sábado, 17 de agosto de 2013

DESENVOLVENDO HABILIDADES

(EM BUSCA DA AUTONOMIA)

Em se tratando de deficientes intelectuais é importante verificar que atividades motoras a criança domina. Isto porque a maioria das famílias adotam uma educação protetora e acabam deixando de desenvolver algumas habilidades importantes. E uma dessas habilidades é o saltar.

Portanto, antes de começar a trabalhar essa habilidade, é preciso conhecer o que a criança sabe fazer e como ela o faz.

Foi pedido para esta criança que pulasse um pequeno degrau existente na saída da sala de atendimento. Na primeira foto observa-se que ela não se prepara para saltar, ou seja, não une os pés. E quando foi dada  a ordem, simplesmente esticou a perna como se fosse para andar. 


Uma outra verificação foi feita. O objetivo era saber se conseguiria saltar para a frente. E para isso foi utilizado a distância de um piso. A criança em questão foi colocada na posição correta e diante do piso marcado. Ao receber a ordem, ela se afastou um pouco a tomar impulso. Foi um pequeno salto, com pequena distância (meio piso)  e ergueu-se a poucos centímetros do chão. O piso marcado fora esquecido também. Ao tocar o chão apresentou um pequeno desequilíbrio, inclinando o tronco para a frente e para o lado direito.



Daí, já se pode concluir que todo um trabalho de base deve ser feito antes que ela aprenda a saltar. Começo esse trabalho em breve e vou apresentando aqui o que for encontrando. Ok?

sábado, 10 de agosto de 2013

PAI, HOJE É O SEU DIA!

Á todos os pais. 

Que o dia seja de muita paz e alegria com a família reunida, com lembrancinhas ou presentes, com muitos beijos e abraços.

Aos que, por motivo de trabalho, estão ausentes ou  distantes recebam os votos de um feliz dia, mas que o regresso seja breve.

Aos doentes, os nossos votos vão recheados do desejo de breve recuperação.

 Aos que estão em outra dimensão, que possam receber a saudade que sentimos.

A todos vocês, o nosso obrigado por existirem ou por terem existido em nossas vidas. Pelo amor dedicado, pelos sacrifícios realizados, pelas broncas e orientações dadas para que fôssemos o que somos hoje: pessoas de bem e do bem.




Um beijo a todos vocês e parabéns pelo seu dia.

Sueli Freitas

domingo, 4 de agosto de 2013

CENA COM FLORES EM RELEVO

OLÁ, PESSOAL!

Faz tempo que não posto atividades, não é? Mas hoje trouxe para vocês uma atividade que meus pimpolhos (com e sem deficiência intelectual) amaram fazer. Com ela você trabalha a coordenação motora fina, a coordenação viso-motora, a preensão, habilidades manuais, recorte, colagem, desenvolve a criatividade. 

Eu aproveitei essa atividade para rever e fixar o conceito de ângulos, as formas geométricas. Você ainda poderá trabalhar a formação de frases ou a produção de um texto.

Vamos ao passo a passo:

1- dobre um retângulo de qualquer papel ao meio, dobre novamente ao meio formando um ângulo reto (90º) e novamente ao meio formando um ângulo agudo (45º).

2- segure pelo vértice e arredonde a parte superior para dar o formato de uma pétala e recorte. Abra e você terá uma flor de 8 pétalas. Dê piques na direção do centro, mas não chegue até ele.

3- com o auxílio de um lápis, enrole cada pétala para dentro ou para fora. Estas, fizermos para dentro.


Repita a operação mais duas ou três vezes, mas em tamanho menor.

MONTAGEM

a) Ofereça uma folha de papel branco ou colorido. Peça que a criança pinte o chão. Cole 1 palito de sorvete e meio para os cabinhos.

b) Ensine a criança a colar as flores. Supondo que sejam três camadas: a maior por baixo, depois a média de forma que as pétalas desta fiquem na abertura da maior e, por último, a pequena da mesma forma.

c) Recorte um círculo pequeno para o miolo e deixe a criança colar.

d) Desenhe algumas folhas para completar a cena. Se quiser dar movimento às folhas é só dobrá-las na metade.


É fácil e bonito. E muito gostoso de fazer. Vejam outros modelos feitos com flores de fotos de revista:
  

segunda-feira, 29 de julho de 2013

DE VOLTA ÁS AULAS

Em breve as aulas recomeçam. E com elas, a correria do dia a dia. Contudo, espero que tenham um tempinho para refletir que, se queremos uma Educação nos padrões da FIFA como pedimos nas manifestações, é preciso que comecemos as mudanças por nós e nos ambientes dos quais participamos. 

Esperar que as mudanças venham a ser realizadas pelos outros é desperdício de tempo e de energia e nunca estarão completas de acordo com nossas necessidades.


sexta-feira, 26 de julho de 2013

A MEMÓRIA HUMANA

DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM

Costumamos comentar que certas pessoas têm ou não têm boa lembrança de fatos e situações. Algumas vezes, os comentários são pejorativos. Algumas crianças, alguns adolescentes e a maioria dos idosos são chamados de burros, “gagás”, loucos ou desmemoriados simplesmente porque as lembranças custam para acontecer ou já não acontecem com a mesma rapidez de épocas anteriores.
Lembrar é uma capacidade humana importante não só para as aprendizagens escolares, mas para a vida. Somos o que somos por que construímos lembranças, ou seja, adquirimos, conservamos informações e as evocamos quando se faz necessário. A essa capacidade dá-se o nome de MEMÓRIA.
Que a memória é uma atividade cerebral todo mundo já sabe. Mas, onde se localiza? Está no cérebro todo ou numa área específica? Como construímos nossa memória? Ela tem um só tipo ou vários? Estas e outras questões tornaram (e ainda tornam) o estudo da memória instigante e desafiador para todo e qualquer pesquisador.
Assim, até a metade do século passado, os estudiosos acreditavam que a memória estava espalhada por todo o cérebro e sua construção dependia apenas da atenção, da linguagem e das percepções. Hoje, sabe-se que a memória está localizada em áreas específicas do cérebro e sua construção se deve a tudo o que o ser humano aprende no contato com as pessoas e com os objetos.
estímulos visceroceptivos
Segundo o pesquisador brasileiro Antônio Branco Lefrèvre (professor titular da Faculdade de Medicina da USP de São Paulo e considerado o “pai da neurologia brasileira”), os seres humanos estão expostos a todos os tipos de estímulos. Ele não se refere apenas aos estímulos internos (VISCEROCEPTIVOS) provenientes do organismo humano em funcionamento, nem tampouco aos estímulos motores e sensoriais (PROPRIOCEPTIVOS), aos estímulos externos do ambiente (EXTERIOCEPTIVOS) ou aos estímulos intelectuais (COGNITIVOS). Mas, principalmente, a toda sorte de estímulos emocionais (PSICOLÓGICOS) como os afetos, interesses, necessidades e desejos das pessoas. Afirma também que todos esses estímulos podem facilitar ou atrapalhar as aprendizagens e a memorização das informações.
estímulos psicológicos
Os estímulos visceroceptivos, proprioceptivos, exterioceptivos e cognitivos fazem parte de uma forma de memória mais realista e objetiva chamada de “memória explícita” por estarem ligados às experiências e vivências no relacionamento com as pessoas, com os objetos e com o mundo. Já os estímulos psicológicos são uma forma de memória mais subjetiva chamada de “memória implícita”, por estarem ligados ao prazer ou desprazer sentido em cada experiência ou vivência.
Assim, aprendemos e lembramos com mais facilidade do que nos causou prazer, o que é do nosso interesse, da nossa necessidade ou desejo e tendemos a esquecer o que nos desagrada, o que nos é imposto ou que não necessitamos. Por outro lado, o que nos causa dor, sofrimento ou repulsa nem sempre é esquecido, pois foram experiências ou vivências que não desejamos repetir.

Apesar de termos várias áreas destinadas a guardar às milhares lembranças pessoais e bilhões (ou mais) de informações do mundo, é preciso esquecer para "desocupar lugar" e caber as mais recentes. E é aí que a atenção e a concentração são importantes.
Em cada experiência colocamos maior ou menor quantidade de atenção e, consequentemente, de concentração. Durante o sono, o cérebro trabalha no arquivamento dessas informações na memória. Portanto, as experiências e atividades em que depositamos pouca atenção são descartadas por serem consideradas pelo cérebro como informações de pouco valor. É por isso que os estudantes reclamam dos famosos “brancos” na hora da prova. Por isso, estudantes, se quiserem tirar boas notas, estudem bastante e com muita atenção e concentração.

terça-feira, 16 de julho de 2013

METADE DE QUANTIDADES

TRABALHANDO COM DEFICIENTES INTELECTUAIS


Trabalhar a noção de metade de uma quantidade é um conceito bastante abstrato para os deficientes intelectuais. Por isso, antes de trabalhar no caderno é preciso que se trabalhe com objetos concretos. Para isso, pode-se usar qualquer material: brinquedos, tampinhas de garrafas, pedrinhas, bolinhas de gude ou os cubinhos do Material Dourado. 

Começa-se por uma quantidade baixa (o 2, por exemplo) e trabalha-se em forma de jogo. Um jogo de separar em duas partes iguais. O material deve ser repartido entre você professora e a criança. Se distribuir errado reforce a necessidade de ser a mesma quantidade. Se acertar, faça um elogio. Quando sentir que ela compreendeu, passe para o 4, 6, 8 e assim por diante. Brinque bastante com ela nesse jogo.

NO CADERNO

Mesmo entendendo o jogo de separar, trabalhar no caderno se torna ainda mais abstrato para eles. Por isso, o jogo deve ser repetido, permitindo que a criança circule ou dê colorido na metade das quantidades. Recomeça-se novamente do 2 e, aos poucos, vai-se retomando as já estudadas concretamente.

 


Trabalha-se bastante desta forma. E, aos poucos, vai-se integrando outras quantidades ao mesmo exercício. Para fixar essa noção pode-se proceder como nos exemplos abaixo:

 

 

Só mais tarde, quando já entender o procedimento e o jogo de separar no caderno, é que podemos partir para um novo avanço: o de completar a quantidade com a outra metade. Mas, este é o assunto para uma nova postagem.

Obs: Não esqueça de que o cérebro dos deficientes intelectuais é lento. Portanto, não espere que depois de três ou quatro repetições destes exercícios a criança saiba de cor. Memorizar é uma atividade que leva tempo para que aconteça.

Espero que estas ideias possam te ajudar. 

segunda-feira, 8 de julho de 2013

POR QUE OS DEFICIENTES INTELECTUAIS QUE ACATAM ORDENS DOS AMIGOS?

RESPONDENDO A UM LEITOR


Verificando os bastidores deste blog, encontrei uma pesquisa bastante interessante: "COMO ENSINAR A UM DEFICIENTE INTELECTUAL QUE ELE NÃO PODE FAZER TUDO O QUE LHE MANDAM"?

Vivenciei esse problema durante quatro dos seis anos que cuidei de uma adolescente com atrofia do cerebelo e dois dos três anos que cuidei de um garoto com paralisia cerebral. Portanto, sei muito bem como é este problema.

As reclamações de que aprontavam eram muitas. Para falar a verdade, quase todos os dias. Muitas vezes, fui buscá-los na diretoria do Colégio onde trabalhava. Além disso, os pais eram chamados e depois da conversa com o Diretor ou Coordenadora, onde ouviam a série de reclamações, corriam desesperados para minha sala querendo saber o que fariam com o filho ou filha.

Na verdade, essas ordens são dadas por colegas. E fazem isso por que querem se divertir às custas dos deficientes intelectuais, ao mesmo tempo que revelam uma atitude preconceituosa e desrespeitosa pelos sentimentos dos colegas mais inocentes. Isso quando não praticam o bullyng. E a razão é simples:

Ao chegarem ao 5º ano, todas as crianças começam a se "enturmar". E passam a formar grupinhos. Primeiro, do mesmo sexo e, um pouco mais tarde, esses grupos passam a ser mistos. Isto porque é uma necessidade do desenvolvimento humano. Com os deficientes intelectuais não é diferente. Eles também necessitam de amigos da mesma idade para conversar, trabalhar junto, obter informações etc.

Porém, os "amigos" não estão muito afim deles: por julgá-los esquisitos ou feios, por vergonha de tê-los por perto, por  medo do que os "paqueras" podem achar ou por preconceito mesmo. Por isso, ou por tudo isso junto, os isolam.

Mas, os deficientes querem (como qualquer outra pessoa) ser aceitos numa roda ou grupo de amigos. Porém, quando nessa roda ou grupo existem alguns "espertinhos", esses propõem uma condição: "Só se você fizer X coisa". E os deficientes aceitam e fazem o que mandam porque não conseguem prever as consequências desse ato.


Antes de se ensinar o deficiente intelectual a não fazer determinadas coisas, é preciso conscientizar o "grupo " ou classe onde esse deficiente está incluído. Falar abertamente a problemática dele para que saibam com quem estão lidando, das dificuldades que ele (deficiente) vai encontrar e, principalmente, como devem lidar com ele. Dizer isso, não é segregar, mas ajudar a compreender. E sempre fazendo com que se coloquem no lugar do deficiente.

O projeto de inclusão é lindo. Mas, infelizmente nossas escolas ainda não estão adaptadas para isso. Acreditam que basta colocar o deficiente numa classe, que a inclusão está feita. Esse é apenas o primeiro passo. O segundo, o de inseri-lo nesse grupo, é bem mais difícil e trabalhoso. 

Inserir é fazer o deficiente intelectual se sentir parte da classe ou do grupo como outro aluno qualquer, e fazer com que a turma sinta que ele é membro desse grupo ou classe. Inserir é respeitar a sua condição com programação, conteúdos, exercícios e materiais que sejam capazes de fazê-los evoluir,  apesar de suas dificuldades. 

Inserir é compreender e fazer com que os colegas de turma compreendam que o cérebro dos deficientes intelectuais é mais lento e, portanto, requer mais repetições, trabalhos diferenciados e concretos, provas específicas que avaliem suas conquistas dentro do que foi proposto e não do que foi trabalhado com a turma. E esta é uma atividade que engloba a todos: direção, coordenação, professores, auxiliares escolares (inspetores, faxineiros, porteiros etc) e dos alunos da escola como um todo. Isto servirá como exemplo de respeito aos demais alunos.


Muitos pais pedem aos filhos que se afastem dos deficientes intelectuais por medo que contraiam a "doença". Isto é desconhecimento. Deficiência intelectual não "pega" porque não é transmitida por contato, nem por um vírus que se espalha pelo ar. E cabe à Escola promover palestras, conversas e reuniões sobre o assunto  para pais, professores e alunos para que esta atitude (preconceituosa ou não) melhore e beneficie a comunidade em seu entorno. 

Só então podemos pensar em ensinar os deficientes a não fazer o que os amigos mandam.  E será que vai ser preciso?

Agora, se nada disso for feito, não culpe ou puna o deficiente. Ele é o menos culpado nessa história. Converse com ele, diga que não pode (repita um milhão de vezes se for necessário). Um dia, ele entenderá.