acontece com outras letras e números.

Seja para quem for, antes que o erro se fixe na memória (cristalização) é preciso corrigi-los. Mas o quê e como fazer?

Com exercícios psicomotores muito simples. Um dos motivos da letra feia é como os aprendizes pegam no lápis. Alguns apresentam movimentos estranhos ao normal porque seguram o lápis de forma incorreta.

 Cada criança adota uma posição que lhe seja confortável, mesmo que sejam erradas.  Todas as posições  diferentes a esta foto abaixo precisam de correção. Para mostrar o limite dos dedos num lápis, enrole um barbante, cole uma fita crepe ou de durex colorido. Em casos de problemas motores existem adaptadores interessantes, com modelos e cores diferenciadas.

modo correto de segurar o lápis para escrever.

Acostume seus filhos ou seus alunos a manterem uma distância entre a vista e a ponta do lápis, mantendo as costas eretas, como na figura abaixo.



Mantenha as costas retas e a cabeça a uma altura que você consiga ver a ponta do lápis ou da caneta. Esta postura promove menos cansaço do que se ele estivesse todo torto. Promove também uma boa visão do trabalho que está sendo realizado.

quarta-feira, 20 de julho de 2016

SOBRE DISGRAFIA

DISGRAFIA é a letra “feia”, irregular e ilegível. As letras saem ora grandes, ora pequenas na mesma palavra, com agrupamentos de letras sem que se possa distinguir quais são e misturam maiúsculas e minúsculas numa mesma palavra.



O traço pode ser tão forte que deixam marcas na folha ou tão fraco, que parece que não há nada escrito. Geralmente, não respeitam as margens ou não usam a linha como orientador. Param bem antes do final da linha ou amontoam várias letras no final dela. Alguns disgráficos deixam um espaço muito grande entre as palavras ou emendam uma na outra como se fossem uma só palavra. Podem escrever palavras faltando sílabas, pará-las no meio ou acrescentar sílabas desnecessárias. Por isso, muitos autores insistem em dizer que a disgrafia decorre de um comprometimento intelectual denominado “disortografia”. Mas, sabe-se também que a disgrafia pode aparecer em aprendizes que não possuem esse comprometimento.

Muitas retocam as letras com várias passadas do lápis, as letras mais alongadas como o b, d, f, g, h, k, l e t tem suas hastes encurtadas, malfeitas dando a impressão de que estão atrofiadas; invertem a ordem do traçado dessas letras e números com movimentos contrários ao natura da escrita.

Os disgráficos são crianças que escrevem de forma lenta. E essa lentidão é devido ao tempo que gasta tentando lembrar como é a forma ou o traçado das letras que pretende usar. E, nessa tentativa de lembranças, acaba tornando-a numa escrita ilegível, porque usa uma forma inadequada de escrita. O que pode levar a confundir com “dislexia”.

Estas características não são isoladas, mas aparecem num conjunto. Pode acontecer que um ou outro item não entre nesse conjunto. Por isso, podemos dizer que variam de um disgráfico para outro.

TIPOS DE DISGRAFIA

As causas da disgrafia podem ser: motora ou de percepção.



A DISGRAFIA MOTORA (também chamada de “discaligrafia”) ocorre quando a criança fala e lê bem, mas encontra dificuldade na coordenação motora fina para escrever as letras, números, palavras ou frases. Em outras palavras, o disgráfico vêm a figura gráfica e a reconhecem, mas não conseguem realizar os movimentos da escrita de forma adequada. Neste caso, isto acontece por um problema neuromuscular.



Na DISGRAFIA PERCEPTIVA, a pessoa não consegue relacionar o que ouvem (som das letras, sílabas, palavras, frases) com a grafia que os representa. As disgrafias perceptivas são, na maioria dos casos, confundidos com “disléxia”. E, neste caso, elas acontecem por um distúrbio perceptivo.

Muitos professores ao verificar que um aprendiz tem letra feia, logo pede para fazer caligrafia. O caderno de caligrafia não resolverá o problema neuromotor, nem o problema de percepção. 

A primeira providência de pais e professores é encaminhar o aprendiz para um psicopedagogo. O tratamento requer uma estimulação linguística global, atendimento individualizado e complementar ao trabalho escolar. Também faz parte desse trabalho, a conscientização do problema que o aprendiz possui.

Pais e professores não devem criticar ou repreender o aprendiz por causa de sua letra, mas reforçar, de forma positiva, cada conquista que realizada. As avaliações devem priorizar a expressão oral, evitando assim a forma escrita. Ao corrigir tarefas, livros, cadernos, trabalhos e provas, o professor deverá evitar marcar os erros com canetas vermelhas. 

quinta-feira, 7 de julho de 2016

DISCALCULIA OU ACALCULIA: como ajudar?


Em primeiro lugar, é preciso entender que o aluno que não vai mal em matemática não é porque ele quer ou porque gosta tirar notas baixas. Os discalcúlicos e acalcúlicos agem dessa forma por uma condição inata ou adquirida.

Uma condição é inata quando há uma lesão cerebral ou uma disfunção de alguma área cerebral. Ou seja, as crianças já nascem com essa dificuldade. Nas condições adquiridas, as causas são mais variadas e podem ser por um ensino superficial e com poucas repetições; porque as dificuldades das crianças não foram percebidas em tempo e se cristalizaram; problemas de atenção ou de ansiedade entre outras.

Na recuperação das dificuldades matemáticas em crianças ou jovens a família, o psicopedagogo e os professores possuem um papel fundamental.

A família pode identificar as dificuldades do filho precocemente, ou seja, antes do início da escolarização. E para isso, deve estar sempre atento á forma como a criança conta ou lida com as questões matemáticas na vida prática. Pode ajudar a a criança a lidar com os fracassos, a aceitar os resultados negativos obtidos na disciplina, não deixar que que esses resultados interfiram na sua adaptação na vida e procurando um psicopedagogo para ajuda-las a lidar com essas tarefas. E pode fazer isso através de brincadeiras de contar, de juntar e tirar, trabalhando com formas, posições e detalhes. Segundo Piaget, brincar é uma forma de se adaptar, compreender, assimilar e se adaptar no mundo. Brincar é uma atividade lúdica e séria.

O professor também deve estar preparado para trabalhar com as crianças e jovens discalcúlicos e acalcúlicos proporcionando a esses aprendizes o envolvimento, a participação, o prazer, a ação reflexiva, ação mental reflexiva, a imaginação, a fantasia, a representação, a magia e a criatividade por meio das atividades lúdicas, pois são elas que se transformam em experiências significativas e permitem vivenciar situações em etapas que, possivelmente no cotidiano, passariam despercebidas.

As ações pedagógicas visam a construção do conhecimento. E, por causa disso, as crianças precisam compreender e enfrentar várias situações abstratas, seja em forma de resolução de problemas, nas operações fundamentais, no uso de fórmulas de área e perímetro, nos sistemas de medida, peso e capacidade, e mais adiante, no ensino dos conjuntos e suas representações, frações e estudos de álgebra. E são essas situações abstratas que dificultam a compreensão das crianças e jovens que apresentam dificuldade de aprendizagem em matemática. Mas, se essas mesmas situações forem transformadas em jogos ou brincadeiras as crianças podem vivenciá-las de forma significativa por meio da simulação, e vivenciar passo a passo os conteúdos, gradativamente serão compreendidas devido a repetição das brincadeiras ou dos jogos.

A Associação Brasileira de Discalculia (ABD) afirma que os professores também podem se valer de outras estratégias, como por exemplo:

a) permitindo a utilização de calculadora, tabuada e o caderno quadriculado para resolver as tarefas;
b) elaborando provas com questões claras e diretas;
c) sugerindo que os alunos visualizem os problemas por meio de desenhos;
d) prestando atenção em como ele desenvolve suas atividades;
e) tendo sempre em mente que os alunos com discalculia ou acalculia aprendam de uma forma diferente das outras crianças e que nada é óbvio para eles.
f) usar materiais concretos.
g) permitir o uso de tabuadas ou da calculadora.


Os professores também podem explorar a percepção de figuras e formas a partir das figuras geométricas e suas representações, iniciando pelas mais simples e incentivar a observação dos detalhes, semelhanças e diferenças para que os aprendizes tenham uma experiência graduada, Podem ainda explorar as representações espaciais e a localização dos objetos, tais como: em cima, embaixo, no meio, entre, primeiro e último. Essa experimentação também pode ser realizada ao formar a fila na hora da entrada.

Já os conceitos de ordem e de sequência dos numerais podem ser trabalhados a partir dos dias da semana, dos meses, das estações do ano, dos números ordinais (primeiro, segundo, etc).

A representação mental é favorecida por meio de atividades simples e usando as mãos dos aprendizes para indicar as quantidades com os dedos ou o tamanho e o comprimento dos objetos. Jogos de quebra-cabeça são bem-vindos. A criança preenche espaços com figuras de determinado tamanho, escolhido entre outras da mesma forma e de tamanhos diferentes.

Com relação ao conceito de número, o professor pode trabalhar com as correspondências biunívocas (pareamento), seja construindo fileiras de objetos idênticos. Pode-se ainda associar os símbolos matemáticos e compreensão auditiva relativas a quantidades por meio da dança ou de atividades rítmadas.

Nas operações aritméticas, é preciso inicialmente que os aprendizes entendam os conceitos de cada operação, como por exemplo: a adição indica um acréscimo; a subtração indica uma diminuição; a multiplicação é a repetição de parcelas iguais e a divisão é repartir em partes iguais.

A educação motora também pode ser explorada. Brincadeiras de : localizar, planejar, reconhecer, observar, acompanhar, corresponder, movimentar, coordenar e cumprir regras, assim como a prática da capoeira.

Paralelo a tudo isto, podemos ainda contar com os jogos pedagógicos. Eles trabalham a atenção, a concentração, a ação mental, o desafio, a rapidez e o planejamento.

Como já dissemos no início deste texto, a ludicidade é indispensável ao aprendizado principalmente para quem tem dificuldade na matemática. Por meio de atividades lúdicas os aprendizes exploram o mundo e os ambientes, mostram onde estão suas dificuldades e, ao mesmo tempo, desenvolvem a memória, a imitação, a imaginação e a socialização que são aspectos importantíssimos para as aprendizagens.

Os jogos e as brincadeiras são mecanismos psicológicos e pedagógicos e contribuem tanto para o desenvolvimento mental quanto para a aprendizagem da linguagem. Ao brincar ou jogar damos a oportunidade para que os aprendizes dicalcúlicos e acalcúlícos lidem com seus medos, inseguranças, ansiedade e as frustrações que enfrentam com a matemática. Ao mesmo tempo, redimensionam a sua relação com as aprendizagens, restabelecem o desejo de aprender e adquirem a confiança em si mesmos e na sua capacidade de aprender. Por isso, o prazer contido nas atividades lúdicas é tão fundamental.

Ao psicopedagogo cabe o trabalho de ajudar o aprendiz a ter uma imagem melhor de si mesmo, propondo atividades que valorizem suas qualidades, suas capacidades para que possam se adaptar á escola. Não se deve fixar apenas as dificuldades que apresenta. É preciso ir além. Por isso é preciso que o profissional conheça as potencialidades dos alunos.

O terapeuta terá sucesso nas intervenções se trabalhar a habilidade léxica (as noções de números elementares de 0 a 9); as habilidades sintáxicas (a produção de novos números elementares); e quando noções de quantidade, ordem, tamanho, espaço, distância, hierarquia, cálculos com as quatro operações e raciocínio matemático forem trabalhados como experiências não verbais significativas.

O terapeuta também trabalha as percepções viso-espaciais de figuras e formas, observar detalhes, semelhanças, diferenças e relacionar as experiências significativas do cotidiano, com fotos, imagens, tipo, tamanho, largura, espessura e somente depois passam para números, letras e figuras geométricas.

Assim, chegamos ao final deste estudo, que foi muito importante para mim. Espero que também tenha sido para vocês.

quarta-feira, 15 de junho de 2016

VOCÊ SABE O QUE SÃO "ACALCULIAS"?

O termo “acalculia” é um termo de origem grega “a + contare” que significa “não contar” que também se estende para o “não calcular”. Esse termo aparece como um transtorno específico das habilidades aritméticas ou matemáticas e formam um grupo dentro das chamadas “discalculias”. Isto porque as dificuldades mais evidentes são as questões matemáticas, no entanto também atinge a linguagem.
Os portadores de acalculias são pessoas que apresentam algum tipo de lesão cerebral durante a gestação, no momento do parto ou por conta de um traumatismo e provocam alterações no cérebro e no comportamento humano, causando uma disfunção do Sistema Nervos Central (SNC) e a perda de habilidades e conhecimentos matemáticos. Em comparação com a “discalculia”, estas não apresentam lesões na região cerebral.
As acalculias podem ser de três tipos:
Acalculia primária – quando a dificuldade matemática não está associada a problemas de linguagem ou viso-espacial. Ou seja, o estudante lê mas não consegue formar uma imagem mental do que foi lido. Essa imagem mental (capacidade de imaginar mentalmente um objeto ou lugar) facilita o entendimento.

Acalculia afásica ou secundária – quando existe a dificuldade matemática em conjunto com outro distúrbio mais amplo, como por exemplo, uma afasia (perda da capacidade de compreensão da contagem e dos cálculos fundamentais). As afasias são motivadas por uma lesão cerebral.

Acalculia espacial – quando a dificuldade matemática decorre de um distúrbio visuoespacial. Neste caso, os sujeitos cometem erros por falta de exatidão do lado esquerdo do campo visual na leitura ou escrita dos números.
As acalculias fazem parte dos transtornos de aprendizagem que perturbam o sucesso dos portadores na escola, mesmo que tenham uma inteligência dentro da normalidade. Manifestam-se com dificuldades motoras ou psicomotoras, de atenção, memorização, compreensão, desinteresse, escassa participação e problemas de comportamento.
Os principais sintomas são:
- Dificuldade de identificar visualmente ou auditivamente os números.
- Fraca capacidade para contar.
- Fraca compreensão ou se confundem os sinais matemáticos ( +, -, X e :).
- Troca a ordem dos números quando na cópia ou escrita deles, (escreve 287 em vez de 782).
- Dificuldade em realizar adições, subtrações, multiplicações e divisões por não entenderem o significado dessas operações e por não memorizar seus passos.
- Dificuldade em compreender e aprender as tabuadas.

- Dificuldade em aprender a dizer as horas; dizer os meses e as estações do ano na ordem correta.
- Dificuldade em compreender o valor das moedas e cédulas.
- Dificuldade mental de estimar a medida de um objeto ou de uma distância.
- Problemas de diferenciar a direita e esquerda e do sentido de orientação (norte, sul, leste, e oeste, para cima e para baixo no plano (principalmente no plano).
- Dificuldade com a organização do tempo (hora, minuto, segundo, ontem e amanhã, dias, semanas, meses e anos, noção de quinzena, década, séculos e milênio) bem como, a leitura das horas no relógio analógico.

- Dificuldade de usar instrumentos matemáticos (compasso, régua, esquadros, transferidor, calculadora etc).
- Incapacidade de diferenciar números pares e ímpares, número maior e menor, mais largo ou mais estreito entre outras noções.
_ Incapacidade em compreender planeamento financeiro ou orçamentos, muitas vezes, a um nível básico como estimar o custo de um cesto de compras.
- Dificuldade de manter a contagem de pontos durante um jogo.
- Dificuldade em resolver problemas orais e escritos.
- Dificuldade na compreensão de conjuntos, quantidades, conceitos de medida (metro, litro grama e seus múltiplos e submúltiplos)
- Não apresentam cálculos mentais.
Nas aprendizagens mais avançadas (como na 2ª fase do E. Fundamental) as dificuldades são:
- Incapacidade de aprender e recordar conceitos matemáticos, regras, fórmulas, e sequências matemáticas;
São melhores nos assuntos que requerem a lógica do que nas fórmulas de nível elevado e que requerem cálculos mais elaborados.
- Em casos extremos, pode haver uma fobia relacionada com a disciplina matemática ou a instrumentos matemáticos.
 Como as acalculias envolvem a linguagem, as principais dificuldades são:

- Dificuldade em nomear (oralmente ou por escrito) objetos ou figuras
- Confusão no uso escrito e na leitura das letras que possuem formato ou sons parecidos (p/q; m/n; d/t; c/s/ss; r inicial e final/rr) etc.
- Falta de entendimento das regras gramaticais.
- Falta de entendimento das regras ortográficas.
- Dificuldade de leitura (lenta e silabada).
- Falta de criatividade na produção de texto. Uso de palavras simples e costumeiras e repetição de ideias.

TRATAMENTO

Crianças e jovens com acalculias precisam de um longo período de reabilitação pedagógica e psicológica, de modo que possa reaprender ou contornar as suas dificuldades com exercícios Matemáticos e leitura de números em frases, treino da leitura das horas, das medidas, uso do dinheiro. 

Estas pessoas devem fazer uso dos instrumentos de auxílio como o ábaco e a calculadora e treino dos instrumentos específicos usados na disciplina de Matemática.

sexta-feira, 3 de junho de 2016

DISCALCULIA

Normalmente, chamamos qualquer dificuldade matemática de DISCALCULIA. Mas não é bem assim, diz a literatura especializada. Quando as dificuldades atingem somente as questões matemáticas, aí sim, podemos nos referir a elas como “discalculia”.
A DISCALCULIA não é falta de atenção ou de concentração. É um problema neuropsicológico, um distúrbio do desenvolvimento, que faz com que alguns conhecimentos não sejam observados e memorizados, impedindo que o portador faça as contagens e a realização das operações fundamentais (adição, subtração, multiplicação e divisão) e dos cálculos mais avançados como álgebra, trigonometria e geometria, de forma adequada, coerente e numa determinada ordem ou sequência.
A discalculia pode ou não vir associada a uma determinadas comorbidades, como por exemplo: a dislexia, o TDAH, epilepsia, afasias, Sindrome de Turner e crianças com diagnóstico de limítrofes.

As causas da discalculia são inúmeras e variadas. E podem ser:

a) causas físicas: lesões cerebrais; alterações neurológicas; aparecimento tardio da linguagem; deficiência nas habilidades verbais; alterações psicomotoras, falhas de estratégias; imaturidade do lobo frontal, afasias, dificuldades viso-espaciais ou, entre outras.

b) causas genéticas: alterações no desenvolvimento intelectual, principalmente, no raciocínio lógico-abstrato; atraso de maturação da atenção, memória imaginação, psicomotricidade, lateralidade, ritmo, automatização problemática da memória para realizar as combinações numéricas.


c) causas ambientais: falta de consciência dos passos a seguir; dificuldades no pensamento abstrato; falta de motivação; dificuldades socio-ambientais; escassez de conhecimentos prévios; falta de automatização dos procedimentos simples do cálculo; utilização de uma linguagem inadequada para as crianças.

d) perturbações emocionais: estados hiperemotivos, absentismo escolar (recusa em fazer uma atividade). As crenças a respeito da Matemática é um domínio subjetivo, mas que podem prejudicar ou impedir a criança de aprender essa disciplina. Nas crenças há fatores conscientes e inconscientes que atuam nos sujeitos. Porém, os fatores inconscientes são os que mais afetam os pequenos e são, também, os mais complexos e marcantes na vida deles.


Mas há as crenças dos próprios sujeito formando uma crença a seu próprio respeito como estudante. O mesmo também ocorre sobre a forma como o estudante vê o professor, e de como os familiares enxergam a Matemática.

Esses fatores perturbam o modo como os discalcúlicos vêm os objetos se agrupam, sobre acontece o ensino dessa disciplina, sobre o ambiente escolar ou sobre a visão de si mesmo em relação aos números, contas, problemas e as tabuadas. As crenças também estão relacionadas à metacognição e autoconsciência.

e) transtorno de conduta; lentidão nas respostas, timidez excessiva, fala monossilábica, pouca criatividade, enxerga um exercício já aprendido como se fosse a primeira vez. Tudo que se trata de números é para os discalcúlicos um grande bicho de sete cabeças.

A discalculia apresenta vários tipos:

Discalculia léxica: que apresenta dificuldades no reconhecimento e na leitura de símbolos matemáticos. São crianças que saltam números, que contam de forma desordenada, se contam na sequência nunca contam certo para mais ou para menos. São causadas por lesões do lobo temporal-occipital-parietal, que causa a perda do conceito do número.

Discalculia verbal: que apresenta dificuldade em nomear corretamente quantidades, números, termos e símbolos matemáticos. Geralmente, são causadas por afasias dos tipos:
a) sensorial: que causa alterações acústico-gnósicas por lesões do temporal esquerdo
b) motora: que causa alteração da linguagem interna por lesões do frontal esquerdo. E por isso, não conseguem compreender os números como símbolos de representação das quantidades.
Discalculia gráfica: dificuldade na escrita dos números e dos símbolos matemáticos (+, _ , X, :, > e <, = e ≠ e tabuadas) e não entendem seu significado e quando e onde usá-los.
Discalculia operacional: dificuldade na montagem das operações e nos cálculos numéricos por lesões da área frontal esquerda e que interferem na planificação da resolução de problemas numéricos ou por lesões da área frontal direita, encontrando dificuldade para planejar a resolução de problemas espaciais.
Discalculia practognóstica: a dificuldade está na enumeração, manipulação de objetos reais ou em forma de imagens. Ou seja, não relacionam uma certa quantidade com o número que a representa. Isto geralmente acontece por lesões do lobo temporal parietal, o que causa alterações dos gestos motores.
Discalculia ideognóstica: são dificuldades nas operações mentais e no entendimento dos conceitos matemáticos. Ou seja, não apresentam cálculos mentais.
     Discalculia adquirida: são crianças que, mesmo sem lesões, mostram dificuldades matemáticas por outros fatores, como a falta de estímulo familiar e de oportunidade de praticar (pais super-protetores ou simbóticos) ou por fator emocional (medo da disciplina por ouvir dizer que é difícil e complicado).

O DIAGNÓSTICO
O diagnóstico é fácil. Na primeira infância, normalmente, as crianças erram ao mostrarem dois ou três dedinhos correspondente á sua idade. Após essa idade, se errar é bom procurar um psicopedagogo. Outro modo de se perceber, é quando a criança, em idade escolar, começa a trabalhar com números e contas. Os professores são os primeiros a perceberem quando há algo de errado e, quando isto acontecer, devem encaminhar a um psicopedagogo.
PRINCIPAIS SINTOMAS NO COMPORTAMENTO

Além das dificuldades matemáticas, outros sintomas se observam no comportamento da criança. Os disléxicos têm uma aparência normal, brinca e age como uma criança qualquer. Já depois que entram em contato com a matemática podem mudar o comportamento.
1-    São muito caladas e tendem ao isolamento
2-    Falam por monossílabos e o diálogo não fluem.
3- Não procuram o professor para resolver suas dúvidas ou pedir novas explicações.
4-    São extremamente lentas na realização de uma tarefa.
5-  Podem chorar, arregalar os olhos ou empalidecer diante de um exercício, mesmo que seja conhecido, porque ela os vê como se fosse a primeira vez.
6- Baixa autoestima, baixa autoconfiança e muita frustração devido aos constantes fracassos. Insegurança, medo de errar são frequentes.
7- Timidez excessiva  
TRATAMENTO DA DISCALCULIA

Infelizmente, nenhum tratamento medicamentoso ou não se mostrou eficaz por ser causado por lesões na área cerebral. Mas, os terapeutas podem ajudar encontrando maneiras para compensar a desordem, valendo-se de técnicas de aprendizagem apropriadas a cada caso.